Beneath
Original:Beneath
Ano:2013•País:EUA Direção:Ben Ketai Roteiro:Patrick Doody, Chris Valenziano Produção:Nick Phillips, Kelly Wagner Elenco:Brent Briscoe, Kurt Caceres, Eric Etebari, Jeff Fahey, Lauren Gores, Molly Hagan, Joey Kern, Ashway Lawver, Jason Masek, Kelly Noonan, Rene Rivera, David Shackelford, Mark L. Young |
Tenho para mim que a claustrofobia é um dos medos mais fundamentados que uma pessoa pode ter. Não sou, mas considero ser extremamente compreensível que ficar enclausurado em um espaço pequeno, solitário e privado dos recursos básicos que tornam nosso mundo civilizado é de causar arrepios. Se para pessoas comuns por algumas horas já é aterrorizador, como não se lembrar que em agosto de 2010 um grupo de 33 mineiros no Chile sofreu com o pior desastre em minas subterrâneas, ficando mais de 2 meses debaixo da terra após o desmoronamento de parte da mina onde trabalhavam? Desta tragédia real, o fraco suspense Beneath se baseia, como qualquer exploitation de quinta categoria faria questão de alardear. Mais oportunista, impossível.
Pois tenham como base o roteiro escrito por Patrick Doody e Chris Valenziano (O Ataque dos Insetos) e comparem para ver se é remotamente parecido com o incidente no Chile: George Marsh (Jeff Fahey, Planeta Terror) está se aposentando depois de anos como um respeitado mineiro de carvão. Sua filha Samantha (Kelly Noonan, A Face do Mal) resolve acompanhá-lo neste último dia de trabalho antes de seguir sua própria carreira como advogada ambiental (irônico, não?). E tudo acontece como planejado: eles passam um dia agradável como pai e filha e todos bebem uma cerveja no final…
Claro que é mentira! Uma falha em um equipamento de perfuração termina em colapso e vazamento de metano. Os Marsh e a equipe de perfuração estão presos, sem perspectiva de resgate próximo e o oxigênio se exaurindo aos poucos… Quando a filha começa a ter visões de imagens aterrorizadoras com a equipe se transformando em monstros ela passa a questionar se ela está ficando louca ou existe algo de sobrenatural acontecendo. Independente do motivo, todos vão ficando com os nervos a flor da pele, surgindo a possibilidade de eles se matarem como outra equipe de mineiros dos anos 40 que ficaram presos em situação semelhante.
Não dá para negar que claustrofobia e paranoia podem trazer bons argumentos para uma trama de sucesso, e o diretor Ben Ketai (30 Dias de Noite 2: Dias Sombrios) começa bem, com conflitos latentes entre pai e filha, o medo do desconhecido ao entrar pela primeira vez na mina e quando tudo vai para o inferno. O problema é que as coisas descambam para a clicheria rapidamente, e o grande atrativo – o medo de lugares apertados e a tensão intima – some para dar lugar a correria e situações desgraçadamente convencionais de um slasher de qualquer nota.
Sem o reforço de laços dramáticos para tornar o longa mais real e, por outro lado, jogando possibilidades sobrenaturais a esmo só “para ver se cola“, as soluções acabam perdidas no contexto e mesmo o enclausuramento deixa de ser algo a se temer para se entregar a um ou outro jumpscare aleatório. Uma pena, pois a ambientação na mina é perfeitamente retratada e Jeff Fahey está ótimo no papel, mas não salvam o que teria potencial para ser um suspense dramático bem sólido, virando uma visita a um túnel do terror de parquinho.