Salem (2016) – 3×01: Após a Queda
Salem - 3ª Temporada
Original:Salem - Season 3
Ano:2016•País:EUA Direção:Nick Copus Roteiro:Brannon Braga, Adam Simon, Donna Thorland Produção:Judd Rea Elenco:Janet Montgomery, Shane West, Seth Gabel, Tamzin Merchant, Ashley Madekwe, Elise Eberle, Iddo Goldberg, Joe Doyle, Oliver Bell, Jeremy Crutchley |
A série sobre bruxaria Salem alcançou sua terceira temporada recentemente. Mesmo com números de audiência relativamente baixos, a obra criada por Adam Simon e Brannon Braga tem encontrado meios de se manter. Com o cancelamento de Hannibal e Penny Dreadful, é preciso louvar e agradecer pela continuidade desta série que ainda não encontrou o espaço que merece.
Como o título já anuncia, a trama é centrada em uma Salem do século 17, em meio a uma guerra entre puritanos e bruxas. Um dos grandes diferenciais é o protagonismo das bruxas dentro da história, que empurra o maniqueísmo para baixo do tapete e retrata bem e mal de forma indiferenciada. Opõem-se aos males diabólicos das bruxas, homens hipócritas, corruptos ou extremamente violentos.
Na primeira temporada, Mary Sibley, a Samhain – ou líder, das bruxas Essex, conseguiu completar o Grande Rito, que derrubou sobre a cidade uma variação satânica da varíola. Tal rito era apenas a primeira metade de um processo que objetivava invocar Satã na terra. A segunda temporada foi marcada por esse lento processo, que envolveu não apenas Mary, mas também a recém-descoberta bruxa Anne Hale e sua mãe, a Condessa Von Marburg, interpretada pela queridíssima Lucy Lawless. Ao final do décimo segundo episódio, Lúcifer caminhou entre o mundo dos vivos, na forma do filho de Mary Sibley e John Alden.
A nova temporada retoma imediatamente de onde havia parado. Bruxas vindas do mundo inteiro se reúnem aos pés do Diabo, para venerá-lo. Os personagens estão destruídos e desolados: Mary Sibley se sacrificou para salvar John Alden; Tituba teve os olhos arrancados por corvos; Cotton Mather tornou-se refém de Anne Hale; A Condessa viu seus planos fracassarem, frente ao amor de Satã por Mary Sibley; Mercy foi rejeitada mais uma vez.
É comum em séries de televisão que ocorra uma oscilação com o passar do tempo. Algumas poucas ganham e outras tantas perdem qualidade de temporada em temporada. Salem, no entanto, ainda não sofreu qualquer tipo de oscilação, mantém-se firme e forte em alto nível do episódio piloto ao episódio inaugural da terceira temporada. A critério de exemplo, o desenvolvimento de personagens frente aos desdobramentos de suas ações é considerável. Há um salto imenso entre a Mary Sibley cruel e obstinada até a Mary Sibley frágil e amedrontada, mas sem que haja qualquer perda de essência. Talvez John Alden tenha sido o personagem menos explorado na segunda temporada. Sua transformação em caçador de bruxas prometia mundos e fundos e tinha um potencial enorme, mas que não se concretizou.
A trama caminha a passos lentos, mas sempre se desenrolando dentro de um contexto mais amplo, que no caso será, obviamente, a tentativa de impedir que Lúcifer destrua o mundo. Uma das melhores cenas do episódio, que teve vários pontos altos, foi uma visão de Tituba sobre o mundo aniquilado. Vale ressaltar que a produção artística da série continua apuradíssima, com figurinos e cenografia de cair o queixo. Destaque para o surgimento de um espectro/demônio que aparece na floresta, logo no começo do episódio e também para as cenas no covil das bruxas, momentos particularmente deslumbrantes. A direção de fotografia também se destaque, por algumas composições de quadro belíssimas. Salem surpreende, mais uma vez, pela forma com que agarra tanto os sentidos, quanto a atenção e o interesse.
A julgar pelo episódio inicial, a temporada parece ter potencial para superar as anteriores. As conspirações e alianças serão necessárias no combate à um mal todo poderoso, maior e mais mortífero que tudo mais que já apareceu até então, não só através de Lúcifer, mas também de outros demônios que provavelmente darão as caras.
Saudades dessa série!!! Diferentemente da maioria das tramas, vemos a história mais pela perspectiva das bruxas e elas não são seres simplesmente movidos pelo mal, elas também têm sentimentos e anseios. Além disso, há outras pessoas muito mais cruéis e egoístas. Esse é um grande mérito da série, não há vilões e mocinhos tradicionais, todos têm segredos, hipocrisias e atos condenáveis. Quem persegue as bruxas pode ser ainda pior do que elas, apenas revestido do falso puritanismo.
Pena ter sido tão breve, mas mesmo assim teve um fim satisfatório.
Com o fim de AHS, vou começar a assistir essa, parece ser legal!