Chromeskull: Colocadas para Descansar (2009) e ChromeSkull: Não Descanse em Paz (2011)

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Laid to Rest (2009)
O que pode ser pior do que a morte?
Chromeskull: Colocadas para Descansar / ChromeSkull: Não Descanse em Paz
Original:Laid to Rest
Ano:2009•País:EUA
Direção:Robert Hall
Roteiro:Robert Hall
Produção:Bobbi Sue Luther, Chang Tseng
Elenco:Bobbi Sue Luther, Kevin Gage, Lena Headey, Sean Whalen, Richard Lynch, Johnathon Schaech, Thomas Dekker, Nick Principe, Jana Kramer, Lucas Till, Anthony Fitzgerald, Seri DeYoung

ChromeSkull: Laid to Rest 2
Original:ChromeSkull: Laid to Rest 2
Ano:2011•País:EUA
Direção:Robert Hall
Roteiro:Kevin Bocarde, Robert Hall
Produção:Bobbi Sue Luther, Chang Tseng
Elenco:Brian Austin Green, Thomas Dekker, Mimi Michaels, Owain Yeoman, Danielle Harris, Gail O'Grady, Johnathon Schaech, Nick Principe, Christopher Allen Nelson, Angelina Armani, Brett Wagner, Allison Kyler

A relação entre sangue e horror sempre foi muito próxima. Se Hitchcock conseguiu chocar a audiência em Psicose, em 1960, o advento das cores no cinema possibilitou ampliar as possibilidades, principalmente quando, anos mais tarde, Hershell Gordon Lewis deu o pontapé inicial nos exageros avermelhados com seu Blood Feast. A partir daí, entre sutilidades e exposição extrema, o gênero sempre exigiu sua presença como parâmetro de qualidade, atribuindo aos slashers a responsabilidade de seu uso. Na última década, com o torture porn e o avanço dos efeitos especiais, o horror se aproximou da realidade, com cortes, mutilações e órgãos expostos que deram orgulho aos estudantes de anatomia, tornando os fãs do gênero cada vez mais exigentes. O que dizer, então, de uma franquia extremamente violenta num grafismo quase perfeito, capaz de impressionar até os mais calejados?

Laid to Rest é o nome do trabalho de estreia do especialista em efeitos especiais Robert Hall, dos filmes da série Atividade Paranormal, de John Dies at the End, Quarentena 2, entre outros. Com uma boa avaliação dos críticos mais pela qualidade técnica do que pelo conteúdo, o longa apresentou ao gênero o assassino Chromeskull, um homem desfigurado que veste uma máscara de caveira cromada – daí o seu nome – e costuma filmar suas atrocidades, torturando psicologicamente suas vítimas. Para o vilão, uma faca introduzida no intestino não é suficiente; é preciso enxergar suas entranhas saltando violentamente em um mar de sangue, gordura e músculos. As mortes são rápidas e peculiares, expondo o público ao seu ritual sádico e criativo, frio e feroz. Entretanto, os elogios se encerram aí já que o roteiro não traz inovações, a solução é óbvia e o elenco é fraco ou pouco exigido.

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Uma bela jovem (Bobbi Sue Luther) acorda presa no interior de um caixão num ambiente funerário. Sem saber as razões que a levaram até ali ou sua própria identidade, ela percebe brevemente que existe um assassino grotesco (Nick Principe) no local, esperando apenas o momento de encerrar sua produção em vídeo. Na busca por ajuda, a garota pega carona com o gentil Tucker (Kevin Gage), que a leva para casa apenas para que Chromeskull vá até lá e mate sua companheira. Depois a dupla, consegue a ajuda do solitário Steven (Sean Whalen), outro que acaba entrando para a lista negra do assassino. Simplesmente assim se desenvolve a trama de Laid to Rest, com os personagens fugindo de um lugar para outro, enquanto o algoz vai deixando um rastro sangrento pelo caminho.

Trata-se de um slasher trivial, cujo destaque está na violência e realismo das mortes, seja nas facadas no rosto, nas cabeças cortadas ou explodidas onscreen, no rosto arrancado, derretido, desfigurado…cada vítima encontra seu fim das maneiras mais inusitadas, trazendo formas criativas e exageradas de perder a vida. Chromeskull é silencioso e inteligente, antecipa os passos de suas presas, enquanto as tortura psicologicamente, utilizando o cadáver da mãe de Steven ou prendendo novamente a jovem num caixão ao lado de outros corpos.

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Alguns rostos conhecidos do público fazem parte do elenco, como o veterano e recém-falecido Richard Lynch (de Invasão USA, A Espada e os Bárbaros e outras 150 produções) e o jovem Thomas Dekker, de A Hora do Pesadelo (2010). Outro nome que se destaca está nos efeitos especiais: o experiente Kevin Carter, de Resident Evil 4, Corrida Mortal, Terror no Pântano 2 e inúmeras produções; o que torna evidente a qualidade técnica, embora o conteúdo não consiga surpreender. Com o sucesso do longa nas análises, tornando a máscara do assassino popular, era inevitável uma continuação, algo que Robert Hall promoveria em 2011.

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Desta vez, Hall permitiu a parceria na elaboração do roteiro de Kevin Bocarde. Ainda assim não foi suficientemente capaz de justificar a continuação, tendo em vista a cena final de Laid to Rest. Como Bobbi Sue Luther não quis repetir seu papel, foi substituída pela limitada Allison Kyler, numa cena rápida de nudez e morte violenta. A pontinha de Thomas Dekker no final do primeiro filme lhe rendeu um protagonismo na sequência ao lado de uma nova garota “deixada para descansar“: Jess (Mimi Michaels, de O Pesadelo 3), que, desta vez, acorda no interior de uma fábrica, local onde fica uma empresa que comanda e obedece aos atos de Chromeskull.

Se antes era apenas um slasher convencional, as intenções dos realizadores foi apresentar uma organização que envolve snuff e é patrocinada por sádicos empresários. Entre eles, nota-se o rosto íntimo do gênero de Danielle Harris (de Halloween 4: O Retorno de Michael Myers) e o ex-Barrados no Baile, Brian Austin Green, interpretando Preston, um insano da organização que almeja substituir Chromeskull. É apresentado todo o processo de transformação, embora o personagem seja limitado nos atos cruéis e peque por falar demais.

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Se no primeiro filme, o público estranhou a ausência da polícia no banho de sangue, neste cabe ao Detetive King (Owain Yeoman) ocupar o cargo e permitir as burrices típicas do gênero. O longa falha na cena de captura de Tommy, na porta da delegacia, e na incompetência dos policiais, incluindo o Agente de FBI Johnathon Schaech (Quarentena), quando descobrem o paradeiro do grupo criminoso. No local, algumas referências à franquia Jogos Mortais, com uma equipe inteira de policiais armados sendo massacrados pelos dois Chromeskulls e algumas armadilhas, e até O Albergue na tatuagem de identificação.

A organização de Chromeskull é extremamente eficiente e surreal. Comunicação por internet, onde o mudo Chromeskull digita suas intenções, sala de conferência, equipe médica…faltou só a tia que traz o café. Os absurdos em cena talvez funcionassem numa paródia ao estilo Terror no Pântano, porém o elenco trabalha com a seriedade de um clássico do gênero, algo que a franquia está bastante distante de se aproximar. Parece que a intenção seria criar um novo ícone do gênero, fazendo Chromeskull figurar ao lado de Jason Voorhees e Micheal Myers. Somente mortes violentas não são suficientes, quando não há carisma ou personalidade!

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Pelo final apresentado, tudo indica que o cinema extremo ainda verá o vilão em cena para mais mutilações e filmagens! Robert Hall já havia dito que a intenção original era a realização de uma trilogia, mesmo que não haja fundamentos para que os horizontes sejam ampliados! Vamos aguardar os próximos passos do assassino mascarado, esperando que o roteiro seja tão bom quanto os massacres exibidos!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

10 thoughts on “Chromeskull: Colocadas para Descansar (2009) e ChromeSkull: Não Descanse em Paz (2011)

  • 20/08/2019 em 15:40
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    Assisti o primeiro hoje e achei mais ou menos,gostei do gore mas a história é meio fraquinha e tem aquela coisa do personagem que vai inventar de fazer alguma coisa desnecessária sabendo que tem um assassino atras deles.Não assisti o segundo mas vi que o assassino volta,o que seria impossivel por causa do estrago que o acido teria feito no seu rosto,mas jason já mostrou decadas atras que tudo é possível num filme de terror.

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  • 16/03/2014 em 14:47
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    Pra quem critica filmes Goriest desses por exemplo , é sensível demais pro meu gosto , não é o filme pra você , não gosta de gore brutal que é a intenção do filme é passar isso , não há importância na sua história e muito menos cenas engraçadas , é gore pra me satisfazer e te – lo obrigatoriamente em meu extenso acervo de filmes goriest , quem é um gore-hound igual eu , vai concordar comigo que esses 2 slashers ultra-violento são FODA !!
    E que venha o terceiro o mais rápido possível , e é claro com mais Gore ainda !

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  • 30/07/2013 em 15:45
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    Tentei assistir ao primeiro, e é péssimo. Muita influência de Jogos Mortais para um slasher. Edição tipo videoclipe, terrível, terrível. A trilogia Terror no Pântano (Hatchet), pelo contrário, honra o subgênero; extremamente recomendável.

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  • 27/07/2013 em 16:00
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    O cinema já era colorido quando Hitchcock fez Psicose. Foi vontade do diretor a realização em preto-e-branco.

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    • 05/08/2013 em 05:54
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      Era não, estava se tornando. Filme coloridos já existiam desde o final do século XIX. Mas até o início dos anos 60 o padrão dos filmes era o preto e branco. Foi lá pra 1964 que os filmes com cores se tornaram o padrão. Se você pesquisar direito, verá que até 1962 e 1963 a maioria dos filmes no planeta eram filmados em preto e branco. Hollywood e o cinema britânico é que já estavam com filmes coloridos padronizados. Mas o resto do mundo não!

      No Brasil, por exemplo, até 1967 a maioria dos filmes ainda eram filmados em preto e branco.

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  • 26/07/2013 em 22:59
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    no frigir dos ovos, vale ou não a pena ver/gastar tempo? pergunto isso pois não tenho visto muitos filmes bons e isso me frustra muito . Maniac foi deprimente… não aguentei até o fim, pulei metade do filme de tão chato…

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    • 30/07/2013 em 22:21
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      maniac deprimente? sério mano? respeito tua opinião,mas o remake de maniac foi demais,já esse filme aí da crítica acima,mesmo sem eu ter visto é que deve ser deprimente,só pela sionopse já dá pra ter uma idéia da merda que é.

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      • 31/07/2013 em 18:13
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        deprimente não,o filme quer apenas mostrar um Gore bem feito e divertir ele consegue total exito nisso

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  • 26/07/2013 em 22:28
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    Sempre tive curiosidade de ver Laid To Rest e já tem continuação? Quem sabe depois eu dê uma conferida. Parabéns pela crítica Marcelo.

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