A Casa Com Janelas Sorridentes (1976)

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A Casa com Janelas Sorridentes (1976)

A Casa com Janelas Sorridentes
Original:La casa dalle finestre che ridono
Ano:1976•País:Itália
Direção:Pupi Avati
Roteiro:Pupi Avati, Antonio Avati, Gianni Cavina, Maurizio Costanzo
Produção:Antonio Avati, Gianni Minervini
Elenco:Lino Capolicchio, Francesca Marciano, Gianni Cavina, Giulio Pizzirani, Bob Tonelli, Vanna Busoni, Pietro Brambilla, Ferdinando Orlandi, Andrea Matteuzzi, Ines Ciaschetti, Pina Borione, Flavia Giorgi, Arrigo Lucchini, Carla Astolfi, Luciano Bianchi

Mesmo que não esteja familiarizado com os gialli, certamente você já viu este filme antes: uma cidade isolada aparentemente pacata, um forasteiro que chega e um mistério que se desvenda aos poucos. De O Homem de Palha (1973) a Doghouse (2009), passando por Suspiria (1977), Colheita Maldita (1984), Chumbo Grosso (2007) e outras centenas de produções de diversos gêneros. A estrutura mantém-se a mesma. Dito isto, o que uma película europeia pequena dos confins dos anos 70 e desconhecida do público brasileiro chamada A Casa Com Janelas Sorridentes tem a oferecer? A resposta é: um pequeno clássico.

Este filme, dirigido e co-roteirizado por Pupi Avati (de Zeder), consegue o grande mérito de aliar uma fórmula relativamente batida com uma atmosfera de pesadelo e uma história de tensão crescente, com reviravoltas inteligentes para agradar ao fã das incursões italianas de crime e mistério.

A trama começa com uma perturbadora cena onde um homem é graficamente esfaqueado até a morte por uma figura que não é mostrada pela câmera, ao fundo um monólogo sobre a crescente insanidade do interlocutor. Em seguida estamos nos anos 50, e um jovem restaurador de arte chamado Stefano (Lino Capolicchio) chega a uma pequena cidade rural italiana, contratado pelo prefeito Solmi (Bob Tonelli) para restaurar e finalizar um afresco na igreja local retratando São Sebastião, que não pode ser terminado devido à morte do artista original Buono Legnani.

O padre mostra a pintura a Stefano e a coisa já começa a ficar estranha pelo tipo da obra que é apresentada, uma vez que em sua imagem mais conhecida São Sebastião tem seu corpo crivado por flechas enquanto na pintura de Legnani ele é esfaqueado por duas figuras obscuras.

Hospedado no pequeno hotel da vila ele se encontra com seu amigo Antonio (Giulio Pizzirani) e, enquanto desempenha seu trabalho, rapidamente fica obstinado em conhecer mais sobre a vida de Legnani, suas macabras pinturas, decidindo chafurdar cada vez mais fundo nos segredos do pintor, culminando na morte de Antônio antes que pudesse revelar o que sabe para Stefano e em uma série de ameaças anônimas.

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Educadamente expulso pela senhoria do alojamento onde está, Stefano encontra abrigo no casarão de Lídio (Pietro Brambilla), um ajudante na igreja que tem sérios problemas psiquiátricos, onde também vive sua mãe paraplégica e renegada. Com o passar do tempo, o restaurador acaba se envolvendo sexualmente com Francesca (Francesca Marciano), uma bela jovem das cercanias, e continua suas investigações sobre Legnani numa espiral obsessiva pela loucura do artista morto, buscando uma resposta ao mistério da morte de Antonio e do que o vilarejo esconde na casa onde Legnani nasceu (a tal casa com as janelas sorridentes) até que seja tarde demais para voltar atrás.

Flertando bastante com o gótico e com o surrealismo, Avati ganha muitos pontos no desenvolvimento do roteiro (que tem lá seus buracos) e em algumas boas sacadas – que não poderia contar aqui com medo de expor spoilers e tirar a diversão de se assistir pela primeira vez. Especialmente pelo fato de que não há nenhuma pressa em desenvolver a história, o que acaba trazendo alguns indesejados pontos de monotonia e deixando a película menos acessível ao grande público. Cozinhando o espectador em fogo brando, a crescente angústia e tensão geradas pela película culminam numa clímax repleto de reviravoltas que por si só já valem uma olhada na produção.

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Voltando ao surrealismo, a experiência que o filme imprime é amplificada pela fotografia lavada e pálida que traz um ar de pesadelo a toda a produção (especialmente nas cenas de flashback e nas pinturas de Legnani) e em diversos momentos em que a escuridão toma conta da tela e apenas silhuetas são mostradas, um “truque” que se mostra muito efetivo para a proposta do filme.

Apesar de termos cenas de grande impacto visual, a violência não é o maior chamariz, e o próprio roteiro valoriza muito mais os diversos segredos que a trama apresenta aos poucos (inclusive vários que não são resolvidos) do que quem é o assassino e as mortes em si. Desta forma o que vemos em A Casa Com Janelas Sorridentes é menos parecido com um Giallo tradicional.

Só é uma pena que não tenha uma distribuição mais decente. No Brasil o filme foi lançado pelo selo Cult Classic num DVD pelado, com o áudio italiano dublado em inglês e um sofrível trabalho de transferência de vídeo, uma constante da distribuidora. Com um elenco afinado e uma trilha sonora envolvente, no mais só posso deixar minha recomendação para que mesmo no minguado DVD nacional esta produção seja conhecida e admirada.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

4 thoughts on “A Casa Com Janelas Sorridentes (1976)

  • 15/12/2013 em 13:35
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    nome engraçado pra um filme de terror,mas parece bem interessante apesar de eu nunca ter ouvido falar.

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    • 03/01/2014 em 17:35
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      também, tu é fã só de estadunidense… acha que só lá que tem coisa boa?

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      • 09/01/2014 em 15:29
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        nossa,como as pessoas gostam de implicar com os meus comentários.cara,eu tbm gosto de filmes desconhecidos,mas eu não tinha ouvido falar desse mesmo,sorry 🙁

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