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O Intermediário do Diabo / A Troca
Original:The Changeling
Ano:1980•País:Canadá
Direção:Peter Medak
Roteiro:Diana Maddox, William Gray, Russell Hunter
Produção:Garth H. Drabinsky, Joel B. Michaels
Elenco:George C. Scott, Trish Van Devere, Melvyn Douglas Jean Marsh, John Colicos, Barry Morse, Madeleine Sherwood, Helen Burns, Frances Hyland, Ruth Springford, Eric Christmas Roberta Maxwell

Dentre as casas assombradas da América, a mansão Henry Treat Rogers em Cheesman Park, Denver, Colorado, adquire notoriedade por explorar um contexto trágico. Foi lá que o compositor Russell Hunter buscou inspiração para suas músicas e se viu envolvido com manifestações sobrenaturais que o fizeram solicitar uma sessão espírita, resultando em descobertas assustadoras relacionadas às ações de um rico advogado local. Tal fato serviu de inspiração para um dos mais atmosféricos filmes do subgênero, dirigido por Peter Medak, a partir de um roteiro escrito por Diana Maddox, William Gray e apoio do próprio Hunter.

Considerada uma das onze mais assustadoras produções de todos os tempos por Martin Scorsese, o longa conquistou sete prêmios no Canadá e boas críticas positivas. Além dos ótimos aspectos técnicos a começar pela própria moradia e alguns elementos aterrorizantes, O Intermediário do Diabo / A Troca (The Changeling, 1980) figura entre os meus filmes de casas assombradas preferidos. Como fã de terror na adolescência, eu sentia calafrios com a voz da criança captada pelo gravador do músico após a sessão espírita, condicionando a cena como uma das que mais me despertaram pesadelos na juventude.

O filme começa com uma tragédia. De férias com a família, John Russell (George C. Scott) nada pode fazer além de testemunhar a esposa e a filha sendo atropeladas por um caminhão numa estrada de neve. O episódio o faz se mudar para Seatle, distante de recordações, buscando uma residência solitária para continuar seu trabalho como compositor. Aluga uma mansão histórica, desocupada há mais de dez anos, com a corretora Claire Norman (Trish Van Devere), sem se importar com passado e sem conhecer todos os cômodos.

Batidas fortes na madrugada começam a incomodá-lo, acreditando que possam ter relação com o velho encanamento. Daí para encontrar torneiras abertas, perceber um vitral se estilhaçando e a visão de um garoto afogado despontam com um passo macabro no andar superior. Com a orientação fantasmagórica, ele chega a um quarto escondido no sótão, onde há cadeira de rodas infantil, bolinhas e um diário, além de uma caixa de música que toca exatamente a mesma canção que ele compôs recentemente. Intrigado, John aciona Claire para ajudá-lo a descobrir o que teria acontecido no local, encontrando resistência nos arquivos históricos, nos serviços de Minnie Huxley (Ruth Springford), ainda mais quando ele percebe uma conexão com o rico Senador Carmichael (Melvyn Douglas).

Sem alternativas com o material de pesquisa, resta a ele apelar para um contato com o fantasma que habita o lugar, com a realização de uma sessão espírita. É nessa comunicação assombrada que ele encontrará as principais respostas, mas não impedirá outras manifestações como uma insistente bolinha de duas cores e a perseguição da cadeira de rodas, em um dos momentos emblemáticos da produção. Aliás, de acordo com um vídeo dos bastidores da produção, material extra do DVD “Obras-Primas do Cinema“, um historiador diz que realmente Russell Hunter teve um episódio com uma bolinha e se livrou dela como o personagem, encontrando-a novamente na casa.

Ele também traça um paralelo com a história sobrenatural de Denver, com o cemitério que foi transferido, e relatos sobre outros causos relacionados, em um resgate bem completo do passado local. Muitos dos ocorridos no filme foram realmente inspirados nas experiências de Hunter, como é visto na entrevista, com um final, claro, bem típico de uma produção do gênero pela necessidade de uma conclusão satisfatória. Não que isso diminua a qualidade do filme até porque o longa é muito bem realizado, com um excelente trabalho sonoro a cargo de Rick Wilkins.

A direção de Peter Medak (de A Experiência II – A Mutação) é bem acertada, explorando os cantos escuros e sombrios da mansão. A câmera na cadeira de rodas ou a perspectiva na queda da bolinha pela escada mostram a qualidade criativa do cineasta, com o apoio do storyboard. Conta também com a ótima atuação e presença cênica do veterano George C. Scott, de O Exorcista III. Ele deixa evidências da amargura do personagem em acreditar que a criança fantasma possa ser uma comunicação de sua própria filha.

A Troca – prefiro esse título ao terrível O Intermediário do Diabo como foi lançado em DVD – apresenta uma casa assombrada que mais pessoas deviam conhecer. Tem um contexto assustador e elementos apavorantes que tornam a visita mais do que necessária para quem aprecia o subgênero. Não teve a popularidade de Amityville, do Hotel Overlook e nem o movimento das luzes da The Herrmann House, porém desperta terríveis arrepios no lamuriar de uma criança morta.

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2 Comentários

  1. Tem 6 estrelas? Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos e injustamente pouco conhecido!

    1. Este e um dos melhores filmes de casas assombradas já realizados juntamente com the haunting 1963 e a casa de noite eterna 1973

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