O mercado brasileiro de histórias em quadrinhos vem crescendo ano a ano. As plataformas de financiamento coletivo e autopublicação, juntamente com o aumento das lojas especializadas e os descontos fornecidos pelas grandes virtuais, tem impulsionado o crescimento do número de publicações a cada mês. Uma breve pesquisa pelos lançamentos de 2016 no site Guia dos Quadrinhos nos dá quase uma centena de revistas em quadrinhos de horror que chegaram às bancas e lojas especializadas no ano passado.
A grande vitrine que é a CCXP – Comic Con Experience, por exemplo, com as grandes editoras ocupando estandes cada vez maiores, e os realizadores independentes se reunindo em um dos maiores artist’s alley do mundo, catapulta o número de lançamentos durante o último trimestre, com números cada vez maiores a cada ano. Justamente por isso, esta lista está saindo agora, em pleno Carnaval de 2017, para que possamos ter tempo de ler os principais candidatos a melhores do ano e preparar uma lista justa. E vale lembrar que entrou na lista oficial apenas o material inédito ou que não era publicado no país há muito tempo.
Confira agora, as treze melhores histórias em quadrinhos de horror de 2016 e deixe nos comentários quais foram as suas preferidas e quais faltaram na lista!
13 – Guardiã: A Detetive do Sobrenatural Vol.1 de Robbert Damen (Avec Editora, set/2016)
Começamos a lista com uma das mais agradáveis surpresas de 2016. Guardiã, personagem criada pelo holandês Robbert Damen reúne o traço do cartoon à atmosfera sombria da Inglaterra vitoriana para criar thrillers sobrenaturais no melhor estilo do quadrinho europeu. Mais um ótimo lançamento da Avec Editora que possui um catálogo bastante diversificado e, até o momento, impecável no que se relaciona aos quadrinhos.
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12 – Shaolin Cowboy: Buffet de Shemp de Geof Darrow (Editora Mino, jun/2016)
Mais do que apenas um desfile de violência, sangue e vísceras, Shaolin Cowboy: Buffet de Shemp é uma aula de narrativa gráfica por um dos maiores artistas dos comics americanos, Geof Darrow. Darrow ainda aproveita para cutucar o crescimento do conservadorismo entre os jovens dos EUA e desafia os limites dos quadrinhos tradicionais neste belíssimo álbum, publicado no Brasil com todo o cuidado que a obra merece pela Editora Mino que, não à toa, levou o Troféu HQMix de editora do ano em 2016.
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11 – Quarenta Caixões de Rodolfo Santullo e Jok (Jambô Editora, dez/2016)
O roteirista uruguaio, Rodolfo Santullo e o artista argentino Jok se reúnem para contar a história sobre a viagem do navio Deméter, que trouxe o Conde Drácula da Bulgária até a Inglaterra, como visto no clássico romance Drácula de Bram Stoker. A Jambô Editora, famosa por sua linha de livros, RPGs e HQs de fantasia, faz zua estreia no meio dos quadrinhos de horror com um belo álbum que possui um texto envolvente e uma arte incrível.
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10 – Rio Negro #01 de Ikarow (Independente, out/2016)
O quadrinista e ilustrador, Ikarow reúne em Rio Negro o melhor do horror lovecraftiano com altas doses de folclore brasileiro e algumas pitadas de Discovery Channel. A HQ foi publicada online originalmente e mostra um casal de cientistas que acaba se deparando com um horror inominável durante a busca por uma rara espécie de peixe no Rio Amazonas. Mais um dos grandes títulos da nova safra de quadrinhos nacionais de terror.
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09 – Hellboy e O B.P.D.P. – 1952 de Mike Mignola, John Arcudi, Alex Maleev e Dave Stewart (Mythos Editora, jul/2016)
A Mythos segue fazendo um excelente trabalho com Hellboy. Desta vez, a editora caprichou no encadernado que conta a primeira missão do herói junto do B.P.D.P., ainda em 1952, no Brasil! O texto de Mike Mignola, aqui escrito em conjunto com John Arcudi, cheio de ação e criaturas bizarras funciona muito bem em conjunto com a arte de Alex Mallev e as cores de Dave Stewart. A editora trouxe outros títulos do universo do personagem, como o excelente álbum Hellboy Gigante, que ficou de fora por se tratar de uma republicação.
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08 – Necromorfus #02 de Gabriel Arrais e Abel (RQT Comics, dez/2016)
Necromorfus, a genial HQ criada por Gabriel Arrais, conta a história de um adolescente capaz de assumir a forma de qualquer pessoa (ou animal) que já morreu, uma vez que ele toque seus restos mortais. A segunda edição, belamente ilustrada por Abel (Ditadura no Ar), homenageia William Shakespeare e se aprofunda ainda mais nos conceitos e mitologia criados por Gabriel. Necromorfus é o tipo de HQ que poderia ter sido publicada pela Vertigo nos anos 90 e que agora se enquadraria perfeitamente no catálogo da atual Image. Imperdível!
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07 – Bispo Freundt de Bruno Bispo e Victor Freundt (Independente, dez/2016)
Bispo Freundt compila seis histórias de horror e fantasia publicadas pela dupla Bruno Bispo e Victor Freundt na revista Zona de Portugal. As histórias, inéditas no Brasil, ganharam cores novas e trazem um horror violento e escatológico com a pegada irreverente dos fanzines. O destaque fica por conta de Rosa Negra, a “história maldita”, inspirada em Amor Só de Mãe de Dennison Ramalho, tão cheia de sexo, sangue e satanismo que foi publicada em um encarte separado dentro da própria revista!
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06 – Fé Cega de Osmarco Valladão e Fabrício Guerra (Independente, dez/2016)
Em Fé Cega, Osmarco Valadão (texto) e Fabrício Guerra (arte) apresentam um conto de horror sobre morte e ressurreição com uma boa dose de crítica à “fé cega” e às instituições religiosas. A primeira edição é muito curta, mas é apenas a introdução de algo maior que está por vir. Mais um dos grandes lançamentos de 2016 que, infelizmente, não teve a divulgação e o alarde que merece.
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05 – Vampirella: Grandes Clássicos de Archie Goodwin, T. Casey Brennan, Budd Lewis, Steve Englehart e José Gonzáles (Mythos Editora, dez/2016)
Um verdadeiro time de lendas dos quadrinhos retratando uma das personagens femininas mais importantes e queridas da nona arte em um álbum caprichadíssimo em capa dura. A Mythos, que tem feito um trabalho incrível resgatando clássicos dos quadrinhos de horror e ficção científica, acerta em cheio ao compilar algumas das primeiras histórias de Vampirella, escritas por grandes nomes dos quadrinhos e ilustradas pelo monstro José Gonzáles que soube, como ninguém, retratar a mais bela das vampiras dos quadrinhos. Clássico indispensável.
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04 – O Soldador Subaquático de Jeff Lemire (Editora Mino, nov/2016)
O Soldador Subaquático não é bem uma história de terror, mas como Damon Lindelof diz no prefácio da obra, a HQ de Jeff Lemire é um belo episódio de Além da Imaginação. Um acerto de contas com o passado, e o futuro, com toques sobrenaturais e inexplicáveis com uma sensibilidade e arte ímpares. Características marcantes dos trabalhos de Jeff Lemire, que já nos brindou com a belíssima Sweet Tooth. Um álbum bastante extenso, mas com uma leveza e delicadeza tão grandes que você nem percebe quando chega ao final. A não ser pelas lágrimas.
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03 – Zé do Caixão de Laudo Ferreira (Jupati Books, dez/2016)
Zé do Caixão traz as adaptações de À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei Em Teu Cadáver (1967), obras seminais do horror brasileiro, concebidas pela mente genial de José Mojica Marins, e primeiros capítulos da trilogia de Zé do Caixão – que se encerraria anos depois com Encarnação do Demônio (2008). A arte de Laudo Ferreira pode causar estranhamento aos leitores mais novos, acostumados ao estilo dos comics modernos, mas como o próprio artista diz na HQ curta que abre o álbum, ele estava aprimorando sua arte. E a evolução do traço de Laudo fica clara ao compararmos as três histórias que compõem Zé do Caixão. Mais do que um resgate histórico, este álbum é um documento sobre a importância destes dois grandes artistas para os quadrinhos nacionais.
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02 – O Despertar de Cthulhu em Quadrinhos de Dudu Torres, Antonio Tadeu, LuCas Chewie, Airton Marinho, Fabrício Bohrer, Caiuã Araújo, Marcio de Castro, Lucas Pereira, Raphael Fernandes, Samuel Bono, Jun Sugiyama, Daniel Bretas, Hilton P. Rocha, Bárbara Garcia, Elias Aquino e João Pirolla (Editora Draco, ago/2016)
Este segundo volume da série de antologias de horror em duotone da Editora Draco explora o horror cósmico da mitologia criada por H.P. Lovecraft. O álbum reúne um surpreendente time de quadrinistas independentes que não se rendem ao velho formato “Contos da Cripta” de fazer HQs e brincam com os limites inomináveis da loucura em histórias que estão moldando o futuro dos quadrinhos de horror no Brasil.
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01 – Matadouro de Unicórnios de Juscelino Neco (Editora Veneta, mai/2016)
Matadouro de Unicórnios, de Juscelino Neco é um soco no estômago. A HQ possui um roteiro surpreendente, eficiente em sua violência e humor na medida certa, que contrasta de maneira intrigante com uma arte cartunesca única. Juscelino, que já havia mostrado que não está para brincadeira em sua HQ anterior, Parafusos, Zumbis e Monstros do Espaço (2013), demonstra em Matadouro de Unicórnios porquê é um dos grandes nomes dos quadrinhos nacionais atualmente e cujo trabalho merece ser acompanhado de perto.
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MENÇÕES HONROSAS: Algumas reedições e republicações que valem à pena foram citadas como menções honrosas junto de outras HQs inéditas que firam fora da lista por pouco: Arquivo X: Clássicos Vol.1 (New Order, fev/2016); Catacumba #03 (Kikomix, ago/2016); Clássicos DC – Monstro do Pântano: Raízes Vol.2 (Panini, dez/2016); Coleção Marvel Terror: O Lobisomem Ataca #01 (Panini, set/2016); O Diabo e Eu (Editora Mino, jun/206); Dora (Editora Mino, set/2016); Hellboy Edição Gigante: A Morte de Hellboy (Mythos, dez/2016); Kid Eternidade – Edição de Luxo (Panini, dez/2016); Márcio Benjamin Apresenta: Maldito Sertão em Quadrinhos (Jovens Escribas, dez/2016); Monstro do Pântano: Regênese (Panini, 2016-2017); São Paulo dos Mortos III (Zapata Edições, dez/2016); Shade – O Homem Mutável (Panini, 2016-2017).
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É uma pena que a história da truta salmonada, dentro do Cthulhu, seja um plágio descarado da história “Bad Sushi”, de Cherie Priest, presente na antologia New Cthulhu: The Recent Weird.
Oi Cherie! Tudo bem?
Fiquei curioso com o conto que você mencionou e fui atrás. De fato existem similaridades. A questão do sushiman e o entregador de peixes são as que mais chamam a atenção, mas achei a história, na proposta, diferente. A história da Draco possui um tom mais pro humor negro beirando o surreal e faz referências aos quadrinhos japoneses. O próprio autor é descendente de japoneses. Aliás, se pararmos pra analisar, muitos dos contos envolvendo os mitos de Cthulhu tem a ver com o oceano. No próprio O Despertar de Cthulhu em Quadrinhos, várias das histórias possuem alguma relação com o mar ou água. Cthulhu tem tentáculos… Daí pra relacionar com frutos do mar é um pulo!
Abraço!