A Metade Negra
Original:The Dark Half
Ano:1993•País:EUA Direção:George A. Romero Roteiro:George A. Romero, Stephen King Produção:Declan Baldwin Elenco:Timothy Hutton, Amy Madigan, Michael Rooker, Julie Harris, Robert Joy, Kent Broadhurst, Beth Grant, Rutanya Alda, Tom Mardirosian |
Thad Beaumont (Timothy Hutton) é um escritor que, com seu próprio nome, não encontrou o sucesso desejado no mundo literário. Contudo, o que ninguém sabe (além dos editores e sua esposa), é que ele vende livro feito “pão quente” sob o pseudônimo de George Stark, numa série de livros populares e violentos.
O filme se inicia num preâmbulo com Beaumont em sua infância, sendo tomado por terríveis dores de cabeça mas que, por outro lado, possibilitam uma produção literária profícua. Após ser levado ao hospital numa de suas crises, o garoto é operado e é identificado um gêmeo não evoluído presente em seu cérebro!!! Tem até um horrendo olhinho piscando numa cena que, além de desnecessária, não evolui para o desenrolar do filme.
Passado um punhado de anos, as dores continuam e a produção literária também, por meio desse alter ego meio sociopata e sem amarras sociais que, por um problema envolvendo chantagem e uma jogada de marketing arriscada, se desassocia de Thad e inicia uma vingança sangrenta.
É, caro leitor, isso mesmo que você está pensando… cópia ou homenagem à trama de O Médico e o Monstro, clássico escrito por Robert Louis Stevenson em 1886? Contudo, a atualização de Dr. Jekyll e Mr. Hyde não é adaptada da fonte original, mas do livro A Metade Sombria (1989) do mestre Stephen King, que em sua extensa carreira teve muitos altos em adaptações cinematográficas, mas também muitos baixos, como este aqui.
Não li o livro no qual ele é baseado, mas o filme realmente deixa muito a desejar pois, além de King, o roteiro e a direção são de outro mestre, George A. Romero, que infelizmente estava pouco inspirado. Considerado o pai dos filmes de zumbi com A Noite dos Mortos Vivos (1968), é também o diretor de Creepshow (1982), ótima antologia de seis histórias com inspiração em quadrinhos de terror dos anos 50.
O filme A Metade Negra é uma tentativa de estudo da dualidade humana, que poderia ser interessante se houvesse um aprofundamento psicológico e investisse no tom investigativo, mas que se transformou numa mixórdia sobrenatural indigesta, que não faz jus aos talentos envolvidos.
Os atores também não ajudam muito o resultado final, já que Timothy Hutton está desconfortável no papel duplo e o geralmente eficiente Michael Rooker faz um apático xerife Alan Pangborn (personagem este presente em outros romances de King, assim como a cidade de Castle Rock).
Por mais boa vontade com King e Romero, é difícil acompanhar a trama sem novidades, com vários clichês e um final ridículo, que envolve os tais pardais (o pássaro mesmo) que aparecem o filme inteiro e não têm função alguma no contexto.
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