![]() Monstro do Pântano
Original:Swamp Thing
Ano:2019•País:EUA Direção:Deran Sarafian, Len Wiseman, Carol Banker, Greg Beeman, Toa Fraser, Michael Goi, E.L. Katz, Alexis Ostrander Roteiro:Gary Dauberman, Mark Verheiden, Mark Verheiden, Conway Preston, Franklin jin Rho, Tania Lotia, Noah Griffith, Rob Fresco, Doris Egan, Erin Maher, Kay Reindl Produção:Terry Gould Elenco:Crystal Reed, Virginia Madsen, Andy Bean, Derek Mears, Henderson Wade, Maria Sten, Jeryl Prescott, Will Patton, Kevin Durand, Jennifer Beals, Selena Anduze, Ian Ziering, Given Sharp, Elle Graham, Al Mitchell, Leonardo Nam, Dorothy Recasner Brown, Michael Beach, Macon Blair |
Há algo de estranho nos pântanos de Marais, Louisiana, e que resultou na confecção de uma criatura humanoide, no interessante encontro entre o universo de heróis e vilões da DC Comics, e o horror. Mas mais estranho do que a presença desse ser elemental em um habitat naturalmente assustador foi descobrir que a melhor adaptação do personagem, concebido por Len Wein e pelo artista Bernie Wrightson, não teve uma sobrevida. A série, lançada em 2019, não apenas dialogou de maneira eficiente com os quadrinhos, principalmente após a influência de Alan Moore, como é muito bem realizada, com uma trama digna do produto original e excelentes efeitos especiais, culminando no melhor produto a ganhar live action da DC. Contudo, apesar das críticas positivas e da boa audiência, antes da série terminar sua exibição oficial, já havia o anúncio de seu cancelamento por razões obscuras que envolviam “diferenças criativas“. O apelo dos fãs nas redes sociais com a #saveswampthing não foi suficiente para o Monstro do Pântano ganhar força para retornar a televisão, o que é profundamente lamentável.
Desenvolvida por Gary Dauberman e Mark Verheiden, com produção da Atomic Monster e Warner Bros. Television, a série teve o primeiro episódio exibido dia 31 de maio de 2019, com a direção de Len Wiseman (de Anjos da Noite, 2003). Nos pântanos de Marais, três homens foram contratados para soltar caixas de acelerador mutagênico no local, mas dois deles são mortos pelas plantas, já evidenciando os bons efeitos e os elementos de horror, presentes em toda a série. A filha do sobrevivente, Susie (Elle Graham), contrai uma estranha doença, o que chama a atenção da CDC (Centro de Controle de Doenças) e da médica Abby Arcane (Crystal Reed, de A Casa do Medo: Incidente em Ghostland, de 2018), que fugiu da região, após a morte da amiga, filha do rico empresário Avery Sunderland (Will Patton, como sempre excelente) e da esposa Maria (Virginia Madsen, de O Mistério de Candyman, 1992).
Em seu retorno, ela reencontra o amigo de infância e agora policial Matt Cable (Henderson Wade) e conhece o biólogo Alec Holland (Andy Bean, de It: Capítulo 2, 2019), que faz experimentos no pântano, estudando casos de mutagênicos, além de rever a conhecida repórter Liz Tremayne (Maria Sten). Apesar da aproximação de Abby, Alec resolve investigar mais a fundo o que acontece no pântano e é assassinado, com o corpo sendo salvo pelas plantas até ser trazido de volta como o Monstro do Pântano (Derek Mears, o Jason Voorhees da refilmagem de Sexta-Feira 13, 2009). O segundo episódio, também comandado por Wiseman, mostra Abby tentando descobrir o paradeiro de Alec, enquanto investiga uma estranha conexão de Susie com o pântano, e uma estranha criatura esverdeada que ela viu no local. Chegam à Marais o biogeneticista Jason Woodrue (Kevin Durand, de Locke & Key, Abigail e Planeta dos Macacos: O Reinado, mostrando versatilidade como ator) e sua esposa, Caroline (Selena Anduze), que sofre de alzheimer, motivando seus experimentos. Quando Susie foge do hospital para os pântanos, ela é perseguida por um dos capangas de Avery, Munson (Micah Fitzgerald), e é salva por Alec, que se revela como o falecido cientista.
Deran Sarafian dirige o terceiro episódio, em que Abby finalmente descobre que o Monstro é Alec. Ele a salva do ataque de um Munson desperto por insetos, numa interessante concepção de vilão, com elementos aterrorizantes. Também agregam uma atmosfera de terror a busca de Maria pela Madame Xanadu (Jeryl Prescott), uma feiticeira cega da mitologia arturiana, conhecida do universo da DC. Maria tem intenção de se comunicar com a filha morta, Shawna (Given Sharp), mesmo com os avisos da bruxa, e ela aparecerá como uma assombração, típica de uma produção fantasmagórica. Ela contará a mãe que o pai é infiel, ainda sem que ela saiba que Avery mantém uma relação às escondidas com a chefe de polícia Lucilia (Jennifer Beals). Outro personagem dos quadrinhos que irá se revelar nesse episódio é Daniel Cassidy (Ian Ziering, da franquia Sharknado), conhecido como Demônio Azul, e que atuava como dublê de um ator da televisão e é amaldiçoado a ficar preso em Marais até adquirir seus poderes em um pacto.
O quarto episódio tem o comando de Carol Banker, e apresenta uma nova ameaça ao local: um cadáver encontrado no pântano transmite uma doença que se espalha por contato de sangue e que traz alucinações como a do filme O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes, 1985), afetando o pai de Liz, Lucilla e posteriormente Abby. No quinto, um outro personagem da DC Comics é apresentado: o Vingador Fantasma (Macon Blair) surge como um confidente misterioso conversando com o Monstro do Pântano e posteriormente com Daniel, trazendo dicas sobre fantasmas do passado e com visões do futuro. Nesse episódio, o destino de Shawna é revelado, e Jason finalmente descobre que uma criatura ronda os pântanos e pode ajudar nos experimentos de cura de doenças degenerativas.
No episódio sexto, mais revelações são apresentadas: como Daniel ficou preso em Marais e quem matou Alec, atirando nele em sua queda no pântano. E nele Jason começa a sugerir ações para capturar o Monstro do Pântano para desenvolver suas pesquisas. E Alec faz despertar uma flor em sua mão, capaz de trazer uma alucinação temporária e permitir que Abby o veja novamente em sua forma humana. Ele diz a ela que a força que comanda a natureza está toda conectada e é chamada por ele de Verde, mas também há um lado obscuro, com intenções malignas, chamado Escuridão. E essa entidade que quase afeta Avery, quando ele sofre um atentado no pântano, numa espécie de queima de arquivo, sendo salvo pelo Monstro. A verdadeira tentativa de captura do Monstro acontece no oitavo episódio, comandado por E. L. Katz, para no nono Abby tentar um resgate com a ajuda de Liz, tendo a primeira aparição do Demônio Azul. Para quem assistiu ao longa de Wes Craven, aqui há uma interessante participação de Adrienne Barbeau, no papel de doutora Palomar, em um resgate bem interessante da scream queen oitentista.
A revelação sobre a estrutura do corpo do Monstro do Pântano segue bem parecida com a dos quadrinhos, na direção de Michael Goi. A revelação traz a decepção do herói, aceitando sua condição pós-morte, sem chances de uma cura. Mas a ajuda de Abby será fundamental para que ele consiga se reerguer e enfrentar os inimigos, como os soldados que tentarão matá-lo no décimo e último episódio, dirigido por Deran Sarafian. É claro que os fãs mais fervorosos do personagem dos quadrinhos imaginava que o combate final seria entre o Monstro do Pântano e o Homem Florônico, algo que ficou faltando nos filmes, e que traria possibilidades interessantes. E isso acontece exatamente nos pós-créditos, numa aparição que provavelmente seria o pontapé principal da segunda temporada, se ela fosse realizada.
Com excelente fotografia, ótimas atuações e efeitos impressionantes, Monstro do Pântano deve ter sido bem aceito pelos fãs dos quadrinhos e pelos fãs de horror, por toda a sua concepção assustadora, algo que nem Wes Craven conseguiu reproduzir adequadamente. A série foi bem na fotografia, direção de arte e até trilha sonora, destacando a fantástica abertura que estabelece a relação entre Marais e o pântano. Mas nada se compara à concepção visual do personagem-título, numa boa maquiagem e roupas, e também como personagem, no seu contato com a natureza, fazendo crescer plantas e utilizar cipós e plantas para atacar seus inimigos.
Embora tenha sido cancelada, mesmo que você não seja fã de quadrinhos ou conheça o personagem, quando tiver uma oportunidade com a exibição em algum streaming, não deixe de assistir a um adaptação muito bem feita, atmosférica e aterrorizante: o melhor caminho para conhecer os pântanos de Marais e a criatura que ali habita.