![]() A Linha da Extinção
Original:Elevation
Ano:2024•País:EUA Direção:George Nolfi Roteiro:John Glenn, Jacob Roman, Kenny Ryan Produção:Alex Black, Brad Fuller, John Glenn, Anthony Mackie, George Nolfi, Natalie Sellers, Elenco:Anthony Mackie, Morena Baccarin, Maddie Hasson, Danny Boyd Jr., Rachel Nicks, Shauna Earp, Tyler Grey, Mike Hickman, Ian Hummel, Dave Malkoff, Drexel Malkoff, Joel Viertel |
Já se tornou possível criar um subgênero específico para produções que envolvem sentidos e condições. Existem desde os primórdios do terror, até porque poderíamos colocar nessa lista obras do expressionismo alemão e do cinema mudo, porém, com a virada do milênio, elas foram novamente resgatadas e produzidas aos montes. Para entender o estilo, é só lembrar de alguns exemplares mais conhecidos e recentes como Hush – A Morte Ouve e O Homem nas Trevas (audição e visão), Um Lugar Silencioso e O Silêncio (audição), Bird Box (visão) e as que envolvem monstros ou assombrações que só aparecem em situações específicas: a série From / A Origem e Eu Sou a Lenda (à noite), O Grito (casa), The Rain (chuva)…entre tantos outros como os slashers da tendência “Don´t” e os que mostram que regras devem ser seguidas para a sobrevivência. A proposta de A Linha da Extinção (Elevation, 2024) é ainda mais curiosa por envolver uma condição ainda mais atípica e inexplicável.
Criaturas subterrâneas, apelidadas de “ceifadores“, emergiram de sumidouros para eliminar 95% da população mundial, restando apenas aqueles que perceberam que elas não atacam qualquer coisa acima de 8000 pés, quase 2 kms e meio. Assim, três anos após o surgimento dos monstros, os sobreviventes residem em montanhas, traçando uma linha de segurança, evitando enfrentá-las pela pele que possuem, extremamente resistente a armas de fogo. É nesse cenário bucólico que vive a comunidade de Lost Gulch, nas montanhas do Colorado, com destaque para o viúvo Will (Anthony Mackie, o novo Capitão América), cujo filho Hunter (Danny Boyd Jr.) sofre de problemas respiratórios, precisando todas as noites de uma máquina com filtro de oxigênio, além da ex-física e persistente Nina (a nascida brasileira Morena Baccarin) e a jovem Katie (Maddie Hasson).
Quando os filtros do garoto acabam, o pai não vê alternativas além de descer até um hospital para buscá-las, convidando para a aventura Nina, determinada a encontrar um meio de matar os monstros por se sentir responsável pela morte de Tara (Rachel Nicks), esposa de Will. Tim (Tyler Grey) prepara as armas que serão levadas com o propósito de retardar as criaturas, enquanto Hannah (Shauna Earp) se oferece para cuidar de Hunter. Enquanto Will faz um plano que evite descer o mínimo possível, passando por um trecho de teleféricos e adentrando uma velha mina, Katie parte com a dupla, em constante desentendimentos com Nina.
A partir daí, um survival horror B tem início, em cenários florestais pós-apocalípticos, e os três aventureiros enfrentando desafios pelo caminho. Apesar da ameaça dos monstros, com aparência de um lagarto pré-histórico, com iluminação avermelhada e tentáculos, eles só aparecem em mais de um exemplar no clímax; até então, é visto um por cena, seja na sequência de tensão no teleférico ou na perseguição no interior da mina. É neste ponto que é possível traçar um paralelo com Guerra dos Mundos (livro, filme de 1951, filme de 2005): escondidos em um buraco na caverna, as criaturas (que curiosamente também emergiram do solo) rastreiam a presa com o tentáculo, obrigando-os a prender a respiração para não serem encontrados pelo CO2.
Will quer trazer mais refis para salvar seu filho, e Nina planeja retornar ao seu laboratório para fazer mais testes que possam desenvolver uma bala capaz de penetrar a carcaça dos monstros. Já Katie está apenas entediada, sem nunca sequer ter visto um monstro pessoalmente. Ao infernauta, resta apenas a proposta de um entretenimento embebido em clichês, até porque é possível antecipar todos os caminhos do roteiro preguiçoso de Kenny Ryan, Jacob Roman e John Glenn, com suas facilidades e explicações vazias – a cena que aparece no meio dos créditos é o maior exemplo de “qualquer coisa a gente culpa a origem dos bichos dessa forma“. Em outras palavras, as coisas são assim porque são e vão ajudar a divertir o público.
Um sci-fi sem muito esforço, com duração comum, e poucos personagens, é possível, sim, curtir A Linha da Extinção como um filme de monstros feito à luz do dia. Os efeitos são até aceitáveis, ainda que a ameaça não traga nada de novo na filmografia do estilo. O tom apocalíptico e o carisma de Morena Baccarin podem ajudar em uma avaliação positiva, mas o filme tende a ser esquecido poucos dias depois.