A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis (2005)

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A Volta dos Mortos-Vivos 4 (2005)

A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis
Original:Return Of The Living Dead: Necropolis
Ano:2005•País:EUA
Direção:Ellory Elkayem
Roteiro:Aaron Strongoni, William Buttler
Produção:Anatoly Fradis, Steve Scarduzio
Elenco:Aimee-Lynn Chadwick, Alexandru Geoana, Boris Petrof, Claudiu Istodor, Claudiu Trandafir, Constantin Barbulescu, Cory Hardrict, Cristian Popa, Dan Astileanu, Diana Munteanu, Elvin Dandel, Esther Nathalie, Gelu Nitu, George Remes, Harold Greene, Jana Kramer, John Keefe, Lorena Lupu, Mihai Bisericanu, Monica Mihaescu, Peter Coyote, Razvan Oprea, Serban Georgevici, Toma Danila

Nos anos 80, época de ouro para o cinema de terror, Dan O´ Bannon (o roteirista de Alien – O Oitavo Passageiro) escreveu e dirigiu um pequeno clássico chamado A Volta dos Mortos-Vivos, que mesclava terror e comédia e atualizava os zumbis de George Romero. Aqui eles comem cérebro, falam e correm! O sucesso foi tanto que a sequência foi inevitável. Três anos depois Ken Wiederhorn comandou A Volta dos Mortos-Vivos 2 dessa vez apostando mais na comédia que no terror e com isso dividindo opiniões de fãs no mundo inteiro. Há gente que odeia e há que ama. Já em 1993, Brian Yuzna (de A Noiva do Re-Animator) dirige a segunda sequência A Volta dos Mortos-Vivos 3, que adquire um tom sério e ao mesmo tempo romântico, onde um jovem e sua namorada transformada em zumbi vivem uma sinistra história de amor. O filme transformou a jovem atriz Melinda Clarke (na época Mindy Clarke) em símbolo sexual para toda uma geração de fãs que simplesmente babou (por mais estranho que possa parecer) na morta-viva Julie, cheia de piercings e pouca roupa.

A série era apenas uma trilogia até o ano de 2005 quando a Aurora Entertainment resolveu ressuscitá-la produzindo ao mesmo tempo duas sequências: Necropolis e Rave To The Grave.

O quarto filme começa com um bem humorado comercial de TV, em que a Hybra Tech, uma transnacional que produz desde videogames a armamento bélico, mostra todas as suas qualidades. A empresa é uma espécie de Umbrella Corporation de Resident Evil, só que ao contrário desta a população sabe na maior tranquilidade que a empresa produz de tudo e a Hybra Tech ainda se gaba de ser a responsável por conter a epidemia de mortos-vivos vista na terceira parte da série. O filme corta para a Romênia, onde Charles Garrison (Peter Coyote) está à procura dos barris de Trioxina, a letal substância que traz os mortos à vida. Charles é funcionário da Hybra Tech e, claro, tem planos especiais para a Trioxina.

A Volta dos Mortos-Vivos 4 (2005) (2)

O tal Charles Garrison (ou Tio Charles) é ainda o tutor de Julian (John Keefe) e seu irmão menor Jake (Alexandru Geoana) após a morte dos pais dos moleques. Ainda tem os amigos de Julian, obviamente os típicos adolescentes xaropes desse tipo de filme. São eles Becky (Aimee-Lynn Chadwick), Cody (Cory Hardrict), Katie (Jana Kramer), Zeke (Elvin Dandel), Mimi (Diana Monteanu, uma espécie de Paris Hilton) e o latino Carlos (Toma Danila). Tudo está na mais perfeita harmonia até que Zeke é sequestrado pela Hybra Techm para servir de cobaia e os amigos decidem salva-lo.

A Volta dos Mortos-Vivos: Necropolis é uma baboseira sem tamanho! É ruim que dói , mas por incrível que pareça eu não consigo odiá-lo como um House of the Dead por exemplo. Talvez porque em toda sua ruindade, com todos seus furos e atuações ridículas ainda consegue ser divertido. Os responsáveis pelo roteiro são William Buttler e Aaron Strongoni – Buttler pelo menos é bem conhecido dos fãs de terror. Além de roteirista é ator e diretor e como ator conseguiu a façanha de ser morto por quase todos os monstros do cinema, de Jason (em Sexta-Feira 13 – Parte 7) passando por Leatherface (O Massacre da Serra-Elétrica 3) e até por zumbis no remake de A Noite dos Mortos-Vivos. Na cadeira de diretor comandou o razoável Casa dos Horrores (Madhouse) e o escreveu em parceria com Aaron Strongoni, o mesmo deste Necropolis. E parece que ambos desaprenderam a escrever já que esta quarta parte da franquia dos mortos comedores de cérebro é um festival de asneiras e diálogos cretinos de fazer inveja a Claudio Fragasso, o pior roteirista italiano.

A Volta dos Mortos-Vivos Necrópolis (2005) (2)

Além disso os atores estão muito ruins. Os adolescentes xaropes até se dá um desconto, mas o veterano Peter Coyote devia ganhar um prêmio por atuação mais canastra do século. Pra se ter uma ideia sempre quando quer demonstrar algum tipo de expressão ele mostra os dentes! Sério, em toda fala e situação ele está lá, declamando os diálogos mais pés-de-china do mundo na maior seriedade e mostrando os dentes. Ele deve estar no filme pra pagar alguma conta de luz, de água, escola das crianças só pode ser isso mesmo.

As asneiras do filme começam quando os amigos decidem salvar o tal de Zeke. Ao chegarem na empresa , ajudados por Katie que trabalha no monitoramento de segurança, os jovens se deparam com dois mendigos-zumbis e matam os dois a tiros! Posso parecer incoerente, mas fato é que nenhum dos mendigos mostrou realmente ser um morto-vivo, já que nenhum tentou morder os jovens. Eles só estavam cambaleando e dizendo cérebro, será que se alguém na rua vier em sua direção falando isso já é motivo de despachar o infeliz com um tiro? Será que não pensaram que eram bêbados ou coisa parecida? Não, já disparam um balaço no peito de um! Além de adolescentes xaropes são assassinos frios e calculistas!

A Volta dos Mortos-Vivos Necrópolis (2005)

E o que dizer da premissa de invadir a filial de uma transnacional? Se isso já era ridículo e inverossímel, fique sabendo que pelo menos no mundo do cinema é a coisa mais fácil já que eles entram na maior facilidade na fábrica e não há um guardinha sequer! O mais ridículo é constatar que ao invadir a empresa eles ficam sabendo que o irmão do protagonista, aquele que só gosta de brincar com fogo, já tinha entrado antes deles! Hahaha… a juventude de hoje está cada vez mais esperta já que moleques de uns 13 anos conseguem arrombar facilmente transnacionais. Sem contar que o cartão magnético que abre as portas (dado por Katie, a segurança) é mágico já que tem acesso a todos os níveis da empresa, até aqueles ultra-secretos como a ridícula sala de Bio-Armas. Pra que uma reles segurança teria acesso ao projeto secreto da empresa? Mas da bizarra sala de Bio-Armas falarei mais a seguir.

Sem contar que a tal Hybra Tech é o cúmulo da pobreza. Além dos produtores usarem o mesmo cenário da escola dos jovens (isso que é contenção de despesas), a fotografia é demasiada escura. Será que os corredores da Hybra Tech deveriam ser tão escuros? Mas não demora e os jovens se encontram com o personagem de Peter Coyote, Tio Charles (sempre mostrando os dentes não se esqueçam), que deve ser o único cientista de toda a empresa já que praticamente só ele aparece fazendo experiências e sempre nas salas mais escuras que o normal. Eles então sequestram o tio Charles para que ele mostre onde está Zeke. Numa cena risível (eu pelo menos não aguentei) Carlos, o latino, intimida Charles com uma arma e o manda abrir a porta da cela onde está Zeke. Coyote no limite da canastrice, diz: Eu não tenho acesso…e pior fala isso mostrando os dentes! Hahahaha… Falando sério, essa cena deveria entrar pros anais do Cinema no quesito canastrice, e Coyote deveria ganhar um prêmio Nobel da Canastrice se um dia for inventado.

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E o que dizer de certo momento em que indagado qual seria o plano da Hybra Tech, Tio Charles solta a pérola: Dominação Mundial!.. hahahaha.. esse é um daqueles momentos capazes de fazer um Cláudio Fragasso da vida ter orgasmos múltiplos! Sem contar que em meio a essa baboseira toda há uma subtrama totalmente descartável envolvendo os pais de Julian. E o que dizer das atitudes totalmente incoerentes dos jovens? Por exemplo, quando ouvem um barulho na sala, TODOS decidem ver o que é, deixando Tio Charles sozinho. Logo, ele, obviamente, foge para colocar em prática seu plano B! Orra, bando de antas!

Aí que o filme começa a ficar interessante. Os zumbis de Necropolis (uma instalação na empresa) conseguem escapar de suas celas e tocam o terror na instalação. Até então o filme pode ser acusado de tudo menos de não ser sangrento! É sangue e nojeiras que não acabam mais, de não fazer feio aos clássicos! São cabeças arrancadas, zumbis comendo cérebro, tiros extremamente sangrentos, cabeças esmagadas por rodas de veículos e até uma cabeça explodida no melhor estilo Despertar dos Mortos ou Zombie de Lucio Fulci! Não é pra menos, a equipe de maquiagem é a Optic Nerve de Tom Savini e John Vulich e talvez seja a única coisa que salva o filme.

Mas o festival de baboseiras continua: os adolescentes conseguem tranquilamente usar armas pesadas como metralhadoras e escopetas; os zumbis não se decidem se morrem com tiros na cabeça ou tiros no peito; sem contar que ao verem que suas armas estão descarregadas os jovens decidem lutar “mano-a-mano” com os mortos-vivos! Ou ainda quando os mesmos adolescentes estão encurralados no terraço de um prédio e decidem escapar fazendo rapel (!!!). Eles são praticamente ninjas!

Só pra aumentar o festival de bizarrices, em certo momento Julian e amigos devem entrar numa tal sala de Bio-Armas. Pra começar a tal sala é simplesmente uma portinha mequetrefe de madeira que é aberta com o cartão da segurança Katie! Ou seja, além de ser uma portinha de nada bem fácil de arrombar o acesso ainda é liberado para os meros seguranças! E quando entram na sala, nada mais é do que uma salinha como as outras com uma mesa cheia de armas e uma meia dúzia de arminhas de plástico penduradas na parede! E um deles ainda tem a cara-de-pau de dizer: Cara, dá pra fazer uma Terceira Guerra Mundial com isso aqui! hahahaha… só rindo! Se você pensava que nada poderia ficar mais bizonho/ridículo do que já estava, por favor pense de novo. É nesse momento que entra em cena dois personagens estilo Nêmesis de Resident Evil! Os dois até que tem estilo: um carrega uma metralhadora giratória e o outro uma serra-elétrica circular, mas chega a ser frustrante quando entram em cena pra praticamente não fazer nada. Dois personagens que tinham tudo pra causar uma boa impressão mas na primeira tentativa são exterminados pelos adolescentes na maior facilidade. E ao ver os dois o herói Julian solta mais uma pérola: Foram transformados em soldados cibernéticos com um único propósito: matar. Hahaha…

Depois disso a diversão continua a todo vapor com mais zumbis, sangue e tudo mais até que finalmente uma equipe da Swat é chamada para dar cabo dos mortos-vivos. Imagine uma equipe da Swat. Agora divida por 10! A equipe da Swat do filme nada mais é que um tanque, um caminhão e oito policiais! Isso pra matar mais de 50 zumbis famintos!

Mas A Volta dos Mortos-Vivos 4 tem seus méritos. Além de ser sangrento e divertido (mas não se iluda, só depois de mais de meia hora de filme que ele realmente engata), ainda tem a coragem de matar crianças. Tirando isso tem toda aquela aura de filmes italianos trash estilo Bruno Mattei e os diálogos canastrões bem que poderiam ter saído da mente de um Claudio Fragasso da vida. Portanto, só assista se estiver no clima de presenciar um filme trash com todas as falhas mas também todos os acertos citados aqui. Mas mesmo assim é uma pena constatar o declínio de um cineasta como Ellory Elkayem, que teve seu debut com um filme extremamente divertido com ares de filme B, Malditas Aranhas, de 2001. Mas essa saga dos mortos ainda não acabou! O outro  filme é Return of the Living Dead: Rave To the Grave, que foi filmado ao mesmo tempo que este (pra economizar) e ainda por cima na Romênia (também pra economizar). Vamos ver onde esses mortos vão parar…

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Bruno C. Martino

É escritor e ator. E tem uma predileção por filmes de vampiros saltitantes chineses.

6 thoughts on “A Volta dos Mortos-Vivos: Necrópolis (2005)

  • 16/11/2018 em 23:40
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    No 4 também tem a cena genial do zumbi pegando o telefone e falando pra mandar mais seguranças kkkkkkkkkk

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  • 20/09/2017 em 21:55
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    Já assisti todos mas meu predileto e A volta dos mortos vivos 3 o melhor na minha opinião…???

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  • 01/05/2014 em 18:29
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    Não é tão ruim assim , é um pouco lento mais é divertido e bem sangrento . A volta dos mortos – vivos 4 Necrópolis faz parte da minha coleção .

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  • 28/04/2014 em 01:29
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    Aluguei essa tranqueira achando que seria, no mínimo, bom, mas esse filme fede de ruim.

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  • 27/04/2014 em 09:45
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    nunca assisti esse filme,e a sua nota não é muito animadora hahaha.

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