Ano passado, atuando como professor de Língua Inglesa, passei um trabalho de pesquisa sobre Lendas Urbanas aos meus alunos. Eles podiam usar recursos audiovisuais para exemplificar suas pesquisas, desde que buscassem lendas que não fossem brasileiras e nem muito óbvias. Quando um grupo apresentou o curta The Backrooms defendendo-o como gravações reais, o efeito na sala de aula resgatou a época de A Bruxa de Blair, de 1999. Silêncio absoluto, expressões de espanto.
Esse vídeo surgiu em 2019 em um tópico do 4chan sobre imagens perturbadoras. Como uma boa creepypasta, remetendo ao que despontou Slenderman, o vídeo, compartilhado no youtube, viralizou. Teve até continuações e serviu de inspiração para o jogo independente do Steam, “Escape the Backrooms“. Há quem acredite que essa seria uma evolução comum dos found footages envolvendo terror online colaborativo.
O sucesso do curta atraiu o interesse de produtoras. E nessa briga quem levou a melhor foram a A24, a Chernin Entertainment, a Atomic Monster, de James Wan, e a 21 Laps de Shawn Levy. E o realizador do curta, o especialista em FX Kane Parsons, de apenas 17 anos, irá assumir a cadeira de diretor da versão longa.
O curta original, ambientado na década de 1990, mostra um jovem cineasta que cai em outra dimensão que o deixa vagando por um espaço de escritórios amarelos, vazios e repleto de labirintos, que parecem ser o lar de monstros de outro mundo que o perseguem pelos intermináveis corredores e pelo estacionamento. Os curtas subsequentes do YouTube expandiram a mitologia proposta.
Confira o curta original com menos de dez minutos de duração. E entenda o porquê de meus alunos ficarem boquiabertos:
Gosto da idéia das Backrooms, mas o que me dá “medo” nelas não são os monstros ou criaturas que habitam lá, mas sim a solidão criada por estar em infinitos corredores que são em certo modo “aconchegantes” e “nostálgico”.
O que faz das Backrooms um “liminal space” (ou espaços liminares). Lugares vazios, surreais e estranhamente nostálgicos.
Isso que me faz gostar das Backrooms, no momento que inserem monstros, demônios ou aliens acaba com a “magia” do lugar (lógico, na minha opinião). Ter medo de monstros é algo normal na infância e em certo ponto até na adolescência, mas quando você se torna mais velho, isso se torna algo insignificante.
Se me perguntassem qual é o meu maior medo quando era mais jovem, provavelmente diria algo que vi em algum filme (mais específico a Sadako do filme “O grito”), mas hoje ?
Hoje sem dúvida meu maior medo seja a solidão (o que é engraçado, já que tenho uma vida de quase solidão).
Então sim, tenho mais medo de vagar sozinho por infinitos corredores completamente sozinho, do que vagar em infinitos corredores sendo perseguido por um monstro, justamente por conta do primeiro ser mais “real” e “palpável” do que monstros.
Eu até gostaria de ver a solidão da Backrooms, embora ache que possa não ser tão interessante um filme inteiro só sobre iss. Mas levando em conta o estúdio por trás, quem sabe não conseguissem ?
Mas levando em conta a história (Creepypasta), o público com certeza seria a galera mais nova (até como comentado no texto, a Creepypasta foi apresentada em sala de aula. Então os alunos são adolescentes) e vamos lá, adolescentes gostam de sustinho com som alto. Se o filme não tiver isso, então ele é classificado como “ruim” e “chato” (não os culpo, nessa época achava um monte de filme chato e que gosto bastante hoje).
E como o filme será direcionado para essa galera (poxa, só ver a idade do diretor, 17 anos), então o que dá para esperar é filme de monstro e susto a cada minuto. Posso me surpreender e calar a boca ? Sim, mas não é isso que esperarei (pelo menos até sair algum trailer).
No mais, irei conferir. Como disse, gosto da idéia das Backrooms e filme de terror é meu gênero favorito. Então seria legal ver algo das Backrooms em tela grande. E se tivermos sorte, até pode sair algo bom do filme. Não tem como ser pior que o filme do Slenderman, tem ?