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O Júri
Original:Runaway Jury
Ano:2003•País:EUA
Direção:Gary Fleder
Roteiro:Brian Koppelman, David Levien, Rick Cleveland, Matthew Chapman, John Grisham
Produção:Gary Fleder, Christopher Mankiewicz, Arnon Milchan
Elenco:John Cusack, Gene Hackman, Dustin Hoffman, Rachel Weisz, Bruce Davison, Bruce McGill, Jeremy Piven, Nick Searcy, Stanley Anderson, Cliff Curtis, Nestor Serrano, Leland Orser, Jennifer Beals

Com a notícia da morte trágica de Gene Hackman, procurei reverenciar esse grande ator revendo algum de seus filmes. Com uma filmografia vasta em que percorre quase todos os gêneros (fez de clássicos modernos com seu nome estampado como protagonista absoluto até participações em filmes de outros astros para garantir o seu ganha pão), sempre teve uma presença magnética e interpretações não menos que excepcionais.

Tendo em vista que o ator estava aposentado há mais de 20 anos, as novas gerações devem ter dificuldade em reconhecer o seu imenso talento, motivo pelo qual resolvi reassistir e escrever sobre O Júri, disponibilizado na Netflix, que foi o seu penúltimo papel antes da aposentadoria.

Trata-se de um ótimo suspense de tribunal baseado no romance de John Grisham e bem defendido por um time estrelado de atores como John Cusack, Rachel Weisz e Dustin Hoffman. A trama mostra um julgamento da indústria de armas em que uma dupla tentar influenciar os jurados e vender um veredito. É um filme quadradinho, mas super competente, com um bom roteiro, ótimos atores, uma pegada de suspense constante e até certo ponto, um final imprevisível.

Este é um exemplo do suspense mainstream bem acabado produzido nas décadas de 1990 e 2000, com um orçamento alto para produção e excelentes atores envolvidos em longas para o cinemão ianque cujo único objetivo era entreter. Neste caso, temos um temperinho a mais pois, além de cumprir com o objetivo de divertir durante duas horas, há uma mensagem bastante importante que merece atenção: a responsabilidade da indústria das armas sobre os produtos que fabrica. Não espere uma tese sobre o tema, mas a discussão é sempre bem-vinda.

Quem já assistiu outros filmes baseado na obra da John Grisham sabe exatamente o que esperar, ou seja, thrillers com temas jurídicos, personagens unidimensionais, algum comentário social e um enredo com muita tensão e suspense, a exemplo de A Firma (1993) e Tempo de Matar (1996). O Júri segue essa mesma cartilha com competência e desenvoltura, merecendo ser redescoberto pelas novas plateias.

Tem um clichê aqui e outro acolá (a perseguição-corrida do mocinho atrás do capanga é um exemplo), contudo, quando Gene Hackman aparece, tudo é perdoado. Posso ter assistido com uma pontada de sentimentalismo e desligado parte do meu senso crítico, motivo pelo qual deixo antecipadamente as minhas desculpas aos leitores que se aventurarem por O Júri e eventualmente não gostarem.

Por fim, quem quer conhecer um pouco mais o trabalho de Gene Hackman, indico fortemente alguns longas que, na minha opinião, mostram o astro em plena forma além de serem filmaços:

Operação França (1971) – Icônico filme policial dirigido por William Friedkim cuja continuação de 1975 é tão boa quanto este. Estética anos 70 a serviço de um personagem emblemático, cheio de defeitos e problemas. Garfou o Oscar de melhor ator vivendo o policial protagonista e virou ícone da década.

A Conversação (1974) – União dos talentos de Francis Ford Coppola e Gene Hackman para contar a história de um especialista em vigilância que descobre uma trama que poderá acarretar num assassinato. Thriller conspiratório ganhador da Palma de Ouro em Cannes.

Superman (1978) – Lex Luthor!  Para quem assistiu o filme e saiu acreditando que um homem poderia voar, Gene Hackman foi o contraponto perfeito ao herói de Christopher Reeve (até hoje a melhor versão do Superman) e nos presenteou com uma das melhores performances de um vilão de quadrinhos.

Mississipi em Chamas (1988) – Dois agentes do FBI vão ao Mississipi investigar o desaparecimento de ativistas dos direitos civis. Libelo contra o racismo, um excelente filme policial e uma dobradinha fantástica com Willem Dafoe.

Os Imperdoáveis (1992) – Clássico absoluto dirigido e estrelado por Clint Eastwood, obrigatório para quem gosta de cinema. Hackman arrasa no papel de um xerife sádico (ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante) deste western crepuscular, que também levou o Oscar de melhor filme.

Maré Vermelha (1995) – Tenso thriller passado num submarino americano onde dois oficiais discordam sobre o uso de armas nucleares. Excelente suspense do saudoso Tony Scott com Denzel Washington.

Os Excêntricos Tenenbaums (2001) – Para quem aprecia o estilo do diretor Wes Anderson, esta é uma de suas melhores dramédias, com Hackman interpretando o patriarca de uma família disfuncional.

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