O Oceano no Fim do Caminho
Original:The Ocean at the End of the Lane Ano:2013•País:EUA Páginas:208• Autor:Neil Gaiman•Editora: Intrínseca |
Geralmente não costumo ler livros recentes, coisas que você precisa comprar três ou mais volumes monstruosos para acompanhar uma história, muitas vezes mais superficiais do que o seu grande número de páginas pode insinuar, preferindo Sir Arthur Conan Doyle, Júlio Verne e H.P. Lovecraft a qualquer escritor desconhecido. Livros tomam mais tempo que cinema e por isso devemos escolher bem em quem investiremos este bem tão escasso hoje em dia.
Porém, se existe um autor moderno em quem investirei sempre meu tempo e dinheiro, a qualquer coisa que lançar, este autor é Neil Gaiman.
Gaiman começou sua carreira na Inglaterra, onde nasceu, como jornalista e crítico literário, partindo posteriormente para os quadrinhos onde concebeu sua obra-prima, a aclamada HQ Sandman, e mais tarde para a literatura com obras riquíssimas como Belas Maldições, escrita a quatro mãos com Terry Pratchett (A Cor da Magia) e Deuses Americanos. Gaiman também escreveu roteiros para o cinema e TV como Bewoulf, Coraline e Stardust – O Mistério da Estrela, Neverwhere, entre outros.
Seu livro mais recente, O Oceano no Fim do Caminho, lançado em junho deste ano lá fora, e em julho por aqui, figurou por quatro semanas entre os quinze mais vendidos do NY Times e é um de seus melhores romances até o momento.
A história mostra um personagem – a quem Gaiman não atribui um nome, facilitando a identificação do leitor com o que está sendo contado – que retorna à cidade onde cresceu para um enterro e, ao visitar a antiga casa de sua amiga dos tempos de criança, se senta diante do lago – o “oceano” que dá nome ao livro – e começa a se relembrar de fatos terríveis que mudaram pra sempre sua infância, e ele mesmo.
O Oceano no Fim do Caminho pode ser comparado a Coraline, outro livro de Gaiman que trata da infância e das dificuldades na transição para a vida adulta. Gaiman povoa o mundo da imaginação infantil com monstros, bruxas e criaturas que traduzem em magia os anseios e o medo de crescer. Porém, enquanto Coraline é mais leve e infantil, O Oceano no Fim do Caminho lida com o outro espectro da infância, mais difícil e cruel. Uma mistura de Conta Comigo e Peter Pan.
Estranho notar em várias resenhas que li que as pessoas interpretam o livro apenas literalmente. Os monstros e criaturas ali estão carregados de subtexto. A chave para entender melhor o romance é dada pelo próprio Gaiman no posfácio do livro. O autor diz que a família Hempstok tem vivido em sua cabeça a tanto tempo. Todos nós temos uma família Hempstock em nossa cabeça, para onde corríamos quando estávamos sozinhos e confusos. É impossível não se emocionar com o texto de Gaiman.
Uma deliciosa peça de fantasia, amarga e doce ao mesmo tempo. Como se a saudade de algo fosse transcrito em forma de um romance. Uma fábula recomendadíssima para exercitar a imaginação e relembrar a infância.
A resenha é provocante e sem dúvida nos instiga a conhecer mais sobre Gaiman. Em outro ponto de vista, sugeriria que o autor do post é patrocinado por ele, ou um devoto assíduo…
Ou que tenho bom-gosto! 😀
A literatura fantástica é sempre prazerosa de se ler. Ainda mais quando o autor em questão tem uma facilidade imensa em lidar com a fantasia como se ela fizesse parte da realidade.
Pois é, Daniel!
Neil Gaiman escreve tão bem que tudo o que está ali parece que poderia acontecer e até soa familiar, como se em algum tempo esquecido tivesse acontecido de verdade!
Neil Gaiman é um dos poucos autores vivos que vale a pena ler.
Concordo plenamente!
interessante.
Ótimo. Sempre é bom ler algo do mestre Gaiman.
Eu só leio as HQs do Sandman, mas logo mais vou começar a ler esse e algum outro de literatura dele. É algo que vale a pena mesmo!
Recomendo Deuses Americanos, Belas Maldições e Coraline. Além das HQs Livros da Magia e Orquídea Negra.
Sobre Neil Gaiman, fui “contaminado” pelo livro Lugar Nenhum, mas já fiquei com “imunidade baixa” desde que li o Sandman – Noites sem fim ^^
Enfim, ainda este domingo ganhei de uma amiga este O Oceano no fim do caminho… E, novamente, mergulhamos neste mundo “Gaimaniano” onde beleza e fragilidade são frequentemente assassinadas, renascendo em diversos momentos de uma mesma história.
Eu acho Lugar Nenhum o livro mais fraco dele. Talvez por ter sido escrito às pressas para que o nome do autor não ficasse manchado pela péssima adaptação para a TV de seu roteiro. Na sequência do que li:
1) Deuses Americanos;
2) O Oceano no Fim do Caminho;
3) Belas Maldições;
4) Os Filhos de Anansi;
5) Coisas Frágeis;
6) Lugar Nenhum.
Sem falar em Sandman que é obra-prima imbatível!