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O Monstro do Pântano
Original:Swamp Thing
Ano:1982•País:EUA
Direção:Wes Craven
Roteiro:Wes Craven
Produção:Benjamin Melniker, Michael E. Uslan
Elenco:Louis Jourdan, Adrienne Barbeau, Ray Wise, David Hess, Nicholas Worth, Don Knight, Dick Durock, Al Ruban, Ben Bates, Nannette Brown, Mimi Craven, Reggie Batts

“Não muito tempo atrás, nos confins inexplorados de um pântano não mapeado, o gênio criativo de um homem colidiu com o sonho maligno de outro e um monstro nasceu. Poderoso demais para ser destruído, inteligente demais para ser capturado, esse ser ainda persegue seu sonho selvagem”.

Desenvolvido por Len Wein e inicialmente pelo artista Bernie Wrightson, com aparição inicial em House of Secrets #92 (julho de 1971), O Monstro do Pântano é um elo entre os heróis da DC e o horror. Embora tenha sua gênese nos anos 70 em diversas publicações, foi nos idos dos 80 que os quadrinhos alcançaram seu ápice popular com o envolvimento de Alan Moore, Stephen Bissette e John Totleben. E Wes Craven teve uma parcela de responsabilidade na popularidade do personagem, quando ainda buscava um sucesso que o afastaria de um diretor de um cinema cru e violento para o de um com reconhecimento que permitisse trabalhar em seus próprios conceitos, como o vindouro A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984).

Teve um orçamento razoável, mas adequado para os padrões do cineasta, US$2,5 milhões, e contou com o protagonismo da carismática scream queen Adrienne Barbeau. Apesar do desenvolvimento simples, O Monstro do Pântano recebeu boas críticas e teve uma boa movimentação entre as mídias domésticas. Serviu tanto para Wes Craven quanto para Alan Moore atrair olhares para a criatura que habita os pântanos, popularizando as HQs, além de trazer uma necessária mensagem ecológica, uma vez que a “coisa do pântano” é uma mistura de matéria animal e vegetal e que busca proteger a natureza contra ameaças da modernidade, de militâncias que desejam ampliar seus horizontes científicos e cientistas loucos com interesses de mudar o mundo.

Fora de seu habitat, a funcionária pública Alice Cable (Barbeau) aterrissa nos pântanos para substituir um outro que teria sido morto por crocodilos enquanto participava de um projeto ultrassecreto de bioengenharia no laboratório local. Ela percebe a falha em um dos sensores e se aproxima do cientista Dr. Alec Holland (Ray Wise), que, com a ajuda da sua irmã Dra. Linda (Nannette Brown), desenvolve experimentos para a multiplicação de alimentos com mistura de matérias e explosivos a partir de vegetais, sem saber que seus trabalhos atraem o interesse do rico militar Anton Arcane (Louis Jourdan), com intenções de roubar a descoberta.

Enquanto Alice, como a garota da cidade, mostra-se fascinada pelos pântanos e por Dr. Alec, Arcane organiza uma militância para invadir o laboratório, contando com capangas como Bruno (Nicholas Worth) e Ferret (David Hess, o Krug de Aniversário Macabro). Durante a invasão, a equipe é assassinada, à exceção de Linda, que se esconde nas matas, e do Dr. Alec, que tropeça em sua fórmula derrubando-a sobre si e se atira em chamas no pântano. Sua criação já havia mostrado que em locais onde teve contato houve o crescimento de vida vegetal, o que irá fundir seu corpo com plâncton e com o próprio pântano para a composição de um ser humanoide, esverdeado e consciente, a tal “Coisa do Pântano“.

Arcane e seu grupo militar destroem as evidências e assassinam as testemunhas, sem perceberem que Alice fugiu com o caderno que traz as fórmulas. Assim, os bandidos partirão para uma busca pelos pântanos para encontrar a fugitiva, tendo problemas com uma criatura extremamente resistente e que irá aos poucos revelar sua identidade. Além do Monstro, Alice terá a ajuda de um jovem frentista, Jude (Reggie Batts), e tentará proteger os experimentos, sendo constantemente perseguida no local.

Mesmo com todo o material dos quadrinhos, o live action inicial do Monstro do Pântano não consegue ser mais do que apenas um filme de monstros. Com maquiagem que remete aos quadrinhos e com a ótima performance de Dick Durock, o longa conta com diálogos muito bem desenvolvidos por Wes Craven em sua narrativa simples. Perde pontos no terceiro ato com o despontar de “outras criaturas“, lembrando que se trata de um Filme B com envergadura para o trash. Consciente da inspiração, Craven acrescenta cortes estilosos entre as cenas como se fossem páginas viradas das revistas em quadrinhos, o que funciona bem para a proposta, e acrescenta a tradicional cena em que o monstro carrega a donzela no colo, clichê do universo dos monstros fantásticos, também utilizada em algumas capas e nos quadrinhos.

Há também as tradicionais doses de humor, principalmente com o personagem Jude, através de diálogos bem afiados e divertidos. É claro que Craven também coloca algumas frases poeticamente cafonas, funcionais nas HQs, mas que soam estranhas no filme: “Um homem que ama é refém da fortuna” e “Tudo é um sonho quando você está sozinho.“. E há momentos curiosos como a cena em que, sem um braço, o Monstro do Pântano é aconselhado a tocar num raio solar para se reenergizar; e quando utiliza o poder de reviver pessoas mortas como um fator-cura; e a versão do capanga Bruno, que, ao tomar a mesma fórmula se transforma em um monstrinho anão: “A fórmula apenas amplifica sua essência. Simplesmente faz de você mais do que você já é.

Sofrendo alguns cortes que incluíam uma maior cena de nudez de Adrienne Barbeau e distante do que pretendia Wes Craven, ao final, O Monstro do Pântano se mostra adequado como adaptação pelo orçamento limitado e que impediu filmagens mais ousadas. Vale a pena conhecê-lo, seja nos pântanos dos quadrinhos ou em sua versão em vídeo. Foi seguido pela continuação A Volta do Monstro do Pântano (The Return of Swamp Thing, 1989), por duas séries em 1990 e mais outra em 2019, mostrando o potencial criativo da criatura verde.

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1 comentário

  1. Gosto muito desse filme, apesar de não ser um grande fã de filmes de super-herois (ou talvez justamente por causa disso). Aliás, que coincidência vocês publicarem ele justamente hoje, quando eu comprei os dois volumes do Monstro do Pântano da Coleção de Graphic Novel da DC Comics.

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