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O Retorno dos Malditos (2007)

O Retorno dos Malditos
Original:The Hills Have Eyes II
Ano:2007•País:EUA
Direção:Martin Weisz
Roteiro:Wes Craven, Jonathan Craven
Produção:Wes Craven, Peter Locke, Marianne Maddalena
Elenco:Daniella Alonso, Jacob Vargas, Michael Bailey Smith, Cécile Breccia, Archie Kao, Jay Acovone, Jeff Kober, Philip Pavel, Lee Thompson Young, Eric Edelstein, Jessica Stroup, Ben Crowley

Viagem Maldita, de Alexandre Aja, não só foi um dos melhores filmes do gênero de 2006 como também pode ser considerado um dos melhores remakes de todos os tempos. Aja nos colocou contra a parede em uma história sobre instinto primitivo e sobrevivência: a empatia com as personagens principais nos fez com que torcêssemos por elas como raramente acontecia nas produções atuais.

O sucesso puxa bilheteria, que puxa dinheiro, que puxa a ganância dos produtores e – finalmente – puxa uma continuação feita às pressas. Não é a primeira vez que vemos isso acontecer e certamente não será a última.

Como já não adianta ficar reclamando então o melhor jeito de começar esta análise é olhar os históricos dos créditos de The Hills Have Eyes II (batizado de O Retorno dos Malditos no Brasil): o diretor Martin Weisz é um destruidor de remakes, apesar de que, até então, só tinha feito um, o filme 60 Segundos. No roteiro, Wes Craven e seu filho Jonathan Craven assinam a história, o que não é grande coisa se levarmos em consideração que ele não escreve um roteiro decente desde 1994 (em Um Novo Pesadelo). Já sentiram o drama?

Enfim, a produção da continuação começa com uma conversa informal entre Wes Craven e o produtor Peter Locke (o mesmo de The Hills… 1, tanto o original quanto o remake). Na conversa, Craven divagava na possibilidade de que a personagem sobrevivente Brenda (interpretada em Viagem Maldita por Emilie de Ravin), traumatizada pelos eventos do filme anterior, entraria na Guarda Nacional como válvula de escape para o medo que sofreu.

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Todavia já no começo de seu treinamento básico, Brenda receberia um chamado do seu sargento para retornar ao deserto do Novo México para dar cabo dos mutantes remanescentes, pois apenas ela saberia dizer a localização dos monstros da colina. Devido aos conflitos de agenda de Emile com o seriado Lost, esse devaneio de Craven não pode ser concretizado (Amém!), só que a ideia básica foi mantida.

Como Alexandre Aja sabiamente não quis nem saber da continuação, a primeira escolha de Wes foi Michael J. Bassett (de Guerreiros do Inferno e do excelente Os Selvagens), mas também devido a conflitos de agenda (como essa desculpa é boa!) a vaga ficou com Weisz.

No verão de 2006 as filmagens ocorreram em Marrocos, nas mesmas locações de Viagem Maldita, e, já, em 12 de dezembro de 2006, pinta o primeiro teaser trailer na Internet. A divulgação prossegue até 23 de março quando o filme estreia, tendo como resultado uma tremenda decepção para quem esperava algo no nível do anterior, que não lembra nem de longe, o espetáculo de tensão que Alexandre Aja nos fez sofrer.

O filme abre com uma cena de parto, em que o sofrimento habitual da futura mãe é somada com o ambiente sujo e cruel que cerca, o que seria o momento do início de uma vida. Porém esta vida que começa é a de um novo mutantezinho e, após a concepção, a mulher é violentamente assassinada.

Dois anos após os eventos de Viagem Maldita, os militares, por algum motivo desconhecido (e provavelmente ridículo), decidiram reativar aquelas casinhas cheias de bonecos para simulação de bombas. O trabalho está indo conforme o planejado até que as aberrações aparecem e matam todos os trabalhadores do local.

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Corta para uma cena de guerra, onde tiros são disparados e soldados correm feito doidos. Ué? Estamos assistindo O Retorno dos Malditos ou Falcão Negro em Perigo? Não há engano algum, acontece que são recrutas fazendo uma simulação em uma área no deserto, fracassando terrivelmente. Devidamente esculachados pelo sargento Jeffrey Millstone (Flex Alexander – de Serpentes a Bordo -, que está tão entrosado aqui como se tivessem contratado Damon Wayans para o papel), eles seguem para o Setor 16 – o nome da área militar ultra-secreta onde os trabalhadores foram mortos – a fim de entregar alguns equipamentos.

Ah, sim. Eu sei que eles não merecem, mas vou apresentar os soldados que estão marcados para virar carne de açougue: além do sargento, há o Sr. politicamente corretoNapoleon (Michael McMillian), a “muito-gata-pra-ser-soldadoAmber (Jessica Stroup), a recruta mãe Missy (Daniella Alonso, de Wrong Turn 2), o esquentadinho Crank (Jacob Vargas de O Mistério da Libélula e Traffic), o gordinho cagão Spitter (Eric Edelstein), o matador Delmar (Lee Thompson) e os que só servem para a contagem de cadáveres Mickey (Reshad Strik) e Stump (Ben Crowley). Exatamente, são seis homens e apenas duas mulheres! Um mundo machista esse do exército…

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A equipe chega ao acampamento militar e não encontra ninguém, os rádios não funcionam devido a alta interferência das colinas, apenas um pequeno comunicador encontrado dá sinal com uma voz distante pedindo ajuda. A equipe acredita que se trata do chefe da base, o coronel Redding (Jeff Kober de A Última Viagem e O Preço da Ambição), e monta uma grupo de busca e resgate para verificar se a teoria procede. Todos vão, exceto Napoleon que vai proteger o banheiro químico – pois o sargento não vai com a cara dele – e Amber que ficará tentando algum contato no radio. Durante a caminhada Mickey quase cai em um túnel das minas e torce o tornozelo, por isso acaba também voltando para o acampamento.

Na cena seguinte Napoleon resolve fazer o “número 2” no banheiro químico e encontra um homem vivo dentro do “cagador“! Ahn? Como o homem coube ali? Isso que e viver na merda, hahaha… Antes de morrer de infecção generalizada o homem deixa implícito que foi obra dos mutantes, ou seja, os habitantes das colinas viraram torturadores e espiões também, porque como se não bastasse ateiam fogo ao caminhão de transporte e roubam os rifles de Napoleon e Amber sem que os idiotas percebam!

Amber corre para avisar o grupo principal, mas o primeiro mutante aparece e tenta capturá-la sendo ferido a bala por Mickey, que estava chegando ao acampamento. O mutante foge por um dos inúmeros túneis que cercam a colina, enquanto Mickey morre tragado por um outro buraco.

Mais à frente, na equipe principal, um outro mutante a ataca com pedradas, mas Spitter, tentando acertá-lo com o rifle, fere mortalmente o sargento, ao passo que Amber e Napoleon se unem ao grupo. Missy destoa do grupo e é capturada por um antagonista com intentos de procriação, como na abertura.

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E é basicamente isso. A história continua com os clichês excessivos que colocam os que sobraram da equipe dentro das minas para salvar Missy, porém os manjados conflitos internos colocam tudo a perder. A certa altura pinta um mutante extremamente bonzinho e uma placa de sobreviventes no pescoço de Napoleon, Amber e Missy. Não há surpresas, não ha reviravoltas e ao final concluímos que o filme definitivamente não tinha razão legítima de existir.

Como se a história já não fosse furada o suficiente, os diálogos drenam qualquer característica emocional que poderíamos ter com os recrutas. Os dois Craven’s no roteiro desenvolveram personagens unidimensionais de personalidade rasa e exagerada – enchendo as falas com palavrões e trocadilhos -; a única tentativa de humanizar uma personagem principal (com o vídeo do filho de Missy em seu celular) soa falso e falha miseravelmente. Nem parece o Wes Craven que um dia escreveu A Hora do Pesadelo e Last House on the Left.

Ah, mas temos o elenco. E que elenco! Corresponde certinho com a proposta do filme. Nenhum deles transmite a menor comoção ou senso de coletividade, não há um destaque positivo, até nos vilões que são apenas feios e mais nada. O único sentimento que me passou foi indiferença: você não os odeia, nem gosta deles, simplesmente você não se importa e deixa as coisas rolarem.

Quer ver violência? Assista ao trailer de John Rambo, em que os três minutos da prévia têm o dobro de violência de O Retorno dos Malditos inteiro. O início chega até ser um pouco mais forte, todavia conforme a ação se desenrola o nível cai drasticamente. Existem apenas cenas que nos estimulam mais pela nojeira e repulsa gráfica do que exatamente pelo teor chocante.

Por conta disso o suspense é muito restrito – praticamente nulo. Não há mais as armadilhas ou transmissão de sofrimento, os mutantes fazem confrontos diretos com uma ou outra sabotagem e os soldados possuem rifles como armas, o que não é nem um pouco amedrontador. Mesmo no ambiente claustrofóbico dos túneis, os sustos não passam na maioria dos odiáveis saltos na música.

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Existem sim alguns pontos positivos e são quase todos situados na introdução até vermos os recrutas, além da maquiagem bem desenvolvida por Greg Nicotero, sendo que o maior defeito fica justamente na comparação com seu antecessor: pois a direção de Martin Weisz não fez mais do que um slasherzinho capenga (ou um filme de ação medíocre, para dizer mais apropriadamente) no nível dos que infestam as locadoras todas as semanas.

Se existe um lado bom nesta continuação é que não tentaram refilmar The Hills Have Eyes – Parte II original que também é uma continuação apressada do sucesso anterior e conseguiu causar um desastre maior; pelo menos este bagaço não conseguiu macular a obra de Alexandre Aja.

Para fechar, como o filme custou 15 milhões de dólares e, apesar das péssimas críticas, rendeu mais de 36 milhões. Logo, não é de se admirar que os malditos possam retornar mais uma vez. Neste caso a pergunta fundamental a se fazer é: quem eles tentarão enganar agora?

O DESCASO DAS DISTRIBUIDORAS

Esta não é apenas uma análise sobre a continuação de Viagem Maldita, mas é também um pequeno protesto solitário sobre a vergonha que se tornou a distribuição dos filmes do gênero fantástico no Brasil nestes últimos anos.

As gigantes sempre que têm a oportunidade criticam as pessoas que fabricam legendas, compram filmes em formato alternativo e fazem downloads de seus filmes favoritos, acionando judicialmente e tratando o fã como criminoso, porém elas mesmas não dão o exemplo, atrasando indefinidamente grandes produções do mainstream para o cinema (por melhores ou piores que sejam) e fornecendo DVD’s lisos nas locadoras e no varejo, enquanto internacionalmente existem versões recheadas para todos os gostos e bolsos. Se a pirataria deve ser combatida, estão fazendo da forma errada. No caso específico de O Retorno dos Malditos o filme estreou no cinema dos Estados Unidos no dia 23 de março, porém a Fox do Brasil resolveu jogar a película direto em DVD apenas em 5 de setembro. Adiamentos, atrasos, cancelamentos… O que eles chamam de estratégia de marketing, eu chamo de desrespeito. Abaixo alguns outros exemplos dos mais escandalosos dos últimos anos.

TEMOS VAGAS
Estreia nos EUA: 30 de abril de 2007
Estreia no Brasil: 24 de agosto de 2007
Comentário: Mesmo na velocidade digital da Internet, a produção com nomes famosos como Kate Beckinsale e Luke Wilson aterrissa no Brasil com quase quatro meses de atraso e sem a decência de estrear nos cinemas saindo direto em DVD. Mais tarde inclusive do que o lançamento em DVD nos Estados Unidos. A Columbia Pictures deve ter achado que o Kuwait e as Filipinas são mercados mais potenciais que o Brasil, já que lá o filme chegou bem antes.

HOSTEL – Parte II
Estreia nos EUA: 8 de junho de 2007
Estreia no Brasil: 14 de setembro de 2007
Comentário: A história se repete do acontecido com a estreia de Hostel por aqui – que levou mais de três meses – mas ao menos contou com a visita do diretor Eli Roth ao nosso país. Então o que deu na Sony Pictures que simplesmente adiou a estreia do previsto 22 de junho para 14 de setembro, mesmo circulando cópias com qualidade de DVD pelos camelôs do Brasil? E por que ela simplesmente ignora os amantes da tela grande jogando o filme direto nas prateleiras das locadoras? E finalmente, de que adianta se o DVD lançado – que apesar de tudo está cheio de extras – virá com todos eles SEM LEGENDAS, como infelizmente acontece quase invariavelmente em todos os grandes lançamentos?

GRINDHOUSE
Estreia nos EUA: 6 de abril de 2007
Estreia no Brasil: 14 de setembro de 2007 (segmento Planet Terror) e 19 de outubro de 2007 (segmento Death Proof)
Comentário: Não bastou ter o nome de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez no cartaz. Além de exibir Planet Terror e Death Proof como filmes separados, causando a ira de alguns fãs, a distribuidora Europa Filmes ainda postergou a estreia em 6 meses para quem quer assistir ao segmento de Tarantino.

CAPTIVITY
Estreia nos EUA: 13 de julho de 2007
Estreia no Brasil: Um dia desses, num desses encontros casuais…
Comentário: O filme não é lá grandes coisas e também foi adiado nos states, mas a Lions Gate deu uma recepção gigantesca em marketing antes do lançamento, já aqui…

Cativeiro (2007) (2)

A MORTE PEDE CARONA
Estreia nos EUA: 19 de janeiro de 2007
Estreia no Brasil: 17 de agosto de 2007
Comentário: 7 meses de atraso, parece que o remake da produção homônima de 1986 veio para o Brasil de carona também… O Grupo Paris Filmes pisou na bola e o filme estrelado por Sean Bean se torna vitima do enrolação da distribuição.

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (2003)
Estreia nos EUA: 17 de outubro de 2003
Estreia no Brasil: 25 de fevereiro de 2005
Comentário: Certamente o caso mais conhecido do descalabro das distribuidoras. Nada menos do que 16 meses entre a estreia yankee e a nacional. A esta altura até o fã mais paciente e compreensivo perdeu a cabeça e procurou nas fontes alternativas. Pelo menos a Europa Filmes (mais uma vez!) soltou rapidinho uma edição de luxo em DVD duplo. Tardiamente, mas lançou.

CURIOSIDADES

– As minas foram criadas pela mesma equipe responsável pelas cavernas do filme Abismo do Medo;

Michael Bailey Smith, que interpretou o mutante Pluto em Viagem Maldita, retorna nesta continuação como o “chefe” Papa Hades. Pluto é um nome alternativo para o deus da mitologia grega Hades;

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6 Comentários

  1. Oloko os cara não fizerao o terceiro sistema os dois viagem maldita q e o melhor é esse q era pra ter continuação

  2. Perda de tempo total até envergonha um filme tão bom como Viagem maldita ter como sequência isso…

  3. Esse filme é uma droga!! Só presta a cena inicial, depois o filme se torna monótono e insuportável.Entra fácil na lista de piores continuações de filmes de terror!

  4. podem me apedrejar,mas eu gosto desse filme, é um bom entretendimento.

  5. Eu até achei o filme bonzinho, mas é igual à outros tantos por aí. E esses atrasos são realmente horríveis!
    Outros casos q poderiam ser citados é O Segredo da Cabana e Silent Hill: Revelação, fora os ótimos filmes q nem dão as caras por aqui como Martyrs, The Children, Audition e [REC]³: Gênesis.

  6. nunca assistir essa continuaçao. passou nao globo uns meses atras mas nao cheguei assistir. o remake supreendeu e tenso.

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