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What You Wish For
Original:What You Wish For
Ano:2023•País:EUA
Direção:Nicholas Tomnay
Roteiro:Nicholas Tomnay
Produção:Kevin Chinoy, Francesca Silvestri, Nicholas Tomnay
Elenco:Nick Stahl, Tamsin Topolski, Randy Vasquez, Penelope Mitchell, Juan Carlos Messier, Brian Groh, Ariel Sierra, David Tominaga, Juan Pablo Solano

Escrito e dirigido por Nicholas Tomnay (O Anfitrião Perfeito), What You Wish For é um filme que se arrisca a abordar temas polêmicos e até mesmo tabus, mas se mostra incapaz de explorar as potencialidades dessas polêmicas.

A trama acompanha Ryan (interpretado pelo ótimo Nick Stahl, de What Josiah Saw), um chef talentoso, mas que não conseguiu emplacar a sua carreira. Repleto de dívidas e sem nenhuma perspectiva de futuro, ele aceita o convite de Jack (Brian Groh, de Breaking), um colega que não via há muito tempo, para visitá-lo em um país na América Central, onde Jack vai fazer um trabalho para um grupo de milionários excêntricos.

Antes de os convidados chegarem, Ryan e Jack têm a oportunidade de se reconectar. Eles exploram um pouco da cidade, se relacionam com outros turistas e conversam sobre seus trabalhos. E, por mais que Jack pareça ter o emprego dos sonhos (ele ganha bem e viaja pelo mundo), o sujeito parece infeliz e cansado da sua vida aparentemente perfeita.

Não é muito difícil compreender o motivo para tamanha infelicidade. Jack é um cozinheiro. Ele prepara pratos para pessoas com gostos exóticos. Indivíduos que pagam muito dinheiro pelo serviço dele – muito mais do que um chef renomado costuma ganhar. E eles sempre comem em locais remotos, em países subdesenvolvidos, de onde saem logo em seguida, sem deixar evidências da sua presença naquele local.

Juntando essas informações, o espectador já consegue entender para onde a história está se encaminhando. E é justamente para lá que ela vai. Com exceção de uma mudança que ocorre no roteiro, quando Ryan precisa assumir o cargo de chef, todo o resto do longa é um tanto previsível. Além da previsibilidade, o texto ainda insiste em soluções convenientes, como ao nos apresentar personagens burros e incapazes de enxergar a obviedade daquilo que acontece diante dos seus olhos.

Tais escolhas narrativas se destoam em comparação com outras decisões bem-sucedidas do roteirista, como ao estabelecer detalhes que serão importantes depois (como o relógio de Jack), ou de nos mostrar, na prática, o quanto Ryan é mais habilidoso na cozinha do que seu amigo. Momentos como estes funcionam muito bem, mas são escassos ao longo da narrativa.

Já o diretor Nicholas Tomnay não consegue extrair nenhuma tensão daquela situação. Mesmo os momentos que demandam um clima tenso (como a cena em que Jack é abordado por um policial na rua) são logo resolvidos por um corte brusco que já coloca o personagem em segurança novamente. Da mesma maneira, a chegada de uma conhecida de Ryan durante o jantar não influencia em nada o desenvolvimento da história.

Vale destacar que a produção até tenta explorar a tensão a partir da presença de um detetive que invade o jantar para interrogar os convidados. Mas mesmo essa escolha não funciona tão bem. Falta a Tomnay o controle narrativo que Hitchcock demonstrou em Festim Diabólico, por exemplo. Afinal, ao contrário do clássico estrelado por James Stewart, aqui em nenhum momento você sente que aquele policial está perto de descobrir a verdade – ou mesmo que a presença dele ali represente algum perigo aos demais personagens.

Outro ponto pouco explorado tem a ver com a temática central do longa, aquela presente no título original. É a ideia de que o seu sonho – ou “aquilo que você desejou” – pode eventualmente se transformar no seu pesadelo. A ideia sugerida nesse título faz sentido, afinal sonhos são inalcançáveis. A partir do momento que um sonho se realiza, ele deixa de ser sonho e passa a ser realidade.

Tal discussão, embora interessante, aparece apenas em dois momentos ao longo do filme, no começo e no final. Sim, Ryan começa o filme como um sujeito que inveja o “emprego dos sonhos” do amigo, e passa, ele próprio, a experimentar o pesadelo daquele trabalho, apenas para se tornar o motivo de inveja dos outros. Mas essa trajetória é pouco explorada ao longo da narrativa, e nunca ganha a importância que o título do longa sugere que ela teria.

Em conclusão, What You Wish For é um filme que tinha todos os ingredientes certos, ao tratar de temas polêmicos, propor uma discussão interessante sobre o conflito entre sonhos e realidade, e contar com um ator extremamente talentoso no papel principal. Mas, apesar de tudo isso, o resultado ficou insosso.

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2 Comentários

  1. Nossa! Eu dava três caveiras. Eu gostei dele!

    1. Avatar photo

      Também gostei, mas vi como uma “comédia de erros” quase teatral. Ambientação única e situações constrangedoras, com o protagonista correndo de um lado para outro para evitar que sua falsidade seja descoberta. Também compararia com Festim Diabólico pela intenção de um dos convidados de trazer para perto o investigador. Mas é bem estranho você pensar que uma organização rica como aquela selecionando pessoas em uma igreja e perseguindo-as na rua em céu aberto. Tantas outras formas melhores de conseguir a matéria prima, sem precisar correr esses riscos.

      Apesar dessas facilidades e de não ser um filme de terror, achei até divertido.

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