4.8
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O Jovem Frankenstein (1974) (2)

O Jovem Frankenstein
Original:Young Frankenstein
Ano:1974•País:EUA
Direção:Mel Brooks
Roteiro:Mel Brooks, Gene Wilder, Mary Shelley
Produção:Michael Gruskoff
Elenco:Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Madeline Kahn, Cloris Leachman, Teri Garr, Kenneth Mars, Richard Haydn, Gene Hackman, Liam Dunn, Danny Goldman, Oscar Beregi Jr., Arthur Malet, Monte Landis, Rusty Blitz

“Das mais escuras trevas, uma súbita luz brilhou sobre mim. Tão brilhante e maravilhosa e ainda assim, tão simples. Trocar os pólos do positivo para o negativo e do negativo para o positivo. Eu acabo de descobrir o segredo de dar a vida. Não, é muito mais. Eu me tornei capaz de dar vida à qualquer matéria morta.” – Barão Victor Frankenstein

O famoso comediante Mel Brooks sempre gostou de satirizar o cinema fantástico em filmes divertidos como S.O.S. – Tem Um Louco Solto no Espaço (Spaceballs, 87), uma paródia de ficção científica principalmente à série Star Wars, ou Drácula, Morto Mas Feliz (Dracula: Dead and Loving It, 95), uma gozação aos filmes de vampirismo. Mas, inegavelmente, sua grande obra-prima foi produzida bem antes, em 1974, com O Jovem Frankenstein (Young Frankenstein), fotografado em preto e branco numa grande e muito honrada homenagem aos filmes de horror antigos dos anos 30 da “Universal“, especialmente os clássicos Frankenstein (31) e A Noiva de Frankenstein (35), inspirados no famoso livro de Mary Wollstonecraft Shelley.

A história inicia com o jovem neurocirurgião Dr. Frederick Frankenstein (Gene Wilder, falecido dia 29 de agosto de 2016) dando aulas nos Estados Unidos sobre o cérebro humano. Ele faz questão de pronunciar seu sobrenome de forma diferente para não haver nenhuma ligação com seu avô Victor Frankenstein, que foi conhecido por roubar cadáveres para utilizar em experiências de criação de vida artificial em seu imponente castelo gótico na Transilvânia, Romênia. Após uma demonstração prática sobre os estímulos nervosos com resultados hilariantes com o Sr. Hilltop (Liam Dunn) como cobaia, o Dr. Frankenstein recebe a visita de Gerhard Falkstein (Richard Haydn), que viajou da Europa especialmente para entregar o testamento de seu avô.

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Frederick decide então ir até a Transilvânia conhecer o castelo de seus ancestrais, se despedindo de sua noiva Elizabeth (Madeline Kahn) na estação ferroviária, numa sequência super hilária com a preocupação exagerada da mulher em não manchar o batom dos lábios, despentear o cabelo ou amassar a roupa. Uma vez chegando em seu destino, o jovem Frankenstein encontra o corcunda Igor (Marty Feldman), que se apresenta como seu ajudante geral e guia para o castelo, além também da bela Inga (Teri Garr), que se tornaria sua assistente de laboratório.

Chegando ao castelo, eles são recebidos pela velha arrumadeira Frau Blucher (Cloris Leachman), que os aguardava com ansiedade e revela que tinha um caso amoroso com o falecido Barão Victor Frankenstein. Uma vez explorando os incontáveis e imensos aposentos do castelo, Frederick encontra o antigo laboratório do avô e também sua biblioteca particular de onde resgata um livro com as explicações de suas experiências em reanimar carne morta. Mudando de opinião e agora obcecado pela possibilidade de reativar o trabalho de seu avô, Frederick concentra seus esforços para dar vida a um cadáver de um criminoso enforcado, roubado de seu túmulo, gerando um monstro (Peter Boyle, que apareceu como um sinistro vilão em Scooby-Doo 2: Monstros à Solta).

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Como o cérebro implantado na criatura era “anormal“, o monstro foge e causa alguns tumultos nos arredores do castelo, despertando a ira dos aldeões, sob o comando do Inspetor de Polícia Kemp (Kenneth Mars), que decidem invadir o laboratório no momento em que o Dr. Frankenstein fazia uma experiência com sua criatura tentando compartilhar suas mentes.

O Jovem Frankenstein foi filmado em preto e branco com a intenção acertada de reconstruir aquele clima típico das produções antigas da “Universal“, em especial os filmes impagáveis da década de 30. E o diretor Mel Brooks conseguiu com êxito o objetivo, pois sua obra é uma grande homenagem com inteligência e muito bom humor aos primeiros anos do cinema de horror falado, sobretudo os filmes inspirados na clássica história Frankenstein, escrita em 1818 por Mary Shelley.

São muitos os momentos super divertidos ao longo de todo o filme, mas os destaques são uma cena hilária envolvendo o Dr. Frankenstein e o corcunda Igor desenterrando um caixão com um enorme cadáver num cemitério. Frankenstein, cansado pelo esforço em levantar o pesado caixão de sua cova cheia de terra, reclama da situação desfavorável em que se encontra. Já Igor, responde que não estava tão ruim, pois poderia ser pior, poderia estar chovendo. Mal terminou de falar, e trovões aparecem trazendo uma chuva forte. Logo em seguida, quando estão tentando levar o caixão para o castelo, são surpreendidos por um policial (Richard A. Roth), que decide conversar com eles, obrigando-os a terem que simular um cumprimento com um aperto de mão do cadáver.

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Todas as cenas com o inspetor Kemp são muito engraçadas, principalmente quando ele decide falar de forma super rápida e incompreensível, e quando todos não entendem nada do que falou, ele repete pausadamente. Aliás, como ele tem o braço direito artificial feito de madeira, ele o utiliza para uma série de atividades fora do comum como atear fogo no dedo para acender um charuto, ou usar seu braço como uma espécie de tora de madeira para os aldeões arrombarem a porta do castelo do Dr. Frankenstein.

O corcunda Igor, com seus olhos esbugalhados, também é responsável por vários outros momentos de bom humor, principalmente quando ele trocava sua corcunda de lugar, ora estando no lado direito do ombro, ora no esquerdo, e sempre que era questionado sobre a corcunda, ele fingia não reconhecer que tinha uma anomalia física. Como quando num dos primeiros encontros com o Dr. Frankenstein, o médico lhe diz que é um ótimo cirurgião e que poderia operar a corcunda, porém sua existência foi logo negada por Igor.

Já a arrumadeira do castelo Frau Blucher, também não ficava muito atrás nas cenas engraçadas, pois o roteiro reservou especialmente para ela o desagradável fardo de ter que suportar um incômodo e estridente relinchar de cavalos toda as vezes em que o seu nome era pronunciado.

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Abaixo seguem várias curiosidades sobre O Jovem Frankenstein e seus bastidores, e que valem a pena serem registradas.

Os cenários, principalmente o imponente castelo, são recriações muito próximas dos originais utilizados nos filmes da “Universal“, sendo que inclusive os instrumentos e todo o maquinário elétrico e equipamentos do laboratório do Dr. Frederick Frankenstein são exatamente os mesmos criados por Kenneth Strickfaden para os clássicos dos anos 30 (com um agradecimento especial nos créditos de abertura).

A cena onde o monstro está carregando Elizabeth desacordada à noite por uma sinistra floresta é uma referência e homenagem ao clássico O Monstro da Lagoa Negra (54), de Jack Arnold, que tem uma sequência similar envolvendo o monstro do título e a bela Kay, a mocinha interpretada por Julie Adams.

No início do filme, ouvem-se treze badaladas do relógio, algo difícil de perceber a não ser que se contem todas as batidas pacientemente. Aliás, também perto do início, um casal de passageiros num trem fala exatamente as mesmas palavras em inglês (quando simulam a passagem por uma estação em New York) e também em alemão (quando passam por uma estação na Transilvânia).

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O estridente e ameaçador uivo do lobisomem que se ouve quando o Dr. Frankenstein, sua assistente Inga e o corcunda Igor estão chegando ao castelo numa carruagem, foi feito pelo próprio diretor Mel Brooks, que aliás também foi o autor de um grito imitando um gato sendo atingido por um dardo arremessado de forma errada pelo Dr. Frankenstein, quando tentava acertar um tabuleiro como alvo. Quando o Dr. Frankenstein localiza a biblioteca particular de seu avô, Victor, num aposento secreto no imenso castelo, ele encontra um livro escrito por seu avô intitulado “How I Did It” (Como eu Fiz), que é uma brincadeira do roteiro ao mencionar a existência de um registro que revelava como Victor Frankenstein conseguiu reanimar carne morta, um fato que não está revelado no livro original de Mary Shelley.

Naquela cena onde o monstro encontra na floresta uma garotinha, Helga (Anne Beesley), numa referência à mesma sequência do filme de 1931 de James Whale, eles ficam jogando flores num lago, e no momento em que a menina diz não ter mais flores para jogar, perguntando o que poderia então ser arremessado na água (para quem conhece o filme da Universal sabe o que o monstro escolheu para jogar no lago, numa cena que chocou o público na época e que ficou censurado por muitos anos), a criatura faz uma expressão de deboche para a câmera.

Quando o monstro faz uma visita espontânea ao homem cego, e depois de não ter obtido sucesso com a sopa quente, vinho e um charuto oferecidos por ele, numa série antológica de trapalhadas totalmente hilariantes, o monstro decide fugir com raiva e em seu encalço o homem cego ainda lhe oferece um cafezinho (essa última parte foi improvisada pelo ator Gene Hackman, pois não estava no roteiro).

O primeiro cérebro escolhido para a criatura era de um tal de Hans Delbruck, que no filme era descrito como cientista e santo, homem de grande inteligência e ideal para fazer parte do monstro, e na realidade Delbruck era mesmo um historiador e professor alemão de grande relevância nas áreas de economia e política.

Numa das cenas finais, Elizabeth utiliza um cabelo igual ao da noiva do monstro no filme de 1935, quando a atriz Elsa Lanchester tinha um penteado com enormes mechas brancas no cabelo, que foi inspirado em antigas esculturas da rainha egípcia “Nefertiti“.

Desde o dia fatídico como lama fedorenta que arraste-se do mar e grita paras as estrelas. Eu sou o Homem. Nosso maior temor tem sido saber de nossa mortalidade. Mas esta noite, vamos fazer a ciência desafiar e enfrentar a terrível face da morte. Esta noite, vamos chegar até as nuvens. Nós vamos imitar o terremoto. Vamos comandar os trovões. E conhecer as profundezas da impenetrável natureza.” – discurso do Dr. Frederick Frankenstein, momentos antes da experiência em conceber vida à criatura

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2 Comentários

  1. Mel Brooks e Gene Wilder estavam inspiradíssimos no roteiro e mesmo após 49 anos, continua uma comédia impagável! Wilder e Marty Feldman perfeitos em seus respectivos personagens, impossível não rir de ambos ao longo de todo o filme, assim como a hilariante Madeline Kahn, que, para mim, tem uma participação muito mais divertida que em Banzé no Oeste (ela deveria ter sido indicada ao Oscar neste filme, não em Banzé). De qualquer forma, definitivamente é um dos clássicos dos anos 70 e uma comédia de terror obrigatória (e imperdível) aos amantes do gênero!

  2. Sempre achei a Madeline Kahn o elo fraco dos primeiros filmes do Mel Brooks…..e olha que ela chegou a ser indicada ao Oscar em Banzé no Oeste onde ela praticamente desaba o filme.

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