Sayonara (2021)

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Sayonara
Original:Sayonara
Ano:2021•País:Brasil
Direção:Chris Tex
Roteiro:Reinaldo Guedes
Produção:Chris Tex
Elenco:Samira Hayashi, Jui Huang, Miguel Nader, Chris Tex

Vale a pena se aprofundar no trabalho de Christ Tex, com sua experiência como diretor e roteirista de filmes e séries, além de envolvimento em projetos para a TV e internet. Entre suas criações, está o curta-metragem Sayonara, presente na quarta edição do Festival de Cinema Fantástico de Jacareí. Trata-se de uma produção muito bem realizada, com bons aspectos técnicos, sobre vingança, envolta em sangue e violência.

Ainda que seja uma temática explorada à exaustão, é sempre gratificante acompanhar a saga de uma personagem na apresentação e desenvolvimento de três fases: a vida normal e tranquila, o declínio pelo envolvimento de elementos externos e a volta por cima, quando se alcança o objetivo – vide a literatura de Alexandre Dumas, com O Conde de Monte-Cristo, publicada em 1844. Assim, o diferencial se estabelece na condução, na elaboração da narrativa, na construção de seus personagens e no aguardado revide. Sayonara se sai bem em todos os aspectos.

Na solidão de seu casarão – e que ganha dimensões pela condição da protagonista -, uma jovem (Samira Hayashi) desperta solitariamente, sem disposição, com semblante depressivo. Com hematomas pelo rosto, seus pés tocam levemente um bastão de beisebol, dando-lhe uma breve sensação de força. O celular quebrado mostra o avanço das horas, quando ela se joga na própria piscina. Entre treinamentos e lembranças de seu companheiro (Jui Huang), inicialmente visto em um porta-retrato e depois segurando o bastão na entrada de casa, pode-se imaginar que a garota talvez seja vítima de agressões de um relacionamento possessivo.

O passado retorna nos momentos bons, época em que ela perdia oportunidades pelo trabalho constante no celular. Em um desses exageros de uso, ela quase atropela três homens, pouco interessados em aceitar facilmente as desculpas. “A boneca comprou a carteira?”, diz o gigante Miguel Nader, antes de tocar agressivamente no rosto da jovem e não gostar muito de uma resposta do rapaz. A violência das agressões dialoga com os hematomas vistos no começo e com a visita ao cemitério em uma tarde chuvosa. Logo, ela vai reencontrá-los em um clube de striptease, juntamente com outros rapazes, e vai ter a oportunidade de se vingar.

Brigas bem coreografadas, em um trabalho belíssimo de luzes e condução, a sequência é bem sangrenta, com facadas, garrafadas e pauladas, cabeçadas, corpos atirados e uma bomba escondida numa bola de tênis. Ela também apanha bastante, o que traz alguma preocupação sobre seu destino e pela força física de seus oponentes, mas trata-se de uma obra de vingança e ela precisa se concretizar como o público espera.

Com boas atuações e ótima direção, Sayonara é uma interessante homenagem ao cinema-vingança (Desejo de Matar, Thriller e até Kill Bill atravessam as lembranças entre as cenas). O filme faz parte da programação da Mostra Monstro, e é uma pequena amostra da filmografia divertida de Chris Tex. Se quiser assistir a sua obra-prima, veja sem falta o sensacional curta Wind Princess, também disponível no canal do diretor no youtube. E continue acompanhando-o nas redes sociais.

 

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Sayonara (2021)

  • 05/05/2024 em 14:36
    Permalink

    Obrigado pela crítica!
    Abraços, Miguel Nader

    Resposta

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