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Superman
Original:Superman
Ano:2025•País:EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia
Direção:James Gunn
Roteiro:James Gunn
Produção:James Gunn, Peter Safran, Galen Vaisman
Elenco:David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult, Alan Tudyk, Grace Chan, Bradley Cooper, Angela Sarafyan, Michael Rooker, Pom Klementieff, María Gabriela de Faría, Sara Sampaio, Tatiana Piper, Stephen Blackehart, Giovannie Cruz, Bonnie Discepolo, Terence Rosemore, Natasha Halevi

Quando você olha para o céu, questiona se é um pássaro ou avião e descobre que se trata do Superman, qual você tem em mente? Nessa questão, pode-se discutir não apenas a roupagem, se a cueca vem na frente ou atrás das calças, mas o rosto sem as lentes de Clark Kent e principalmente seu tratamento. Talvez a pergunta fosse melhor direcionada aos fãs do personagem nos quadrinhos, sempre em busca de referências de dadas revistas, e aos cinéfilos, se o interesse é ver algo crível, sombrio ou parte da construção louca de um alienígena com superpoderes. Será uma mesa de debates acalorados, com argumentos que abraçam as expectativas, e talvez algumas ofensas aos cineastas por trás das adaptações. Ignorando épocas e interpretações, respeitando fases e páginas, Superman está de volta no que se pode chamar de um espetáculo de entretenimento bem-humorado.

Quem acompanhou minhas análises dos quatro filmes estrelados por Christopher Reeve sabe meu ponto de vista sobre o personagem e adaptações. Para mim, como cinéfilo e disposto a me divertir no assento de um cinema, prefiro a ingenuidade do longa de 78 e sua primeira continuação ao que o Universo DC propôs com a canastrice egocêntrica de Henry Cavill. E, com as imagens de divulgação e trailers, senti que a intenção de James Gunn foi fazer algo que permeie os absurdos do personagem, isto é, sem a simpatia de Reeve ou a explosão física de Cavill, mas transparecendo uma HQ lida na tela grande. E é por isso que considero este novo filme como um ótimo exemplar de “filme de herói“, algo que a própria Marvel anda se afastando aos poucos.

Sem a necessidade de apresentar as origens – a primeira excelente ideia do roteiro de Gunn -, Superman já mostra o personagem surrado, precisando restabelecer suas forças na Fortaleza da Solidão, com a irradiação do Sol Amarelo. Ele é levado pelo cãozinho Krypto, depois de fazer toda a festa que é costume de um animalzinho, ao local, sem saber que está sendo seguido por Angela Spica também conhecida como A Engenheira (María Gabriela de Faría), sob o comando de Lex Luthor (o multifuncional Nicholas Hoult). No contexto do filme, os meta-humanos já são conhecidos da humanidade, e Superman impediu a Boravia, um aliado dos EUA, de invadir o país vizinho Jarhanpur, o que fez com que supostamente os boravianos enviassem o poderoso “Martelo de Boravia” para atacar o herói na Metropolis.

Com as forças praticamente restabelecidas, “precisando de uns dias de descanso“, vendo mais uma vez o vídeo de seus pais de Krypton, Jor-El (Bradley Cooper) e Lara Lor-Van (Angela Sarafyan), numa mensagem danificada durante a viagem, Superman retorna como Clark Kent ao Planeta Diário, onde debates éticos com Lois Lane (Rachel Brosnahan), ampliadas numa entrevista particular – ela sabe de sua identidade secreta -, permitem diálogos com a política americana atual, uma crítica muito bem-vinda ao roteiro. Luthor consegue acesso à Fortaleza e, com a ajuda da Engenheira descobre o restante da mensagem dos pais de Superman, enquanto libera um kaiju como distração. De maneira inteligente, ele faz uso dessa descoberta para apresentar à população o que poderia ser a verdadeira intenção do herói kryptoniano, explorando também suas ações descabidas na Boravia.

Mistura-se isso ao universo compactado, à presença da “Gangue da Justiça“, composta pelos heróis Lanterna Verde (Nathan Fillion), Senhor Fantástico (Edi Gathegi) e Mulher-Gavião (Isabela Merced), ao clone Ultraman, o sedutor Jimmy Olsen (Skyler Gisondo) e o bom e velho punk rock. Superman, na concepção mais “humana” do herói, é um saco de pancadas durante boa parte do filme, e nem sempre participa das ações, diante de uma sociedade acostumada a destruições e monstros ameaçadores: a expressão de desinteresse de Lois Lane e de outros cidadãos a um acontecimento catastrófico é uma das boas ideias do roteiro, assim como a amizade do herói com o estrangeiro Malik ‘Mali’ Ali (Dinesh Thyagarajan), em um momento político bastante oportuno.

Superman: Eu vou me entregar. Talvez eles me levem aonde quer que esteja o cachorro.
Lois Lane: É apenas um cachorro.
Superman: Eu sei, e ele nem é muito bom. Mas ele está sozinho… e provavelmente assustado.

Contudo, quem rouba o filme não é o novo ator na pele do herói ou do vilão Luthor, não são as sequências de ação e nem os bons efeitos especiais: Krypton é a melhor sacada desse novo Superman, valendo uma espiada até por aqueles que nem curtem tanto filmes do gênero. Todos os seus momentos como um cachorro mau no bom sentido tornam Superman a diversão ainda maior. E Gunn, que já havia feito boas realizações com Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida (2021), soube mais uma vez agradar a todos os públicos, com humor e diálogos inteligentes, com sarcasmo e algumas doses de crítica social e política.

Superman é, sem dúvida, uma agradável surpresa, depois de tantos filmes superestimados do homem de aço, após a virada do milênio. Vale também elogiar as boas escolhas de elenco, a fotografia de cores fortes transmitindo uma sensação nostálgica, a ousadia na “reconstrução” do personagem e principalmente a trilha sonora, retomando os acordes de John Williams da composição de 1978. Desta vez, olhar para o céu permite um vislumbre de diversão e entretenimento como há muito tempo não acontecia.

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