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Demon Legacy
Original:Demon Legacy
Ano:2014•País:EUA
Direção:Rand Vossler
Roteiro:Tracy Morse
Produção:Bob Gill, Tracy Morse, Albee Patnesky
Elenco:John Savage, AnnaMaria Demara, Michelle Nunes, Kate Siegel, Kati Sharp, Grant Alan Ouzts, Jamie Strange, Eileen Dietz, Cortney Palm, Nancy McCrumb, Matthew Currie Holmes

O veterano John Savage, em sua concepção característica de soldado, dando cambalhotas para enfrentar mulheres possuídas e arrancando cabeças com sua machete. Parece interessante ainda mais pela sinopse que propõe uma espécie de Abismo do Medo (The Descent, 2005) encontra A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1982) e traz no elenco Kate Siegel, que se tornou conhecida pela atuação em Hush: A Morte Ouve (2016), Ouija: A Origem do Mal (2016), Jogo Perigoso (2017), A Maldição da Residência Hill (2018), A Maldição da Mansão Bly (2020), Hypnotic (2021), Missa da Meia-Noite (2021), A Queda da Casa de Usher (2023) e no recente A Vida de Chuck (2024). Curiosamente, em Demon Legacy, ela utiliza com as amigas uma tábua ouija e pergunta ao espírito que habita o lugar se um dia ela iria ficar famosa, recebendo o “sim” como resposta. Dois anos depois a atriz se casou com Mike Flanagan, passando a ser facilmente identificada nas produções mencionadas acima principalmente pelos fãs do gênero.

Contudo, toda os méritos terminam aí. Demon Legacy se aprofunda nas lamas da mediocridade em seu desenvolvimento amador, transpirando em cada frame e trilha incidental sua condição trash. É uma bagaceira que parece não querer ser algo além disso, tendo à frente Rand Vossler, em seu único crédito como diretor de longas, com um currículo mais voltado à Arte de filmes como Criaturas 2 (1988) e Candyman 3 (1999). Até se justifica pela sua ineficiência na função ao lado de Dov Schwarz, que trabalhou na Montagem, pelo uso exagerado de câmera acelerada e repetição de cenas. A fotografia iluminada, sem explorar a escuridão de uma mata envolta em neblina, foi realizada por Tom Clancey.

Também conhecido pelo título alternativo See How They Run e Haunting at Foster Cabin, o filme traz cinco jovens da fraternidade Delta em uma casa isolada por uma floresta com o propósito de buscar diversão e ajudar a protagonista Michelle (AnnaMaria Demara) a esquecer o namorado Randy (Grant Alan Ouzts), após saber de uma traição. Além de Michelle e Jack (Siegel), fazem parte da curtição Dana (Michelle Nunes), Sharon (Kati Sharp) e Kelly (Jamie Strange), com todos os estereótipos de moças jovens em situações parecidas: assuntos supérfluos, bebedeira, muitas risadas e brincadeiras como invocação de espíritos.

Elas tentam se comunicar com a avó de Michelle, Grace (Eileen Dietz), que tinha poderes de clarividência e era acusada de bruxaria, tendo sido vítima de um incêndio no local. O contato com o fantasma da falecida abre um portal demoníaco que permite a entrada de entidades somente para possuí-las como o cinema já mostrou o caminho por diversas vezes, com direito a fumacinha de Supernatural entrando pela boca das garotas. Possuídas nas caracterizações mais básicas, elas passam a atormentar as demais, obrigando Michelle a buscar abrigo com os vizinhos Wesley (Matthew Currie Holmes) e Verônica (Angelina Lyubomirova) – residentes de uma casa em reforma somente para que os itens no local sirvam para a produção de outra tábua ouija – e contar com a ajuda do estranho Struthers (Savage), um ex-soldado do exército e que agora mora em um trailer na mata, com símbolos de ocultismo e um livro de bruxaria. Randy também resolve aparecer por lá apenas para ser perdoado por Michelle e ter seu coração arrancado por Grace, na única ação justa do roteiro de Tracy Morse.

Apelativo ao explorar os corpos das garotas em trajes mínimos ou topless, Demon Legacy é uma patacoada do começo ao fim. Os erros grosseiros são justificados pelo longo processo de realização. Segundo as trívias, ele começou a ser rodado em 2008, mas, após 15 dias de gravações, enfrentou uma grandiosa tempestade que o colocou em escanteio por mais de um ano. Quando parecia retornar aos trilhos, um incêndio florestal também trouxe transtornos à produção, que só voltaria ao processo de filmagem em 2010, já tendo o roteiro reescrito pela agenda do elenco, principalmente de John Savage. Entrou em pós-produção em 2011, mas, sem condições financeiras para ser finalizado, os produtores colocaram o projeto no Kickstarter para a realização de um financiamento coletivo no ano seguinte. Devido a essas dores de cabeça, em alguns locais você encontra informações que a direção foi ocupada por duas cadeiras, Rand Vossler (como aparece no IMDB) e Bob Gill, apontado como produtor.

Nota-se claramente mudanças no tom da produção e erros de continuidade. No próprio IMDB, as atrizes aparecem escaladas em dois papéis, com outras moças atuando como a versão possuída; Grant Alan Ouzts começa o filme com cabelo, e na sua segunda aparição, com a cabeça raspada, com evidências de sua mudança física. São curiosidades como esta que impedem que você não tenha interesse em descartar completamente Demon Legacy. É aquela produção para ver com amigos, rir de suas falhas, sem se preocupar em acompanhar toda o enredo. Analisando pela proposta, chega a ser assustador de tão ruim, com excessivas cenas repetidas para completar o tempo de duração, efeitos terríveis e diálogos que parecem improvisados. Vale visitar essa cabana trash apenas para ver John Savage caçando cabeças e Kate Siegel invocando demônios antes de conhecer Mike Flanagan.

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