Natal Sangrento
Original:Silent Night
Ano:2012•País:Canadá, EUA Direção:Steven C. Miller Roteiro:Jayson Rothwell Produção:Shara Kay, Phyllis Laing, Richard Saperstein, Brian Witten Elenco:Malcolm McDowell, Jaime King, Donal Logue, Rick Skene, Ellen Wong, Andrew Cecon, Courtney-Jane White, Erik J. Berg, Mike O'Brien |
É época de Natal, o que para muitos significa presentes, alegria, casa cheia, decoração colorida, comida farta, shoppings lotados e da visita de Papai Noel, é claro, aquele bom velhinho que trabalha o ano inteiro para no final do ano entregar presentes para as crianças boas do nosso planeta. Não deixa de ser, portanto, no mínimo provocativo a ideia de um Papai Noel assassino, um simbolo do bem usado para a mais pura maldade, como já retratado em diversos outros filmes.
Agora voltemos ao ano de 1984, ano de O Vingador Tóxico, Colheita Maldita e Sexta-feira 13: O Capítulo Final, ou seja, ano de grandes slashers. Mesmo que outros tenham vindo antes e feito mais sucesso, uma pequena película chamada Silent Night, Deadly Night (no Brasil, Natal Sangrento) foi controversa suficiente para causar certo embaraço e mexer com os brios dos pais conservadores ao usar essa premissa para exibir cenas sangrentas, que culminaram na realização de protestos públicos contra sua exibição (antes de sua estreia, inclusive) e forçou o lançamento nos cinemas originalmente picotado sumariamente pelos produtores.
Apesar de o filme ser mais conhecido pela “geração internet” por sua continuação, mais especificamente pela cena “Garbage Day!“, o original também era de baixo orçamento, mas nada tinha de trash, nem tosco. Dirigido por Charles E. Sellier Jr. (falecido em 2011), a produção era soturna, séria, com um improvável foco no assassino principal e infelizmente foi subestimado a época, naufragando na bilheteria em parte pela polêmica, em parte por estrear no mesmo final de semana que A Hora do Pesadelo… Nem preciso dizer que é um dos meus slasher movies favoritos, mas esta é outra história.
O ponto é que saltamos no tempo para o final do ano de 2012 e o diretor Steven C. Miller (revelado através do filme de zumbis Automaton Transfusion de 2006) brinda nossas festas com Silent Night, um “remake” – entre aspas, pois pouco tem a ver com o longa de 1984 – que respeita sua fonte para agradar os fãs antigos, com personalidade e roupagem atual, e tem sangue e pitadas de humor para aqueles que nunca ouviram falar da versão original, ou só conhecem o tal “Garbage Day!“, hehehe… Porém se eu te disser que apesar do elogio este é um slasher dos mais convencionais, que segue bem a risca a cartilha do gênero você ainda vai querer que eu escreva uma sinopse? Ok, então vamos lá…
Em uma cidadezinha tipicamente interiorana em que todos se conhecem a economia girava em torno de um moinho. Com ela desativada, seus habitantes “se viram como podem“, mas tem no Natal seu maior símbolo e a comemoração é motivo de orgulho para a maioria. Como em toda cidade pequena, boa parte dos moradores tem hábitos, digamos, não muito cristãos: desde a criança boca-suja ao padre tarado. E, colocando desta forma, se Papai Noel só entrega presentes para as crianças boazinhas, certamente outro que aparecerá em breve castigará as más e perversas. Logo na abertura já sabemos que ele não está para brincadeira ao eletrocutar um rapaz incauto, amarrado em uma cadeira, usando luzes coloridas.
Neste contexto conhecemos nossa protagonista, a oficial Aubrey (Jaime King de Perseguição Assassina e Dia dos Namorados Macabro 3D), filha de um policial aposentado e insegura na função que ele exerceu. Não demorará muito e ele começará a investigar a trilha de sangue deixada por este Noel sinistro. Junto em seu encalço também está seu chefe, o xerife Cooper (Malcolm McDowell, abrilhantando a produção e ganhando outro cheque rápido)… E juntos tentam descobrir como pegar um assassino vestido de Papai Noel quando metade da cidade também está fantasiada assim também.
As peças estão no tabuleiro e tudo o que eu posso dizer é que todos os 90 minutos alternam uma (ou mais de uma) cena de morte e um pouco de investigação. Sem novidades, certo? Então o que torna Silent Night valer a pena é a forma como ele é executado.
Se você desconsiderar a burrice dos personagens e colocando na cabeça que o que será exibido é uma propositada afronta aos seus neurônios, tudo flui muito mais facilmente. Os diálogos são risíveis, muitas situações beiram o ridículo, a física é violada algumas vezes sem vaselina, nudez é mostrada sem discernimento e o sangue jorra em profusão – algumas vezes tomando como base o material original, em outras encontrando sua própria voz.
Adicionalmente, como a contagem de corpos é alta, não há tempo para introduzir sutilezas e fazer suspense: por exemplo, o padre tarado interpretado por Curtis Moore é tão “filhadaputamente” exagerado que é de rachar de rir, e você sabe que ele vai morrer logo, logo, o que não deixa de ser um alívio quando isto acontece. E assim será com praticamente todas as vítimas do maníaco de barba branca postiça.
O diretor Miller – claramente inspirado por Fargo dos irmãos Cohen – dá pouco espaço para o espectador respirar e isto torna o filme ágil e pouco moroso, todavia é nítido que ele dá algumas cambaleadas quando tenta colocar algum contexto ao contar uma certa história de sofrimento da protagonista (e que Jaime enquanto atriz não consegue defender tão bem), o que seria interessante se estivéssemos falando de um filme mais sério, mas neste caso soa tão somente como encheção de linguiça; assim como o epílogo, que mostra as origens do assassino e é uma sobra tão desnecessária que poderia ter sido colocada de outra forma, ou facilmente suprimida em último caso.
Bem convencional, direto, simplista e com pouca substância enquanto filme, Silent Night não é grande, tampouco um clássico, porém entrega um remake honesto com uma roupagem moderna e o coração lá nos anos 80. A diversão consistente que ele proporciona vale, pelo menos, sua atenção nesta “noite feliz“.
So é filme e nao é realidade
já vi, é legal ,mas eu esperava mais,serve mas como filme de humor negro.aquele padre tarado é demais,ri pra baralho com ele.