3.4
(19)

Não Fale o Mal
Original:Speak No Evil
Ano:2024•País:EUA
Direção:James Watkins
Roteiro:James Watkins
Produção:Jon Romano, Jason Blum
Elenco:James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy, Alix West Lefler, Aisling Franciosi, Dan Hough

Speak No Evil (2024), é um remake estadunidense de um filme dinamarquês original de mesmo nome lançado em 2022. O novo longa de James Watkins (A Mulher de Preto, Eden Lake) dá um tom “americano” à obra, mas isso não necessariamente significa algo bom.

Uma família está passando férias na Itália e se depara com outra de composição parecida mas, aparentemente, muito mais interessante. Após interações e cada um voltando à vida real, meses depois os Daltons recebem um convite para um final de semana na casa de campo de seus desconhecidos amigos de férias.

Louise (Mackenzie Davis) e Ben (Scoot McNairy) passam por uma crise no casamento. Percebemos nas trocas de olhares uma dinâmica já desgastada, alimentada pelos comportamentos da filha Agnes (Alix West Lefler). Como uma tentativa de resgate e melhora da situação, eles aceitam o convite e partem para uma viagem nada relaxante.

Paddy (James McAvoy) parece um cara receptivo… até demais. Enquanto sua esposa Ciara (Aisling Franciosi) se mostra totalmente dedicada a ele. Ambos apresentam Ant (Dan Hough) uma criança que não fala por uma suposta deficiência de ter a língua mais curta. O que mais tarde descobrimos que não é exatamente isso… Mas tudo aquilo que parecia interessante nas férias, começa a soar estranho.

O longa bate na tecla da passividade e o quanto isso pode nos colocar em situações piores do que imaginamos. Louise e Ben sentem-se desconfortáveis o tempo todo com as investidas, comportamentos, falas e imprudências do outro casal, mas sempre cedem por educação. Ficamos desconfortáveis e questionando a falta de ação, mas não somos impactados como no original.

Pelo filme original ser recente, difícil não comparar. O dinamarquês causa muito impacto devido a todo o contexto sociocultural que faz sentido e cria uma atmosfera certeira, nos deixando com um gosto amargo no seu ápice e final. Já nessa versão americana, o diretor decide seguir um caminho um pouco diferente.

Tudo é explicado várias vezes, deixando claro ao espectador o que está por vir e a suposta motivação dos personagens. Também tenta dar um tom heroico de sobrevivência que em nada condiz com as ações e personalidades do casal Louise e Ben durante toda sua trama.

Se estende demais em nos deixar desconfortáveis e por isso demora a chegar no ápice do seu plot, mas quando chega… em nada nos comove. Nos são jogadas atitudes que nunca convencem, o que faz passar batido um impacto que deveria, mas nunca existiu.

Dito isso, é preciso reconhecer que James McAvoy se mostra mais do que capaz e entregue em sua atuação. É ótimo vê-lo como um vilão, mas parece um desperdício em comparação com quem está contracenando e com o roteiro que lhe foi entregue. Em entrevista ele mesmo diz que preferiu não ver o original para criar sua própria versão, que por si já carrega o filme nas costas… até onde deu pra carregar.

Uma crítica mediante aos nossos comportamentos levados ao extremo, temos repetidamente o foco em como as coisas não estão bem entre os Daltons. Como eles estão presos em sua própria miséria, que é alimentada constantemente, mas ninguém faz nada por uma mudança efetiva. Paddy e Ciara são uma personificação falsa de tudo aquilo que eles não têm e não são, mas possuem o desejo de ser.

As próprias crianças são desperdiçadas como parte da trama. E desperdício não faltou, no próprio trailer já temos tudo entregue onde uma narrativa de surpresa, sem excessiva autoexplicação, faria toda diferença. As perseguições no último ato são cansativas e até um pouco burras. Assim como uma motivação ridícula e clichê apresentada só para não dizer que não houve justificativa alguma.

A versão estadunidense de Não Fale o Mal chega aos cinemas dia 12 de setembro de 2024 e pode agradar aos fãs de terror psicológico que optarem por assistir sem saber nada sobre o filme original. Ou que estão dispostos a ver a nova versão para comparar e criticar com propriedade. James Watkins viu um excelente filme “estrangeiro” e decidiu que deveria trazer essa história em para sua versão que prova que o “jeitinho americano” na maioria das vezes, falha em replicar a qualidade dos originais.

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Média da classificação 3.4 / 5. Número de votos: 19

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6 Comentários

  1. O original é surpreendente…falta ver esse remake…

  2. Filme bom , mas percebe que forçam demais a barra para o protagonismo da mulher em detrimento a lerdeza do homem…no final fica chato a falta de iniciativa do homem….

    1. Avatar photo

      Não entendi o problema, Ivan. Uma mulher não pode ter o protagonismo? É difícil assim imaginar que um homem pode ser “lerdo”?

  3. Ficou ótima essa refilmagem, uma grande surpresa, é bem tenso. e com boas atuações.

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