4.3
(4)

Deus Abençoe a América
Original:God Bless America
Ano:2011•País:EUA
Direção:Bobcat Goldthwait
Roteiro:Bobcat Goldthwait
Produção:Jeff Culotta, Sean McKittrick
Elenco:Joel Murray, Tara Lynne Barr, Melinda Page Hamilton, Mackenzie Brooke Smith, Rich McDonald, Maddie Hasson, Larry Miller, Dorie Barton, Travis WesterLauren Benz Phillips

O primeiro teaser de God Bless America sugeria um filme extremamente violento, onde o protagonista acertava um tiro em um bebê, deixando a mãe ensanguentada. Porém, o diretor Bobcat Goldhwait (um comediante stand-up) traz uma crítica mordaz à sociedade americana e, por incrível que pareça, ele conta essa história de uma maneira perversamente divertida.

“Quando foi a última vez que você realmente conversou com alguém, sem que ficasse mandando mensagens, ou olhando para uma tela ou monitor? Uma conversa sobre algo que não fosse celebridades, fofocas, esportes ou política? Sobre algo importante. Algo pessoal.”

Este é um trecho de um diálogo de Frank com um colega do trabalho. Farto de tudo que o cerca, o mundo parece desmoronar para ele – divorciado e solitário, perde o emprego ao ser acusado de assédio quando tentava ser gentil com uma colega de trabalho, é diagnosticado com câncer terminal, sua filha não lhe dá atenção, pois para ela tudo na casa do pai é “chato”, a ponto de nem querer estabelecer uma conversa. Sem nada a perder, Frank pega uma arma e decide matar uma “celebridade”, uma garota que tem um reality show sobre sua vida – uma adolescente mimada e rica, que sempre reclama de coisas fúteis, e é adorada pelo público (uma péssima influência para sua própria filha). Nessa primeira empreitada de Frank, ele encontra Roxy, uma garota de 16 anos que compartilha do mesmo sentimento e frustrações e, juntos, passam a fazer o que muitos desejam, uma espécie de justiça com as próprias mãos – não contra criminosos, mas contra uma sociedade cada vez mais egoísta e fútil.

O tema já é batido, já vimos vários filmes debaterem sobre este assunto como Beleza Americana, Clube da Luta ou Um Dia de Fúria, mas aqui é mostrado de uma forma deliciosamente subversiva. Quem aqui nunca se irritou com o engraçadinho que atende o celular no cinema, ou fica fazendo piadinhas? Ou aquele cara que ocupa duas vagas no estacionamento? É nesse ponto que o diretor Bobcat toca: ele ataca a sociedade americana, mas a crítica hoje se encaixa perfeitamente em qualquer sociedade pelo mundo. As pessoas hoje estão cada vez menos civilizadas, e cada vez mais manipuladas pela mídia. No filme, o diretor mostra um cara desafinado, que não sabe dançar, ridicularizado pelo júri, mas se torna uma celebridade no programa de talentos (“Para Nossa Alegria”, ou “Luiza que está no Canadá”, soa bem semelhante a esta situação). Tudo é mostrado de forma bem caricata, mas é fácil identificar todos os pontos, basta ligar a televisão, acessar a internet, ou melhor, basta conversar com um colega do serviço, para se identificar com as situações mostradas no filme.

Frank e Roxy, muito bem interpretados por Joel Murray e Tara Lynne Barr, formam uma dupla com uma química perfeita, quase uma espécie de pai e filha, afinal, os dois compartilham dos mesmos ideais, dos mesmos gostos, das mesmas convicções. Mesmo rodando com um Camaro amarelo roubado, a dupla não parece ter problemas com a polícia, já que sempre buscam um motivo extra, do que simplesmente investigar os culpados pelos crimes. Mas como nem tudo é perfeito, Frank e Roxy têm que lidar com questões morais, o que não impede de atingirem seu objetivo final.

 

Um filme a se pensar: no rumo em que a sociedade está tomando, no que as pessoas estão se tornando…como diz Frank “por que ter uma civilização se não queremos ser civilizados?”. Em tempos de globalização, de inclusões digitais, de redes sociais, em tempos onde os pais não conseguem dizer um simples “não” a seus filhos, onde religiosos são os mais preconceituosos, onde todos estão mais egoístas e solitários…

Não vale a pena sair atirando em todos, não é essa a solução (mesmo que durante o filme pensamos que seja), mas vale a reflexão, ter mais senso sobre o que é certo e errado, enfim, se as coisas estão desse jeito, os únicos culpados somos nós.

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Média da classificação 4.3 / 5. Número de votos: 4

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1 comentário

  1. adorei esse filme,é perfeito,assistam galera.

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