Enterrando Minha Ex
Original:Burying the Ex
Ano:2014•País:EUA Direção:Joe Dante Roteiro:Alan Trezza Produção:Alan Trezza, Carl Effenson, David Johnson, Frankie Lindquist, Kyle Tekiela Elenco:Anton Yelchin, Ashley Greene, Alexandra Daddario, Oliver Cooper, Ozioma Akagha, Mark Alan, Erica Bowie, Archie Hahn, Tomoko Karina, Stephanie Koenig, Wyndoline Landry |
Para ser bem franco, já faz um bom tempo que não ouvia falar mais sobre Joe Dante. Pensando jocosamente: “mas esse cara não tinha morrido?“. Seus dias de glória com Grito de Horror e Gremlins e de blockbusters rasteiros de Pequenos Soldados e Looney Tunes: De Volta a Ação ficaram para trás, até incursões interessantes como seus dois episódios para a antologia Mestres do Horror em 2005 deram espaço para direção de séries de TV e apenas um filme lançado neste período (O Buraco, em 2009 – Não confundir com o “outro” O Buraco, de 2001, dirigido por Nick Hamm).
E eis que “do nada” Dante entrega um terror-comédia-romance Enterrando Minha Ex, que foi lançado no Brasil no Festival Internacional de Cinema do Rio em 2014, na esteira de outras produções como Meu Namorado é um Zumbi (2013) e Vida Após Beth (2014), que fazem parte de um “novo” gênero do cinema fantástico, o Zom-Rom-Com (Acrônimo de Comédia Romântica com Zumbis).
Em Enterrando Minha Ex, Max (Anton Yelchin, falecido no último dia 19 de junho), que trabalha em uma loja de artigos de terror, está namorando Evelyn (Ashley Greene, Crepúsculo), uma garota vegana, com extrema consciência ambiental e extremamente ciumenta com o namorado. Seus gênios começam a entrar em conflito quando o estilo de Evelyn cada vez mais oprime o de Max.
Pedindo conselho para seu meio irmão Travis (Oliver Cooper, Projeto X), a conclusão é óbvia: ele precisa ser homem o suficiente para despejar a grudenta namorada. Relutante, Max marca um encontro no parque para largar de vez Evelyn, porém inesperadamente ela acaba morrendo atropelada por um ônibus, deixando o rapaz abatido e com sentimento de culpa.
Dias passam e por um acaso do destino ele encontra-se novamente com Olivia (Alexandra Daddario, O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua), linda garota dona de uma sorveteria – adequadamente chamada de I Scream – cuja personalidade e gostos estão bem mais alinhados com os de Max. A chama se reacende e tudo se encaminha para um final feliz, não fosse o fato de que Evelyn ressurgiu do túmulo, como um zumbi, graças a um pacto realizado acidentalmente entre os dois, com um artefato demoníaco entregue na loja onde Max trabalha. E ela está sedenta por amor, sexo e cérebros.
Enterrando Minha Ex chama a atenção por conter referências a dar com pau para o fã do cinema de horror clássico, de Val Lewton a George Romero, passando pelas obras dos estúdios Hammer, porém este poço de pequenos easter eggs não se sustenta o suficiente quando você pensa na trama em si. O roteiro simplesmente não consegue criar situações interessantes, diferentes ou divertidas nos seus 89 minutos para manter o interesse do espectador, mesmo ignorando diversos buracos de roteiro. Cabe colocar que a origem do script foi um curta metragem de 15 minutos, um formato mais adequado para o pingo de história que Enterrando Minha Ex tem para mostrar.
A apresentação não passa de um amontoado de clichês absolutos, piadas sexistas de gosto duvidoso e entretenimento moderado e facilmente esquecível. Não ajuda que a construção do protagonista Max seja tão irritante em sua falta de atitude que se torna fácil questionar o porque de duas garotas (uma delas morta, inclusive) estarem lutando por um lugar no coração do rapaz com tanta fúria. Diferente de outros “românticos bananas” como em Scott Pilgrim contra o Mundo, aqui é muito difícil criar qualquer simpatia por Max, pois ele não faz qualquer esforço para superar suas limitações até o clímax, tornando-se um dos personagens mais “socáveis” do cinema contemporâneo.
O que salva o filme da mediocridade completa, além das inúmeras referências, é o elenco bem entrosado e carismático, e o estilo meio “EC Comics” de contar as desventuras de Max. Aproveitando o gancho, por sua simplicidade e potencial cômico, se Dante estivesse fazendo um episódio de Contos da Cripta, o resultado teria um potencial muito maior.
O que me atraiu nesse filme foi, Dante, Anton Yelchin e Daddario (que acho linda de morrer). Fora isso o filme é meio fraquinho, poderia ser melhor se tivesse uma produção mais caprichada e um roteiro sem tantos furos. Ah, a cena da sorveteria no terceiro ato é assustadora, me fez lembrar os filmes do Dante nos anos 80.