12/12/12 (2012)

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12/12/12
Original:12/12/12
Ano:2012•País:EUA
Direção:Jared Cohn
Roteiro:Jared Cohn
Produção:David Michael Latt
Elenco:Sara Malakul Lane, Jesus Guevara, Steve Hanks, Carl Donelson, Laura Alexandra Ramos, Samantha Stewart, Rachel Alig, Erin O'Brien, Gregory Niebel, Shakira Ja'nai Paye

Não é de hoje que o cinema fantástico tenta destruir o planeta. Se nas décadas de 50 e 60, havia um receio em relação às guerras nucleares, principalmente com as grandes nações afirmando seu poderio bélico, com o passar do tempo o temor só piorou. Os monstros gigantes passaram a ser acompanhados por demônios e seitas malignas, aproveitando também as diversas profecias e crenças sobre o fim do mundo. Entre 1997 e 2001, o medo de um possível “armaggedon” chegou a mandar rostos conhecidos para o espaço (Armageddon, 1998), ondas gigantes invadiram os Estados Unidos (Impacto Profundo, 1998), dando, inclusive, mote para a realização de tranqueiras como Omega Code (1999) e Megiddo (2001). Mais pra frente, houve quem apontasse o dia 06/06 de 2006 como a provável chegada do AntiCristo (A Profecia, 2006), embora os Maias é que seriam os responsáveis pelo caos criativo, com a possibilidade de um desastre solar em 21 de dezembro de 2012. Nada poderia preparar o mundo para as desgraças que estariam por vir no gênero horror.

Se a megaprodução 11-11-11, de Darren Lynn Bousman, já não fosse ruim o bastante, a famigerada produtora The Asylum usaria sua competência picareta para fazer um horrendo 11/11/11, comandado por Keith Allan, num exercício de tremendo mau gosto. Não estando satisfeita pelo apocalipse mental realizado, ela ainda assumiu uma outra bomba, ainda mais horrenda que a anterior, aproveitando outra combinação de números: 12/12/12 – e que para nós, do Boca do Inferno, serve apenas como um lembrete do aniversário de 12 anos do site, completados no dia 10 de maio de 2013.

Talvez a única justificativa para o infernauta se interessar em assistir uma pérola Z como esta seja as risadas involuntárias que acompanharão todos os 86 minutos da produção. A diversão será proporcionada pelos inúmeros erros técnicos, pelo roteiro que parece ter sido escrito por um menino de doze anos, pelas atuações exageradamente canastronas e, principalmente, pelos efeitos especiais. Nunca um CGI fez tanta falta para um filme do gênero como neste caso, que fará você considerar Mega Shark vs Giant Octopus um trabalho digno de Oscar e O Ataque do Tubarão Mutante como o melhor filme desde Cidadão Kane.

Numa mistura indigesta de Nasce Um Monstro, Bebê Maldito, Grace e O Bebê de Rosemary, 12/12/12 é a data de nascimento do filho de Satã ou, para os íntimos, Sebastian, interpretado por uma boneca Nenequinha. Na verdade, o bebê só irá dar o ar da graça nos últimos dez minutos, quando sua barriga já estiver doendo de tanto rir. Até lá, ele irá matar dois médicos durante um parto, voando nos pescoços e rasgando as jugulares. Calma, não é tão legal assim: o monstrinho não irá mexer um músculo durante o filme inteiro permitindo apenas que os atores finjam que estão sendo devorados.

Ele também usará outras estratégias para atingir seus inimigos: basta você se aproximar e dizer um “oh, que cute cute…” para o malditinho produzir um efeito hipnótico, obrigando-lhe a se matar. Ninguém nem irá se importar com a aparência ridícula, nem com o fato dele dificilmente chorar, já que muitas vítimas virão do acaso, quando alguém estranhar um bebê abandonado na estrada e resolver levar para casa – deixando-o no chão da sala, por incrível que pareça. Neste caso, até eu me vingaria, se eu fosse o filho do capeta.

A sortuda mãe da criatura é Verônica (Sara Malakul Lane, de Sharktopus), casada com o latino Carlos (Carl Donelson) e irmã da escandalosa Gabriella (Laura Alexandra Ramos). Logo que retornam para casa depois do nascimento conturbado – o parto foi cesariana, mas ela saiu do hospital no dia seguinte – recebem a visita do detetive estereotipado Barnes (Steve Hanks, de Super Cyclone), que até vive com um pirulito para não ser menos óbvio. Ele sempre chegará rapidinho nas ocorrências, sendo sempre o primeiro a aparecer, sem deixar de tocar sua sirene para avisar da aproximação. Curiosamente, a sirene nunca estará ligada, apenas produzirá o som para estabelecer a sua função no filme!

Carlos irá beber água fervente, enquanto Gabriella terá o mesmo destino dos médicos, depois de protagonizar o diálogo mais idiota do filme ao reclamar que o bebê estaria flagrando-a no banho. Aliás, o Sebastian mostrará ainda mais sua maldade durante um pesadelo da mãe envolvendo um possível sexo oral com a criança (!!!). Contudo, será nos últimos minutos, quando o relógio chegar à meia-noite de 21/12 que 12/12/12 evidenciará seus maiores defeitos, com a aparição do culto, que já perseguia a criança desde o nascimento. Mortes, peitos da Verônica, e o demoninho com chifre e tudo mais para fazer o infernauta soltar um tremendo arghhh!

Ruim do começo ao fim, o longa tem a direção e roteiro de Jared Cohn, responsável por outros trabalhos da The Asylum, como Underground Lizard People (2011). Apesar da baixa qualidade técnica, há alguns boatos na internet sobre uma possível continuação, provavelmente intitulada 12/12/12: The Reborn – mas não estranhe se aparecer um 13/13/13 entre os trabalhos futuros da produtora, com o diabinho atacando jugulares e espalhando o horror…para o espectador.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

6 thoughts on “12/12/12 (2012)

  • 09/10/2019 em 16:16
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    Na verdade o final da trilogia é “11/12/13 – O Tri-Final”. mas sinceramente, eu comecei a rir IMAGINANDO A MULHER RECLAMANDO DO BEBÊ OLHANDO ELA NO BANHO… Como será que é no filme mesmo???

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  • 26/08/2013 em 05:50
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    Cara não deve ser pior que Seed Assassino em Série (2007) do cara de pau Uwe Boll, irei baixa só para dar boas risadas.

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  • 12/05/2013 em 23:09
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    Ri demais só com a critica dessa bagaça!!! Mas de jeito nenhum vou ver isso! rsrs

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  • 10/05/2013 em 22:31
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    rapaz,de tão ruim deve ser bom isso aí hein hahaha,me interessei agora.

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  • 10/05/2013 em 21:44
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    Eu me pergunto MUITO como funcionam as reuniões da “The Asylum” pra dar sinal verde a uma produção, lembro que vi uma entrevista a um tempo de um dos produtores da empresa perguntando “em qual outro lugar eu poderia produzir 12 filmes por ano?” e eu fiquei pensando “porra, me contrate que eu te prometo roteiros melhores!” uauhahua

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