Silent Hill: Revelação (2012)

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Silent Hill - Revelação (2012)

Silent Hill: Revelação
Original:Silent Hill: Revelation 3D
Ano:2012•País:França, EUA, Canadá
Direção:Michael J. Bassett
Roteiro:Michael J. Bassett, Laurent Hadida
Produção:Don Carmody, Samuel Hadida
Elenco:Adelaide Clemens, Kit Harington, Sean Bean, Carrie-Anne Moss, Radha Mitchell, Malcolm McDowell, Martin Donovan, Deborah Kara Unger, Roberto Campanella, Erin Pitt

Já é uma briga antiga: fã de games x adaptações cinematográficas! É tão velha quanto as que envolvem fãs de quadrinhos, livros, filmes clássicos e remakes. Nesses combates o consenso é quase impossível, pois há sempre detalhes que impedem uma versão 100% idêntica do produto original. Talvez faltasse a entrega de um console para cada espectador em vez do óculos 3D para uma melhor apreciação de filmes como Mortal Kombat, Street Fighter, Double Dragon, Tomb Raider, Prince of Persia, Bloodrayne, Max Payne, Far Cry e Resident Evil, além dos execráveis House of the Dead e Alone in the Dark. Houve até um certo esforço na realização de Doom – A Porta do Inferno ao fazer uso dos movimentos em primeira pessoa, mas, mesmo assim, os gregos e troianos não entraram em comum acordo. No entanto, muitos concordam que uma das melhores adaptações, ou talvez aquela cuja atmosfera apresentada chegasse mais próxima do game, foi lançada em 2006, com o título nacional Terror em Silent Hill.

Christophe Gans dirigiu um filme de terror quase épico, com mais de duas horas de duração, cobrindo a tela de cinza e preenchendo a cidade-fantasma de Silent Hill com criaturas bizarras e assustadoras, facilmente identificadas nos jogos da Konami. Na trama, Rose (Radha Mitchell) e seu marido Christopher Da Silva (Sean Bean) estão preocupados com a filha adotiva Sharon (Jodelle Ferland), que é sonâmbula e está sempre mencionando a tal cidade macabra homônima do título. A mãe decide levar sua filha ao local em busca de respostas, mas, ao ser perseguida pela policial Cybil Bennett (Laurie Holden), sofre um acidente e perde a consciência e a garota, na entrada de Silent Hill. Com a estrada bloqueada, Rose e, mais tarde, Cybil saem em busca da pequena pelos prédios abandonados até encontrar a misteriosa Dahlia Gillespie (Deborah Kara Unger), cuja filha Alessa também está desaparecida e é idêntica a Sharon, algo que se torna ainda mais sinistro com a aparição de outras figuras, como a líder de um culto chamada Christabella (Alice Krige), alegando que a menina é uma bruxa que transformou a cidade nesse pesadelo, intensificado por uma sirene que dá início às trevas. Bruxaria, maldição, crianças queimadas, pessoas torturadas, Cabeça de Pirâmide, enfermeiras cegas e diversos monstros fazem do filme um espetáculo gráfico e curioso.

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Com um orçamento estimado em 50 milhões, Terror em Silent Hill não foi um sucesso absoluto. Teve um início fantástico, com 20 milhões no final de semana de estreia, chegando até o fim de sua passagem nos cinemas na casa dos 40. É claro que a recompensa viria nos DVDs lançados pelo mundo, fazendo um total de 96 milhões de dólares. A título de comparação, o Brasil conseguiu a marca de 720 mil espectadores, desde seu lançamento em 20 de agosto de 2006 até o fim de sua estada na tela grande. As críticas foram até positivas para o roteiro de Roger Avary, parceiro da locadora onde trabalhava Quentin Tarantino, mas o longa acabou desanimando o estúdio para uma continuação imediata por mais que o público clamasse por novos filmes baseados no universo criado nos games.

Demorou muito para a cidade de Silent Hill voltar a ser visitada. Seis anos se passaram entre negociações, roteiros saltando de mão em mão, escalação de elenco e produção. Muito se discutiu sobre a possibilidade de um reboot ou uma continuação direta do original – felizmente, a segunda opção foi a escolhida. Roger Avary até chegou a elaborar um rascunho do roteiro, porém acabou sendo preso depois do seu envolvimento num acidente de carro com uma vítima fatal, ocorrido em 2008, somado a duas acusações de lesão corporal embriagado. Assim, em 2010, Michael J. Bassett (de Solomon Kane – O Caçador de Demônios) foi contratado para roteirizar e dirigir o segundo filme, contando com o retorno de Sean Bean, uma pontinha de Radha Mitchell e os populares Malcolm McDowell (Halloween) e Carrie-Anne Moss (Ameaça Terrorista), e um orçamento menor: 20 milhões.

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Depois que completou dezoito anos, Sharon, agora chamada Heather (Adelaide Clemens), anda tendo pesadelos assustadores, envolvendo um circo macabro e personagens estranhos como o Cabeça de Pirâmide comandando um carrossel humano e a terrível incendiária Alessa, sua versão dark. As visões passam a assombrá-la também fora do estado onírico, enquanto ela tenta entender os motivos dessa maldição sem fim, já que não possui recordações de Silent Hill. Seu pai, Christopher – que também alterou o nome para Harry (Sean Bean) – evita a todo custo mencionar a cidade macabra, mudando constantemente de moradia para não ser encontrado pelos fiéis do culto do longa anterior. Em flashback, o público fica sabendo que Rose conseguiu encontrar a saída da dimensão alternativa de Silent Hill, mas a passagem só permitia a fuga de uma pessoa e ela escolheu a filha.

Em seu primeiro dia na escola, Heather conhece Vincent (Kit Harrington) e é perseguida por alguém que a reconhece, o detetive Douglas Cartland (Martin Donovan), que aparece no game Silent Hill 3, contratado por Claudia Wolf e o culto para encontrar a garota. Assustada, ela pede a ajuda do pai para buscá-la na escola, porém, antes que possa sair de casa, Harry/Christopher é sequestrado. Depois de enfrentar uma criatura, Heather chega em casa e lê uma mensagem escrita a sangue na parede: Venha para Silent Hill. Sem alternativas e contando com o apoio de Vincent, que depois revela-se como filho da líder do culto, Claudia Wolf (Carrie-Anne Moss), ela decide ir ao local, depois que encontra informações sobre a cidade numa caixa do pai e um medalhão. O rapaz conta a Heather que ela é o lado bom de Alessa e é preciso buscar a segunda parte do medalhão no asilo da cidade, com o seu avô Leonard (Malcolm McDowell).

As trevas tomaram conta da cidade definitivamente, espalhando o horror por todos os lados. Em sua jornada, Heather confrontará seu pesadelo no circo macabro e uma aranha feita de manequins, sem contar outras criaturas como as enfermeiras cruéis que cruzarão seu caminho. Mesmo contra a vontade do pai, ela irá buscá-lo e encontrará sua metade negra e a líder do culto para um combate mortal.

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É evidente a diminuição dos recursos de Silent Hill: Revelação. Além da história ser mais curta, a própria cidade já não é mais tão explorada como no primeiro filme. Há poucos ambientes visitados e quase nenhuma dificuldade para a protagonista, ao contrário do que vivenciou Rose no anterior. Os efeitos especiais já não são tão impressionantes – a própria maquiagem do ator Roberto Campanella para se transformar no Pirâmide, que demorava três horas no primeiro filme, apenas utilizou 25 minutos na continuação -, assim como a fotografia de Maxime Alexandre (Viagem Maldita, Espelhos do Medo) é inferior a de Dan Laustsen (Mutação, Pacto dos Lobos), facilmente notada na aparência da cidade, já não mais sombria, deteriorada. Observem o visual do circo: era para ser horripilante, assustador, destruído e bizarro, como um parque localizado nos piores pesadelos.

Se as questões técnicas não foram adequadas, o mesmo pode-se dizer das atuações. Adelaide Clemens (No One Lives) não soube expressar o horror diante das aberrações que cruzavam seu caminho, ou até mesmo ao reviver seu pesadelo – diferente de Radha Mitchell, que conseguia expressar desespero e ao mesmo tempo fragilidade; nervosismo somado a coragem de uma mãe no resgate da filha. Por outro lado, Malcolm McDowell faz um Leonard insano e assustador, mais um para a sua galeria de atuações corretas; e Carrie-Anne Moss atua bem como a vilã, mas sem a perfeição e a maldade de Alice Krige.

Silent Hill: Revelação inicia como um filme da série A Hora do Pesadelo, fazendo a protagonista mergulhar em alucinações reais. Já as bestas da cidade remeteram ao Hellraiser, principalmente com a revelação do lado sombrio de Claudia Wolf. Quando o espectador começa a se interessar pela trama, o filme chega ao fim, concluindo rapidamente com algumas aparições de personagens de outros jogos como o caminhoneiro Travis, de Silent Hill: Origins, e a escolta a um ônibus, visto em Silent Hill: Downpour, sinais que poderão estampar um sorriso nos fãs da série. No entanto, não serão suficiente para salvar a produção de uma avaliação apenas mediana.

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Se Silent Hill voltará a ser palco de histórias de horror, só o tempo dirá. Argumentos existem nos games e o espaço físico também é o ideal para um passeio pelo inferno. Talvez a produção precise de um pouco mais de capricho, não apenas um elenco conhecido em pequenas participações. E que não demore mais seis anos para um encontro com a placa Welcome to Silent Hill: os fãs do game e de uma boa história assombrada agradecem!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

6 thoughts on “Silent Hill: Revelação (2012)

  • 19/07/2016 em 16:04
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    oi eu ja assisti esse filme e ainda sou crianca todo ja viram da minha cidade mas enfim eu ja joguei o 1,2,3,4,origins e the arcade ja conheco muito esse filme e game entao a parte que achei horrivel um pouvo foi logo no comeco quando no carrossel tinham pessoas penduradas como os cavalinhos credo!!!! Mas a que eu mais achei engracada foi a das enfermeira se vc se mexe elas se mexem!! Kkk

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  • 17/01/2014 em 04:44
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    Esta é a melhor e sem duvida de longe a mais bem sucedida crítica sobre o filme, não é um primor de continuação, não assusta como no primeiro, a cidade não foi muito bem explorada, mais ainda sim ocupa o cargo de um dos melhores filmes de terror baseados em games….

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  • 27/10/2013 em 12:40
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    Não é aquilo tudo mesmo…, mas, melhor que muita coisa que R.E fez e faz por aí…

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  • 21/10/2013 em 13:59
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    Efeitos, roteiro e atuações sofríveis. Mas ainda é melhor que os filmes da franquia Resident Evil.

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  • 21/10/2013 em 11:51
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    Não gostei. =/
    Do filme, não da crítica. Inclusive esta crítica me fez imaginar se o Marcelo se sentiu como eu: Não irritado. Chateado. Mais um possível bom filme que… Enfim…

    – SPOILER –

    A cena dos caras levando o Vincent em uma maca para dentro da sala com as enfermeiras (em um ato de suicídio quaaaaase inconsciente) só não foi pior do que a última aparição do Piramid Head. Achei que, depois de derrotar a “cenobita”, a Heather iria jogar uma pokebola e capturá-lo. Cena de filme do Pokémon.

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  • 20/10/2013 em 23:57
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    uma caveira e meia,e só.filme muito absurdo.

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