The Moon - Sobrevivente
Original:Deo mun / The Moon
Ano:2023•País:Coreia do Sul Direção:Kim Yong-hwa Roteiro:Kim Yong-hwa Produção:Seo Ho-jin Elenco:Sul Kyung-gu, Do Kyung-soo, Kim Hee-ae, Jo Han-chul, Amy Aleha, Park Byeong-eun, Choi Byung-mo, Jonathan Ehren Groff, Paul de Havilland, Daniel C Kennedy |
Assistir a produções fora do universo hollywoodiano tem se mostrado uma ótima pedida, desde que esse cinema seja autoral, tenha personalidade e respeito ao país de origem. Por essas razões que gosto de acompanhar filmes espanhóis, mexicanos, tailandeses, brasileiros e de qualquer outra nacionalidade, quando estas se esquivam das fórmulas pré-estabelecidas pelo cinema norte-americano. Não é o caso, infelizmente, do sul-coreano The Moon – Sobrevivente (Deo mun, 2023), uma ficção científica dramática (ou um drama com elementos de ficção científica) que bebe da fonte de vários exemplares do cinema-catástrofe, incluindo seus clichês e falhas estruturais, e ainda reserva uma puxação de saco desnecessária. Embora seja de 2023, o filme está chegando hoje aos cinemas brasileiros, com distribuição da Sato Company.
A primeira missão sul-coreana à Lua falha tragicamente com a morte de seus tripulantes. Cinco anos depois, em 2029, uma nova missão é organizada para que a Coreia entre no radar das nações que investem em exploração espacial, mas, devido à forte pressão do vento solar, dois dos três astronautas, Lee Sang-won (Kim Rae-won) e Cho Yoon-jong (Lee Yi-kyung), morrem no espaço, restando apenas o jovem Sun-woo (Doh Kyung-soo), sem conhecimento suficiente (hein?) para retornar à Terra em segurança. Para trazê-lo de volta, exatamente pelo desenvolvimento da operação, a NASA coreana pede ajuda para o ex-diretor administrativo Kim Jae-guk (Sol Kyung-gu), que tem ocupado seu tempo com caça a javalis depois de ter sido praticamente cancelado pelo fracasso anterior. Sim, você pode substituir Kim por diversos outros atores americanos que também tiveram sua chance de redenção para salvar o mundo, como Gerard Butler (Tempestade: Planeta em Fúria, 2017) e Patrick Wilson (Moonfall: Ameaça Lunar, 2022)…
No entanto, Sun-woo está receoso em aceitar a ajuda de Kim porque o pai dele era o diretor administrativo da missão anterior e, devido à tragédia, acabou se suicidando. Assim, Kim precisa enfrentar a desconfiança do astronauta e seus superiores, principalmente depois que o jovem resolve descer na Lua para finalizar a exploração. Tudo parece caminhar bem, com a coleta de materiais do solo e bandeira afixada, até a Lua passar a enfrentar quedas de meteoros (pequenos estouros) e os equipamentos e a nave dificultarem sua intenção de retorno. Além de Kim, será preciso a ajuda da NASA, desde que a ex-esposa de Kim consiga convencer a administração, através de astronautas numa missão espacial próxima.
Visualmente deslumbrante e tecnicamente muito bem realizado, The Moon – Sobrevivente, de Kim Yong-hwa, exibe suas falhas no roteiro esquematizado e sem surpresas. Traz erros bobos, como explosões no espaço, ausência de gravidade na Lua, o astronauta que machuca o rosto sem quebrar o capacete ou tem ferimentos no braço sem rasgar a roupa, e ideias difíceis de engolir, como o drone que suporta um peso absurdo e as filmagens em ótima qualidade na Terra, mesmo com todos os equipamentos quebrados. E ainda propõe uma ideia final absurda – SPOILER – sugerindo que a NASA conseguiu pousar na Lua somente para resgatar o astronauta coreano, mas nunca quis retornar ao local em outras oportunidades que teve. – FIM DO SPOILER.
É claro que o filme possui alguns atores que não são coreanos no elenco, mas por que escalaram o canastrão estereotipado Paul de Havilland como diretor na NASA? Não tinha ninguém melhor para a função? Já o restante do elenco está bem, destacando Sul Kyung-gu, de Memórias de um Assassino, 2017. Bem expressivo e carismático, soube carregar bem a emoção de seu personagem, principalmente na sequência em que faz uma confissão ao mundo.
Ao final de suas mais de duas horas de duração, The Moon – Sobrevivente se apresenta pouco inovador e sem personalidade, reciclando ideias e com um discurso ufanista, comum no ocidente, sobre a Lua não ter dono e blá blá blá. É muito pouco para um cinema que já soube apresentar conteúdos profundos e diferenciados.