Instinto Selvagem 2 (2006)

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Instinto Selvagem 2 (2006) (3)

Instinto Selvagem 2
Original:Basic Instinct 2
Ano:2006•País:UK, EUA, Alemanha, Espanha
Direção:Michael Caton-Jones
Roteiro:Leora Barish, Henry Bean,
Produção:Mario Kassar, Joel B. Michaels, Andrew G. Vajna
Elenco:Sharon Stone, David Morrissey, David Thewlis, Stan Collymore, Neil Maskell, Jan Chappell, Terence Harvey, Hugh Dancy, Indira Varma, Charlotte Rampling, Flora Montgomery

“O que você espera de mim? Se eu digo que não matei aquelas pessoas você não acredita. Se eu digo que matei, você também não acredita. O que quer que eu diga?”

Uma das sequências mais esperadas dos últimos anos. Foi desta forma que um Instinto Selvagem 2 (Basic Instinct 2, 2006) foi tratado por grande parte da mídia bem antes do seu lançamento. E após uma primeira exibição, a mesma crítica, que tanto esperou pelo novo filme, novamente se uniu (salvo raras exceções) para classificar a produção como uma das piores da história. Puro exagero, uma vez que Instinto Selvagem 2 nada mais é do que um filme quase semelhante ao primeiro e de certa forma, até mais refinado e melhor produzido. Mas para falar de Instinto Selvagem 2, é necessário acompanhar o drama real que foi trazer o roteiro para as telas.

Quando o primeiro filme foi lançado, em 1992, pelo diretor Paul Verhoeven (Tropas Estelares, 1997), público e crítica aprovaram a história da escritora Catherine Tramell (a então pouco conhecida Sharon Stone, aos 34 anos), principal suspeita de um assassinato. Para investigar a moça, é designado o policial Nick Curran (Michael Douglas), que não demora muito para se envolver sexualmente com a garota, protagonizando com ela memoráveis cenas de sexo, enquanto outras mortes começam a acontecer. Fruto do bom roteiro assinado por Joe Eszterhas (Showgirls, 1995), o filme fez sucesso e projetou Stone como estrela de primeira grandeza, além de ter rendido boas criticas para o filme como um dos melhores thrillers do ano.

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Após Instinto Selvagem, todos os envolvidos na produção aproveitaram os momentos de fama alcançados para se manterem na ativa e Stone foi a que melhor soube tirar proveito disso se envolvendo em produções que ajudariam a mantê-la em destaque pelos anos seguintes. A então estrela participou do controvertido Invasão de Privacidade (Sliver, 1993), O Especialista (The Specialist, 1994), que deu para Stone o MTV Movie Awards de “mais gostosa” e Cassino (1995), que naquele ano rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz para a moça. Já o final da década de 90 não foi tão generoso para a estrela que amargaria alguns fracassos comerciais além da descoberta de um aneurisma no cérebro no ano de 2001, que obrigaria Stone a se afastar dos holofotes para tratamento.

A ideia para um Instinto Selvagem 2 teria surgido no final da década de 90, mas diversos fatores atrasaram o projeto para que fosse filmado apenas em 2005. Os principais motivos para a demora da sequência respondem pela dificuldade em escolher um novo diretor, uma vez que Paul Verhoeven não demonstrava interesse no filme, além do veto de Stone aos atores que fariam par com ela e principalmente a falta de um roteiro que não fosse apenas bom, mas excelente, pois tal projeto era considerado de risco.

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Sharon Stone não apenas conhecia esses riscos como parecia pressentir que o processo de produção seria bastante conturbado, tanto que, somente concordou em participar do filme após assinar um contrato conhecido como “pay or play“, em que receberia seu cachê, no valor de US$ 14 milhões, na íntegra independente da realização do filme e que as filmagens começassem até fevereiro de 2001.

Enquanto isso, um bom roteiro estava sendo procurado, além de alguém pra assumir a cadeira de diretor. Nomes como David Cronenberg (A Mosca, 1986), John McTiernan (Duro de Matar, 1988) e Jan de Bont (Twister, 1996) foram divulgados como envolvidos na produção, mas logo eram afastados, por diversos motivos, como Cronenberg que teria exigido que a equipe técnica com a qual costumava trabalhar fosse também contratada para o filme. Além dos diretores que eram descartados, a escolha de um par para Stone também estava dando muita dor de cabeça aos produtores, pois quem não era vetado pela atriz, como Benjamin Bratt (Mulher Gato, 2004), era preso por posse de drogas, como Robert Downey Jr. (Gothika, 2003) ou tinha algum problema com cenas de nudez, no caso de Kurt Russell (Fuga de Los Angeles, 1996). Além dos atores que foram convidados e recusaram como Pierce Brosnan, Viggo Mortensen, Benicio Del Toro, Aaron Eckhart e Bruce Greenwood.

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Como tudo isso atrasou e muito o início das filmagens, em junho de 2001, Sharon Stone não teve dúvidas e entrou na justiça americana contra os produtores, creditando a eles a demora para a realização do filme e exigindo o pagamento do salário e uma quantia aproximada de US$ 100 milhões, por prejuízo de projetos que ela não pôde participar por aguardar as filmagens de Instinto Selvagem 2. Não se sabe exatamente o resultado do processo na justiça, mas em 2004, Stone anunciou que havia acertado suas pendências com o produtores e que o filme iria ser realizado, o que aconteceu apenas um ano depois, em 2005, quando a atriz estava com 47 anos, mas em plena forma.

Tudo que é interessante começa na mente

É dentro de um carro em alta velocidade, nas ruas de Londres, que reencontramos Catherine Tramell em Instinto Selvagem 2. Acompanhada de um atleta, a escritora está fazendo o que sabe de melhor, sentir prazer, mesmo o veículo estando a uma velocidade superior a 160 quilômetros por hora. Após um acidente, que culmina na morte do atleta, Catherine passa a ser investigada pelas autoridades londrinas por possível assassinato. Atendendo a um pedido da polícia, o respeitado psiquiatra Michael Glass (David Morrissey) é designado para fazer uma avaliação psiquiátrica da escritora, mas logo o médico se sente atraído fisicamente pela sua cliente, levando-o a um jogo de mentira, sedução, manipulação e até assassinatos.

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Considerada inocente e mentalmente capaz, a escritora é liberada pela justiça, mas logo ela volta a procurar o psiquiatra para sessões que vão provocar uma atração capaz de destruir não apenas a carreira do médico. Conforme outras pessoas ligadas a senhorita Tramell, e posteriormente também ao doutor Michael, vão sendo assassinadas, começa uma batalha psicológica de perspicácia e sedução entre os dois baseada no desejo mútuo de ambos e nos objetivos que cada um quer alcançar.

O roteiro de Instinto Selvagem 2, assinado por Leora Barish e Henry Bean não é nenhuma obra prima cinematográfica, mas consegue, de forma inteligente, prender a atenção do público que hora fica na dúvida do envolvimento de Tramell nos assassinatos, depois torce para que não seja ela a autora dos crimes, para então cair em contradição dos motivos que levaram o “real assassino” a planejar tudo aquilo. Nesse quesito, Instinto Selvagem 2 tem uma história mais interessante do que a do primeiro filme. Embora, talvez tenha sido justamente um roteiro tão trabalhado que tenha gerado críticas negativas para o filme, uma vez que a história se torna complicada em certo ponto (nada que atrapalhe) e que faz com que quem esteja assistindo-a precise redobrar a sua atenção com as reviravoltas da trama.

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Mas como então um bom roteiro pode render críticas negativas? No caso de Instinto selvagem 2 a trama além de boa é complexa. Claro que possui algumas falhas, mas que não prejudicam a história. O problema vai ser justamente na profundidade da história, que pode não agradar a quem tenha comprado o ingresso para ver Sharon Stone nua e transando ou exibindo o seu novo par de seios siliconados, que segundo a própria foi “colocado” exclusivamente para a sequência. Quem for ao cinema com essa intenção vai se deparar com uma trama “chata” e por isso, pode achar o filme igualmente “chato”. No quesito sexo, o filme possui boas cenas, mas em uma comparação com o original, perde. A própria Stone declarou, em diversas entrevistas de divulgação do filme, que queria que a produção tivesse mais cenas picantes, que segundo ela, foram gravadas, mas deixadas de lado na hora da edição. O que isso significa? Extras em DVD.

A direção de Instinto Selvagem 2 terminou nas mãos de Michael Caton-Jones (O Chacal, 1997), que soube criar em uma Londres sombria a ambientação ideal para o filme, além de ter desenvolvido um bom trabalho com o roteiro que tinha em mãos. Já o par romântico de Stone ficou com o pouco conhecido David Morrissey (Hilary & Jackie, 1998). Curioso observar como todos os atores que foram considerados para o papel eram mais atrativos fisicamente do que Morrissey, mas sua escolha foi apropriada, pois o lado psicológico dele é bem desenvolvido e por isso, funciona para o filme.

Michael Glass: Senhorita Tramell, não sou eu quem está sendo acusado de assassinato.

Catherine Tramell: Ainda não.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

3 thoughts on “Instinto Selvagem 2 (2006)

  • 23/07/2020 em 00:24
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    Filme ruim e infinitamente pior que o instinto selvagem original, a trama é confusa e os personagens não tem qualquer carisma. O primeiro é um trailer de suspense de primeira e tem uma atmosfera genial além da atuação arrasadora de Stone que está belíssima. Nesta época ela foi sem sombra de duvida uma das mulheres mais lindas do planeta e de qualquer época. Neste segundo filme Sharon já está velha demais para fazer o papel de mulher sedutora e fatal! Uma mulher de 49 anos já não tem como exercer este papel nem no mundo real! Inclusive grande parte da sua beleza já deixara de existir neste filme. Um filme simplesmente caricato e que força um pouco a barra em cenas de sexo ridículas e Stone tem uma atuação que não é sequer sombra do seu desempenho no primeiro filme digno de um óscar. Além do que, o primeiro filme teve Michael Douglas!

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  • 16/06/2015 em 09:24
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    Também achei ruim, sem graça e completamente descartável. Nem chega perto da diversão e safadeza do primeiro, rs. A personagem da Sharon Stone é quase coadjuvante! O pior é que o Cronenberg estava cotado pra dirigir essa sequência, não sei porque não deu certo, mas fico imaginando o resultado…

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  • 04/06/2015 em 23:07
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    Ruim demais. Uma bomba. Achei o roteiro bobo, o personagem masculino de uma ingenuidade e burrice constrangedoras. Sharon Stone é só caras e bocas.

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