Microwave Massacre
Original:Microwave Massacre
Ano:1983•País:EUA Direção:Wayne Berwick Roteiro:Thomas Singer, Craig Muckler Produção:Thomas Singer, Craig Muckler Elenco:Jackie Vernon, Loren Schein, Al Troupe, Marla Simon, Claire Ginsberg, Lou Ann Webber, Anna Marlowe, Ed Thomas |
Microwave Massacre (literalmente: “Massacre do Micro-ondas”) é uma comédia de humor negro feito com orçamento módico e de forma amadora, mas tanto pela sua proposta bizarra quanto por suas precariedades técnicas e limitações é que reside o charme deste filme cultuado.
O protagonista é Donald (Jackie Vernon), um operário da construção civil (eufemismo para o popular peão de obra), cujo casamento com May (Claire Ginsberg) já foi para o buraco há muito tempo. Ele enfrenta problemas com as excentricidades culinárias da esposa, que está encantada com sua nova aquisição, um forno micro-ondas (lembre-se que é um filme do começo dos anos 80, o eletrodoméstico mostrado aqui é um trambolho se comparado com os modelos atuais).
A obsessão de May em criar pratos supostamente sofisticados chega a lembrar, guardando quilômetros de distancia de qualidade, da personagem da esposa do chefe de polícia do clássico Frenesi, de Hitchcock, interpretada por Vivien Merchant, que criava pratos intragáveis para desespero do marido.
Todo jantar é um estresse diferente, até o dia em que Donald volta para casa bêbado e acaba matando a esposa. Ele acorda de ressaca, sem se lembrar de nada, e só descobre seu ato criminoso quando encontra o corpo da esposa dentro do micro-ondas. Ele desmembra o cadáver e guarda os pedaços no freezer, junto com a comida estocada.
Livre da esposa, Donald segue sua vida proletária, até o dia em que acidentalmente come um pedaço do braço da falecida esposa, e acaba gostando! Nosso protagonista parte então para uma dieta a base de carne humana, chegando a preparar lanches que leva para o trabalho, e divide com seus colegas de trabalho, Roosevelt (Loren Schein) e Phillip (Al Troupe), que inocentemente se deliciam com as iguarias, obviamente desconhecendo a matéria-prima utilizada.
Além de canibal, Donald também se torna um serial killer, atacando prostitutas das redondezas, para aumentar o seu estoque de comida. Ele segue sua senda de crimes incólume, talvez por ser um legítimo João-ninguém, até que sofre um revés por uma ironia do destino.
O final ainda tem um toque sobrenatural, através de um ridículo efeito especial.
Microwave Massacre é uma bagunça. Com as falhas técnicas de praxe de uma produção como essa, como os efeitos especiais visivelmente artificiais, o pedestal do boom aparece em pelo menos duas cenas; essas erradas básicas.
Mas a alma do filme está no protagonista, Jackie Vernon (num papel que chegou a ser oferecido a Rodney Dangerfield, que pediu um cachê alto demais para os padrões da produção). Comediante de stand-up, com algumas passagens por programas de TV, Vernom tem o timming certo, e algumas de suas falas são o que há de melhor nesse filme, como quando a esposa vai preparar um jantar à luz de velas, e apaga as lâmpadas, no escuro Donald solta a seguinte fala: “não adianta May, eu já vi a comida”. Ironicamente este foi o último filme do ator, que morreria de um ataque cardíaco em 1987.
Claro que o filme tem ainda coadjuvantes bizarros como o psiquiatra que passa a sessão toda dormindo, para depois dar como diagnóstico um discurso padrão, e o médico alemão maluco (Ed Thomas, praticamente um sósia do Varg Vikernes, vocalista da banda black metal Burzum) que joga tiro ao alvo usando seringas como dardos, e claro, a loira voluptuosa (Marla Simon), que insiste em desfilar, e provocar os operários da obra, como numa cena logo no início onde coloca os peitos à mostra através de um buraco em uma cerca.
Como curiosidades, temos as participações em pontas do produtor e autor do argumento Craig Muckler; de Robert A. Burns (diretor de arte de clássicos como O Massacre da Serra Elétrica, Quadrilha de Sádicos, Grito de Horror e Re-Animator) como o mendigo que pega a mão decepada do lixo e usa para coçar o corpo; e também uma participação relâmpago, e irreconhecível de cabelo grande e barba, do comediante Paul Reubens, mais conhecido como Pee-Wee Herman.
Completamente sem noção, com cenas de violência mal realizadas, alguma nudez gratuita e situações pra lá de absurdas, Microwave Massacre é uma tranqueira assumida, daquelas cuja própria ruindade se torna um plus a mais no quesito diversão. Com menos de uma hora e vinte de duração, é um passatempo rápido e rasteiro. Para desligar o cérebro e se divertir com tanta bobagem. Ideal para assistir com os amigos e dar boas risadas.
Achei legal o filme, dá pra você achar divertido, sim. O ator principal me lembra um pouco o Bob do That 70’s Show, fisicamente. Pode não ser nada muito chique ou caro, mas até que pra quem procura por uma história alternativa e bizarra, o filme entrega o esperado.
Concordo com a resenha. Trata-se de um filme simples e divertido. Não se espera nada mais do que algumas risadas. Funciona melhor do que muitas produções caras, superestimadas e pretenciosas.