Rastros no Espaço
Original:The Monolith Monsters
Ano:1957•País:EUA Direção:John Sherwood Roteiro:Norman Jolley, Robert M. Fresco, Jack Arnold Produção:Howard Christie Elenco:Grant Williams, Lola Albright, Les Tremayne, Trevor Bardette, Phil Harvey, William Flaherty, Harry Jackson, Richard H. Cutting, Linda Scheley, Dean Cromer |
Ah, os anos 50… Tempo de ameaça comunista e paranoia… Tempo de filmes em preto e branco, pessoas correndo pelas ruas e apontando para monstros gigantes feitos de borracha, destruindo postes de alta tensão ou prédios de papelão. É o tipo de coisa tão encapsulada nesta década e possui um charme que não se vê hoje em dia.
A Universal certamente soube surfar nesta onda e lançou películas de ficção científica com monstros e ameaças do espaço. Veio do Espaço (1953), Tarântula! (1955), The Deadly Mantis (1957)… O interesse era alto e o orçamento era baixo, então são tantas que é possível especular que a produtora tinha praticamente toda semana um filme no tema passando nas telas.
Um deles, Rastros do Espaço, de 1957, possui todos os elementos que consagraram o gênero e como tantos outros com uma pequena diferença: é um filme de monstro gigante e destruição sem um monstro gigante… São rochas gigantes! Mas segurem este pensamento, explico melhor daqui a pouco. Rastros do Espaço foi dirigido por John Sherwood, que já havia estado a frente de À Caça do Monstro (1956), terceiro filme da franquia iniciada por O Monstro da Lagoa Negra (1954) e co-roteirizado por Robert M. Fresco (falecido em fevereiro de 2014) de Tarantula!
Como muitos outros, a produção começa com uma narração sobre como a Terra é bombardeada por meteoros todos os dias e o perigo que isto representa, até que em uma região desértica da Califórnia um deles cai próximo de uma pequena cidade, espalhando seus fragmentos negros por toda a parte.
Ben (Phil Harvey), um geólogo que está com problemas no radiador de seu carro, nas proximidades encontra estas rochas e fica curioso pela sua cor forte e aparência vulcânica, pegando um punhado e levando para a cidade. Quando ele já se foi, sem perceber, acaba derrubando um pouco de água do radiador em uma outra pedra similar e ela começa a esfumaçar como um sonrisal. Tchaaaaammmmm!!!! A ameaçadora música aguda da Universal nos avisa que é uma coisa para ficar atento.
Ben então leva a rocha para seu laboratório e derruba um pouco de água sobre ela durante uma tempestade. A rocha inerte começa a crescer em um obelisco, outro “Tchaaaaammmmm!!!!” toca e, no outro dia, Dave (Grant Williams), o outro geólogo e, por acaso, nosso herói, entra no escritório e só vê destruição e pedras pretas. E pior, o próprio Ben virou pedra!
As autoridades não sabem o que pensar e o que fazer. No meio tempo a “peguete” de Dave e professora Cathy (Lola Albright) leva umas crianças para uma excursão no deserto – um programão de índio. Uma das meninas encontra uma “pedra preta bem legal” e resolve levar para casa. Ela coloca dentro de uma bacia de água na varanda e entra em casa quando…. Tchaaaaammmmm!!!! Dave vai a casa da menina e encontra a casa demolida, centenas de pedras pretas e os pais dela nas mesmas condições de Ben. A garotinha é encontrada viva, mas em choque e com a mão lentamente endurecendo.
Pulando toda a parte “científica” do negócio, Cathy e Dave procuram entender o que é esta rocha (tente contar quantas vezes os personagens falam sobre sílica, silicato ou silicone) e qualquer tratamento que puderem encontrar para a menininha antes que ela vire uma estátua de pedra também. O único fato relevante que averiguam é que a rocha cresce exponencialmente quando entra em contato com água doce, se quebra e se multiplica reiniciando o processo e as pessoas em volta acabam tendo os órgãos petrificados.
O “filme de monstros” começa efetivamente quando as coisas saem de controle quando… Tchaaaaammmmm!!!! Começa a chover no deserto. Aí o bicho pega, com as pedras crescendo, caindo, se fragmentando e crescendo novamente até que fica cada vez mais próximo do centro da cidade e uma medida drástica precisa ser tomada antes que toda a humanidade seja dizimada e a Terra se torne uma grande Fortaleza da Solidão do Superman.
Com todos os defeitos e clichês que uma produção de quase meio século atrás, estando a ciência de boteco, a falta de lógica nas decisões de alguns personagens e revelações de última hora, Rastros do Espaço diverte primeiramente por sua premissa única, com um vilão inorgânico que não tem motivações e do qual não se pode fugir ou matar (mesmo a solução final dada pelos personagens é puramente paliativa).
O elenco é bem entrosado, e a direção rápida para fechar o filme em menos de 80 minutos. Não posso deixar outra opinião a não ser recomendar uma olhada aos que não estão mais interessados em qualquer outro bicho nuclear dos anos 50. Aos colecionadores, o filme pode ser encontrado em DVD na coleção Classic Sci-Fi Ultimate Collection lançada pela Universal nos Estados Unidos que possui diversas preciosidades da época.
parece bom.
Obrigada por me levar nessa viagem nostálgica de volta à infância nos anos 70 quando tudo o que víamos na tv tinha sido produzido no mínimo na década anterior nos EUA. Sem sofisticação alguma nos (d)efeitos especiais e mesmo assim eu ficava morta de medo com todas aquelas bobagens que nos impactavam nesse clima de boom da ciência misturado à Guerra Fria. Adorei!!!