Jester: A Morte Sorri
Original:Jester
Ano:2023•País:EUA Direção:Colin Krawchuk Roteiro:Colin Krawchuk, Michael Sheffield Produção:Carlo Glorioso, Cory Okouchi, Eduardo Sánchez Elenco:Michael Sheffield, Matt Servitto, Lelia Symington, Delaney White, Lena Janes, Mia Rae Roberts, Sam Lukowski |
Em 2016, Colin Krawchuk dirigiu o primeiro de seus três curtas sobre uma entidade bufonesca que aterrorizava os transeuntes em uma noite de Halloween. Ora, onde teríamos visto isso antes? Sim, a trajetória de Krawchuk e seu ilusionista de terno laranja se assemelha bastante com a de Damien Leone e seu filho prodígio, Art the Clown. No embalo do sucesso de Terrifier, em 2023 tivemos o lançamento de The Jester, levando para as telonas as peripécias da criatura homônima.
Logo na primeira cena temos John (Matt Servitto), um homem claramente atormentado, tentando se reconectar com Emma, a filha que ele aparentemente abandonou. Sem sucesso, ele acaba sendo morto por um homem com máscara de palhaço. No funeral, descobrimos que John teve uma filha em outro casamento, Jocelyn (Delaney White), que tenta criar um vínculo com Emma (Lelia Symington) agora que ambas se tornaram órfãs. No entanto, com a reunião das duas irmãs na noite de Halloween, elas passam a ser perseguidas pelo Jester, a mesma entidade que assassinou seu pai.
Confesso que não tinha conferido os curtas-metragens antes de assistir a Jester: A Morte Sorri (sem comentários para o título em português), então meu primeiro pensamento quando vi o trailer foi “uma cópia xexelenta de Terrifier usando uma máscara igual à de The Black Phone”. A minha surpresa quando assisti aos três (ótimos) curtas foi constatar que o Jester é um personagem muito mais interessante do que parecia. Com movimentos mais sutis e sinistros do que o debochado palhaço Art, o bobo da corte se utiliza de truques de mágica para assustar as pessoas na noite de Halloween, sem nunca apelar para o gore gratuito. Mas alguns curtas jamais deveriam se tornar longas…
Com uma mudança drástica no formato da máscara (originalmente, a máscara do Jester era bem mais simples, com elástico), claramente bebendo da fonte de The Black Phone, a aparência da criatura já se torna excessivamente elaborada, perdendo um pouco da simplicidade que era grande parte do seu charme. Mas se esse fosse o maior dos problemas, estaríamos no lucro. Jester: A Morte Sorri simplesmente ignora tudo que foi bem-feito nos seus predecessores, gastando um tempo enorme desenvolvendo a história cheia de tristeza e culpa das insossas Emma e Jocelyn (que nos entregam atuações sofríveis, diga-se de passagem). O pior é que o roteiro em nenhum momento se decide se o Jester é uma entidade física ou apenas uma manifestação de uma doença mental, então nunca sabemos se os bons (e raros) momentos em que a criatura realmente entra em ação são reais ou apenas metáforas.
Por incrível que pareça, Krawchuk teria tido mais sucesso se fosse pelo caminho mais fácil e apostado em uma imitação mais descarada de Terrifier. Ora, se tivéssemos um slasher com a sutileza sinistra apresentada nos curtas anteriores, apostando em boas cenas de morte envolvendo truques de mágica do ilusionista de cartola, certamente esse seria um dos filmes de horror mais divertidos dos últimos tempos. Infelizmente o diretor quis inventar demais e abdicou das características que tornaram seu produto interessante, nos entregando um filme bobo e esquecível.
Viajei nesse filme. O mascarado aparece do nada e passa a atormentar um grupo de jovens. Seria a coisa uma entidade do mal ou psicopata assassino, ou ainda, algum tipo de demência mental.
Uma decepção para quem esperava algo melhor, como eu. Os curtas metragens são bem melhores.