Os Brinquedos mais Diabólicos dos Filmes de Terror

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Eu sou o Chucky! Vamos brincar?” A inocência de um brinquedo em um contraponto com o medo. Aquela segurança que você imaginava sentir, quando inventava aventuras com os seus bonecos, colocando-os como heróis ou simplesmente servindo-lhes chá numa mesinha de plástico, foi aos poucos se diluindo quando o gênero fantástico resolveu lhes atribuir vida. Desde uma maldição transmitida para um objeto inanimado ou o habitat ideal para entidades errantes, eles sempre apareceram em pequenas pontas ou como principais vilões, mostrando que nem toda brincadeira é ingênua e segura. Pensando nisso, aproveitando a estreia do aguardado terror Imaginário: Brinquedo Diabólico, da Paris Filmes, que estreia amanhã nos cinemas, vamos conhecer os bonecos mais aterrorizantes do cinema, tão pavorosos quanto Chauncey.

Muitas décadas antes de Chucky deixar de ser um brinquedo bonzinho, houve um boneco que promoveu arrepios. Foi no filme O Grande Gabbo (The Great Gabbo, 1929), em preto e branco, com um ventríloquo e seu boneco Otto, aos poucos perdendo a noção da realidade. Outro que merece menção, sob as mesmas condições, pode ser visto na antologia Na Solidão da Noite (Dead of Night, 1945), no segmento “The Ventriloquist’s Dummy“, dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti. Nele, o boneco Hugo manipula o ventríloquo a cometer assassinatos, invertendo os papéis entre os dois na loucura do protagonista, interpretado por Michael Redgrave.

Já nos idos de 63, um episódio da série Além da Imaginação, “Living Doll“, trazia a boneca Talky Tina, que atormentava um padrasto ao falar mais do que devia. Em outra antologia, desta vez de 1975, a perturbação é física, com o guerreiro zuni, de Trilogia do Terror (Trilogy of Terror), de Dan Curtis. Em uma concepção agressiva, ele poderia ir além de uma simples dor de cabeça, quando decidir lhe ferir com sua lança – Karen Black que o diga.

Três anos depois, seria a vez de Anthony Hopkins sofrer nas mãos de um boneco maldoso. Fats, com a própria voz do ator, aterroriza seu ventríloquo com ideias insanas, levando-o a uma quase condição Hannibal Lecter de loucura e pesadelo. Trata-se de Um Passe de Mágica (Magic), de Richard Attenborough.  Em 1982, foi a vez da dupla Steven Spielberg e Tobe Hooper conceber o clássico Poltergeist – O Fenômeno, apresentando uma família do subúrbio tendo problemas sobrenaturais pela má localização de sua morada. Um dos destaques é, sem dúvida, o boneco de palhaço com seus longos braços e uma risada sinistra que fizeram o pequeno Robbie temer o próprio quarto.

Eles se multiplicariam em Bonecas Macabras (Dolls, 1987), de Stuart Gordon, em um conto de terror em uma mansão viva. Seria, talvez, o incentivo para o nascimento de Chucky, no ano seguinte. Don Mancini é o pai de um dos brinquedos mais ousados e maléficos do gênero, aparecendo em diversas continuações e sátiras, simbolizando o Boneco Assassino do cinema! Houve também a franquia Puppet Master, iniciada em 89, com bonecos com personalidades variadas; o Billy, de Jogos Mortais (Saw, 2004), em sua bicicletinha que antecede uma proposta dolorosa; o surpreendente boneco de Gritos Mortais (Deadly Silence, 2007); além, claro, de Annabelle, apresentada em Invocação do Mal (The Conjuring, 2013).

Não são solitários dentro de um vasto gênero, entre assombrações, magia e possessões, valendo a pena mencionar Robert, a Boneca Maldita da Indonésia, também presente em outros dois filmes de Rocky Soraya; e até Charlotte, de algumas produções genéricas; a robòtica e ciumenta Megan, que poderia confrontar a versão eletrônica de Chucky em Brinquedo Assassino, de 2019. Contudo, a brincadeira agora foi longe demais com a chegada do perverso ursinho Chauncey, de Imaginário: Brinquedo Diabólico.

Nele, Jessica retorna às lembranças de sua casa de infância, somente para encontrar no porão um ursinho com aparência dócil. Com o interesse da pequena Alice, logo ele passará a revelar algo sinistro, que irá confundir imaginação e realidade. Enquanto se prepara para ver nos cinemas esse novo brinquedo de terror, é bom começar a prestar atenção naquele ursinho que você considerava como melhor amigo, sempre silencioso e observador. Ele pode ter intenções ruins…

 

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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