Dizem que o papel do crítico é servir de alerta. Espera-se de suas análises, muitas vezes tímidas ao evitar esmiuçar a produção ou exageradas por escanear as principais cenas, um convite a uma conferida ou uma possibilidade de economizar dinheiro e tempo. É para essa segunda categoria de expectativas que este artigo deve ser indicado, para que o público pense duas vezes antes de sair de casa e dirigir-se aos cinemas, principalmente numa época de crise econômica e alta da inflação.
No dia 3 de março chegará aos cinemas brasileiros o filme A Bruxa (The Witch, 2015), depois de uma passagem rápida em alguns festivais por aqui. Boa parte da opinião está favorável ao longa de Robert Eggers, sendo que até mesmo o Mestre do Horror Contemporâneo, Stephen King, expôs em seu twitter o quanto ficou incomodado ao testemunhá-lo nos cinemas. Se o filme tem toda essa hype positiva, elogios por todos os lados, ora, por que, diabos, usei esse título para esse artigo?
É simples. Os elogios criam expectativas altas, mas uma produção pode ser apreciada por alguns e cuspida por outros, independente do que falam sobre ela. A boa aceitação vai depender de inúmeros fatores, como o ambiente escolhido, as companhias, sua bagagem anterior e até o horário da sessão. Se você tem um gosto específico para filmes de horror, como, por exemplo, daqueles que curtem sustos, os chamados jumpscares, trilha sonora alta e monstros, A Bruxa não vai lhe servir. Gosta de Jogos Mortais, mas achou fraco Coração Satânico? Prefere Pânico a Halloween, de John Carpenter? Não gostou de A Bruxa de Blair porque não viu a bruxa no filme?
Aliás, a citação ao filme A Bruxa de Blair não é à toa. Embora ambos trabalhem com o mesmo subgênero e valorizem o sutil, A Bruxa vai por um caminho oposto, digamos, visceral. Mostra o que precisa ser mostrado, esconde o desnecessário. E, assim como o longa de 1999, vai deixá-lo para baixo, incomodado, angustiado, depressivo. Para que você vai querer ver um filme assim?
Se o cinema é um espaço para você conversar com os amigos e namorar, não veja A Bruxa. Não vai haver oportunidades para piadinhas ou comentários bobos e suas mãos estarão muito suadas para segurar a da(o) companheira(o). Sessões lotadas trarão inconvenientes, desde aquele babaca do celular ou aqueles que se mostram sabidos demais para o que está sendo exibido, e eles usarão tais artifícios como válvula de escape para atenuar o medo. E ele estará ali, acompanhando-os o tempo todo.
E para que sentir medo se você pode rir com Deadpool, brincar com o Boneco do Mal, salvar a alma com Os Dez Mandamentos e se divertir com Orgulho e Preconceito e Zumbis? A Bruxa não foi feito para paladares acostumados com alimentos apimentados. Quem prefere um vinho fino e se inspira com a beleza de um quadro medieval terá grandes chances de encontrar a bruxa que procura, mas correrá o risco de estar no local errado, olhando para o lado oposto à mata densa.
Subirão os créditos finais e, enquanto você tenta refletir sobre o destino de algumas personagens, haverá quem saia expressando seu alívio travestido de insatisfação. “Não é tudo isso.“, “Não vi nada que me assustasse.“. Estes estarão evidenciando uma falsa coragem, como aquela que fez muitos ficarem arrepiados em 1999, mas tacharam o resultado de ruim porque não viram a tal bruxa de Blair. É sério que você ainda quer ver o filme na tela grande?
Se você considerou Invocação do Mal (2013) como um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, ignorando os clichês e o enredo oportunista, talvez veja nA Bruxa uma produção arrastada, lenta e chata. Ela não fará você dar saltos na cadeira, mas o manterá grudado nela como seu porto seguro a partir dos primeiros dez minutos. Trata-se de um horror não convencional, feito para incomodar a todos, os mais religiosos, os céticos, os insensíveis. O Mal estará presente ali desde o primeiro frame, à espreita na escuridão. Provavelmente ao seu lado.
E, para terminar, mais um aviso: A Bruxa também tem produção brasileira. Como você talvez pense que filmes feitos aqui são todos ruins, mal feitos e fracos em assustar, é bem capaz que o longa de Eggers mude a sua opinião. Você sairá do cinema com a boca fechada, em silêncio, como se os dentes estivessem colados e talvez precise de uma faca para abrir, tendo o cuidado necessário para não quebrar o maxilar.
Consciente deste relato, mais uma vez eu aviso: não vá ver A Bruxa no cinema. Pode ser que ela saia de lá com você, acompanhando-o antes que o sono o abrace.
Filme otimo, recomendo. Interesante alguém dizer que que o filme não deu os sustos esperados. As pegadinhas do SBT assustam e são uma porcaria. É preciso se desapegar a filmes de terror clichê para para realmente sentir calafrios com filmes como A Bruxa. Alguem ai assistiu Os Outros? A bruxa não asusta, ti deixa tenso, com medo, ligado e mais adiante arregalado. Tudo no filme ti incomoda, o terror já começa nos diálogos dos personagens e até as brincadeiras das crianças ti deixam bolado. Arvores, animais, floresta… colaboram com nossa expectativa de que vem coisa pior… E vem. Assisti na internet com imagem e som precario só de curiosidade e mesmo assim perdi noção do tempo, quando como assistimos um bom filme na telona. A principio fiquei bolado com o desfecho do filme mas os comentários me fizeram entender que o que eu queria era mais andrenalina do que a metragem permitiu.
Filme sensacional, o único ponto negativo pra mim foi antropomorfizar o mal no final do filme,achei completamente desnecessário, tirando isso achei um dos melhores suspense dos últimos tempos…
Filme fraco…. sono do meio pra frente!
Muito bom o filme. Discordo quando dizem que é um filme de drama ou até mesmo de terror. Encarei o filme como um ótimo suspense com cenas tensas com alguns elementos de terror (devido aos elementos sobre ocultismo) e com uma história bem desenvolvida com personagens mais trabalhados (daí alguns verem como drama). O filme se destaca em relação aos demais atualmente por ser um filme sério, sem violência gratuita, uso de CGI e demais fuleragens que cercam as produções atuais. Se o filme é inovador? Lógico que não, quem curte os filmes sobre ocultismos/satanismo da década de 60 e principalmente da década de 70 sabe que o filme contem os mesmos elementos, o que não é demérito algum, sinal que esse a Bruxa bebeu da fonte necessária para ser produzido.
Sou suspeita para falar porque adoro filmes sobre bruxaria, mas esse foi simplesmente sensacional! É esse tipo de bruxa que eu quero ver(!)a satanista que vai rituais de adoração ao demônio, que mata bebês e estupra crianças! São as, na minha opinião, as mais reais, não quero ver bruxas “boas” que “nascem com poderes”, esse filme é exatamente o que eu queria, o que eu esperei por anos depois de Suspiria .Adorei tudo no filme, o enredo a fotografia o roteiro e até as atuações (já vi BEM piores) a direção, para mim foi muito bem feito em todos os sentidos, esse é o tipo de filme que eu gosto de ver, nada apelativo só uma boa história bem executada, não precisa de mais nada.
Não curti muito . Mas não é ruim . Não tem sustos , não tem aviso de quando algo vai acontecer . Por isso você tem que estar sempre atento . E o filme é bom em fazer você não desviar o olhar …
Ok…acabei de assistir! A primeira coisa que fiz foi olhar para a cara da minha esposa e ela olhou pra minha…tipo ambos procurando o tal terrorzão. Ok. Filme é bom…história bem legal…clima bem tenso…mas não sei se eu fiz algo de arrado…talvez a sala de cinema não foi tão legal o quanto estou acostumado…afinal o filme esta muito limitado em SP e tive que assistir em um cinema que nunca fui..com tela pequena…não era formato stadium…som meia boca. Fui acompanhado. Disseram que era legal ir sozinho para se sentir isolado no clima. Não vou criticar o filme, pois achei ele bom…mas sai lamentando porque eu não consegui entrar no clima do filme que todos falam positivamente. A tal claustrofobia…a tensão…a angustia…e que ao sair do filme vc fica super bad. Não sei se vou assistir este filme novamente no cinema. mas certamete quando estiver disponivel para assistir em casa vou me trancar sozinho em casa de madrugada e assistir ao filme. Quero ver se eu consigo sentir este filme na pele. Mas recomendo…nada comparado aos filmes comerciais de hoje. Obra de arte cult de terror.
Melhor comentário o seu, eu também penso o mesmo.
o filme não dá medo, é um ótimo filme mas falha na proposta básica dos
filmes de terror, não dá medo, dá a sensação que vai acontecer algo q
nunca acontece. e assim termina.
Sai do cinema, e foi engraçado ver que no fim, todo mundo deu uma de machão, dizendo que foi ruim.
Legal mesmo foi ver mais da metade dessa galera encolhida na cadeira, com a mão colada à boca, tensos, apreensivos, diria até agonizantes…
…Por que o filme foi bom sim, foi caralhudo sim. Quando a galera não tem nem mesmo a chance de dar um berro depois de um susto, já sei que o filme assustou até os sabichões de meia tigela.
O pior foi voltar do cinema em guarulhos até minha casa, sempre olhando para a imensidão de arvores nas laterais da pista, só por precaução , vai que….
Acabei de sair do cinema e o único incomodo que sinto é a decepção. Eu e todos no cinema nos perguntamos o por quê desse alarde todo. Vimos que é um filme para, única e exclusivamente, crítica especializada e não para o público como um todo. As pessoas querem sentir medo. Sim, a fotografia, a trilha sonora, a atuação e a atmosfera criada no filme são perfeitas, mas acaba aí. Até a metade do filme todos nós estavamos esperançosos com o desenrolar do mesmo, mas justamente no clímax o filme não fez o que deveria fazer, dar medo. Uma pena, pois no meio de tanto filme de terror clichê, gostaria de um que fosse genuíno e realmente de arrepiar. Para mim foi mais um drama com uma pitada de suspense do que terror de verdade. O pessoal saiu realmente inconformado da sala de cinema.
Disse tudo. Me decepcionei muito, pois sempre acompanhei as criticas a respeito do filme, e sobre elas cresceu uma esperança enorme em mim de que este seria diferente. Não funcionou muito bem. Eu esperei, e continuo esperando até agora, pra ver se algo acontece…
Realmente, não vá ver A Bruxa no cinema. Não jogue seu dinheiro fora. Esse filme é uma porcaria. Não tem nada desse suspense que estão falando. Nem terror, nem nada. É um filme tedioso. Juro que quando a sessão acabou TODAS as pessoas que estavam na sala falaram “é isso?”. O filme se destaca pela fotografia, figurino, atuação. E só. Esse papo de terror inteligente é furada, até pq o filme não tem terror nenhum. Uma decepção. Pelas críticas que li, já esperava um filme sóbrio, que não segue a linha do cinemão. Mas foi demais.
Depois disso tudo aí, não vejo a hora de assistir! Terror de qualidade é sempre muito bem vindo, e os trash também, claro! rsrsrsrs…
A expressão “não convencional” é o chamariz mais eficiente para mim, em se tratando do gênero terror. Só a ambientação já remete a algumas pérolas como Mortos de Fome, Olhos de Fogo ou A Casa dos Pássaros Mortos, todos de meu gosto, embora creia que não haja maiores semelhanças com A Bruxa. Creio que o texto do Milici tem o intento de nos preparar para uma experiência melhor vivida se com alto grau de imersão, sem desvios de atenção. Espero que os “malas”, tagarelas e gracejadores inconvenientes passem longe da sala em que eu for assistir a esse filme que aguçou e muito minha curiosidade.
Ainda não vi o filme, mas pelos artigos acredito que seja o tipo de terror inteligente, ou seja, não é pra qualquer um.
Dois sujeitos aí em cima tiveram aaudácia de falar por eles e pela platéia! Haha. Amigo, pode ir sem medo, é ótimo! Sem efeitos especiais forçosos e sustinho apelativo. Como vc bem ressaltou, é pra poucos.
Pode ser marketing puro, ué.
Eu vou ver e se terei medo??? ah ah ah claro que não, pois o mundo aonde vivemos já presenciamos coisas piores e mais aterrorizantes que um terror psicológico, quer ficar chocado com algum filme assista “Herança Maldita” aquilo lá choca e causa agonia nas pessoas.
Boa noite, Marcelo. Muito prazer. Li seu texto, circunstancialmente, por ocasião do falatório todo em relação ao filme. Como parece unânime a opinião de que o filme é absolutamente aterrorizante, em estilo e nível sem precedentes, seria exagero dizer de que se trata do filme mais assustador da história do cinema (relativismos e subjetividades à parte)? Abraço.
Nunca fui fã de filme de terror, longe, muito longe disso. Mas esses comentários tão me deixando super ansioso, com certeza fecharei um grupo de amigos pra assistir na tela grande. Se a intenção de todos é afastar realmente a turma do cinema, o que não acredito, acontece o reverso, esses tipos de texto só atiça a curiosidade de todos, até de quem não gosta muito do gênero.
Texto ambíguo. Acredito que a intenção era falar bem do filme mas ficou confuso.
A galera aqui devia aprender com a Glória Pires! Se não viu, não dá pra emitir opinião!
Mas a que galera você se refere? Os “comentaristas” ou o staff do site? A princípio, eu pensei que você estivesse se referindo à galera que comentou o texto. Mas depois eu comecei a desconfiar que talvez você estivesse alfinetando o Marcelo, já que o filme ainda não estreou aqui no Brasil…
Então, eu faço parte do staff do site. O Marcelo viu o filme na semana passada, na cabine oferecida para a imprensa, assim como o Marcos, que também é staff do site. E o filme também passou por aqui no ano passado no Festival de Cinema de São Paulo, que foi quando eu vi. Estava falando da galera que comenta a “qualidade” do filme pelo trailer. Ou pelo texto de quem viu. Não dá pra se ter uma opinião sobre o filme em nenhum dos casos. Vai ter no máximo um preconceito estabelecido pelas suas (da galera) referências pessoais ao ler a crítica ou ver o trailer. E preconceito não define qualidade, já que são as SUAS (da galera) referências. A ideia é ver o filme e tirar suas próprias conclusões, ou chafurdar no preconceito e perder o melhor filme de terror dos últimos anos. A escolha é de cada um.