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Colheita Maldita: Fugitivos
Original:Children of the Corn: Runaway
Ano:2018•País:EUA
Direção:John Gulager
Roteiro:Joel Soisson, Stephen King
Produção:Michael Leahy
Elenco:Marci Miller, Jake Ryan Scott, Sara Moore, Mary Kathryn Bryant, Lynn Andrews III, Kevin Harvey, Diane Ayala Goldner, Eric Starkey, Sidney Flack, Debbi Tucker, Daria Balling, Clu Gulager, Molly Nikki Anderson

A influência d”aquele que anda por detrás das fileiras” foi fundamental para que se produzissem mais filmes do que o necessário, confundindo o espectador entre as sequências, ainda mais se levar em consideração que, no caminho, há uma refilmagem, Colheita Maldita, de 2009 – isso sem mencionar a de 2020. Assim como aconteceu com Colheita Maldita: Gênesis, de 2011, fica a dúvida sobre onde encaixar Colheita Maldita: Fugitivos (Children of the Corn: Runaway, 2018): um segundo filme da nova franquia? O oitavo exemplar após Colheita Maldita: A Revelação ou um décimo, contando todos? O que importa é que a Dimension Films tinha obrigação contratual de produzir sequências para não perder os direitos sobre a franquia, mesmo que seja fazer um Colheita Maldita: Qualquer Coisa

Fugitivos até que tem uma ideia curiosa, um pouco diferente, como aconteceu com Gênesis. No final do original – fica a seu critério decidir se é o de 84 ou o de 2009 -, as crianças que seguiam o demônio das fileiras incendiaram o milharal de Gatlin, Nebraska, em busca de seguir seus próprios caminhos. Uma dessas crianças é Ruth (Marci Miller, parecida com a Amy Steel de Sexta-Feira 13 – Parte 2), que, grávida, voltou-se contra a entidade e os preceitos que envolviam o culto, como o de não permitir que os mais velhos fizessem parte, e fugiu do local.

Treze anos depois, ela continua na estrada, morando em uma camionete com seu filho Aaron (Jake Ryan Scott), caçando empregos temporários e vendendo sucata. É tudo o que o garoto não quer, sem a possibilidade de estudar como um jovem comum, ter amigos. Chegam a uma cidadezinha em Oklahoma chamada Luther, depois que o veículo é apreendido pela polícia pela ausência de licença e registro da motorista. Sem alternativas, Ruth se vê obrigada a se estabelecer por lá, arrumando um emprego como ajudante do mecânico Carl (Lynn Andrews III), enfrentando o preconceito dos locais, como a Sra. Dawkins (Diana Ayala Goldner), e fazendo amizade com a garçonete Sarah (Mary Kathryn Bryant).

Contudo, Ruth continua atormentada pelo passado. É assombrada por pesadelos de sua infância no milharal diante do “homem azul” e por visões de crianças assassinando adultos, como acontece no próprio restaurante de Sarah, num interessante diálogo com a primeira matança em Gatlin. E o receio de ser encontrada pelo culto se amplia com a aparição constante de uma menina de vestido amarelo e olheiras fundas, creditada como Pretty Girl (Sara Moore), que, de apenas observadora, logo se transforma em uma assassina, fazendo vítimas ao mesmo tempo que mantém a graciosidade de um rosto aparentemente ingênuo.

Até as coisas começarem a esquentar, ou pelo menos ficarem ao menos mornas, tudo é conduzido de maneira lenta no desenvolvimento das personagens. A fotografia bem cuidada, com uma paleta de cores alegres e agradáveis, é mantida até mesmo nas sequências oníricas e de assassinato. E o roteiro, de Joel Soisson (que dirigiu Colheita Maldita: Gênesis), tenta aproveitar essa confusão entre sonho e realidade para não facilitar a compreensão do que está acontecendo: aqueles corpos encontrados por Ruth na casa são do passado ou visões do futuro? Em dado momento, a garota chega a flagrar o próprio filho com outras crianças, incluindo a Pretty Girl, brincando com a carcaça de um animal, para logo depois o garoto aparecer sem vestígios de sangue e dizer que a estava procurando.

E quando as perguntas começam a se acumular – seria a Pretty Girl a própria Ruth? Ela existe? -, surge uma revelação sobre a presença de uma outra pessoa também do passado da protagonista, mas que mantém um vínculo com suas origens, embora seja mais velha. É aquela típica coincidência narrativa para deixar uma falsa impressão de surpresa, apesar de não fazer o menor sentido.

John Gulager, da trilogia Banquete do Inferno, faz um bom trabalho na direção. Só não se saiu bem na sequência do restaurante, filmado em câmera lenta para destacar o sangue digital sendo espirrado. E teria um resultado ainda melhor se não tivesse tantas cenas de pesadelo e alucinações de Ruth, e explorasse mais cenas noturnas e assassinatos violentos, além da fotografia em preto e branco.

Colheita Maldita: Fugitivos é até superior a boa parte das continuações pela qualidade técnica e ideia diferente. Poderia ter o ponto final de uma série que não tinha porque ter ido tão longe. Logo depois do lançamento deste filme, Stephen King readquiriu os direitos sobre a franquia como forma de proteção do material original. Não adiantou muito, pois dois anos depois seria feito um novo Children of the Corn, desta vez sob o comando de Kurt Wimmer. Pelo visto, muita coisa ainda vai acontecer por detrás do milharal…

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