4.7
(3)

Border
Original:Gräns
Ano:2018•País:Suécia
Direção:Ali Abbasi
Roteiro:Ali Abbasi, Isabela Eklof, John Ajvide Lindqvist
Produção:Nina Bisgaard
Elenco:Eva Melander, Eero Milonoff, Jorgen Torsson, Sten Ljunggren

Premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Maquiagem, este estranho filme sueco inspirado em um conto de John Ajvide Lindqvist (escritor de Deixa ela Entrar) traz um discurso sobre o diferente no âmbito social, misturando mitologia nórdica, drama e suspense.

Tina (Eva Melander) trabalha na alfândega sueca. Seu dom de farejar medo, vergonha, culpa entre outros sentimentos, é utilizado para descobrir pequenos delitos como transportes ilegais de bebidas por exemplo. Ao descobrir em suas aferições um civil que portava um cartão de memória com pornografia infantil, Tina é questionada e solicitada para ajudar a polícia, a partir de seu dom, a descobrir a possível origem deste cartão. Em paralelo a essa investigação, surge a figura de Vore (Eero Milonoff), que é muito semelhante fisicamente com Tina. Vore desperta uma curiosidade na solitária mulher, que aceita sua condição devido à aparência física, sofrendo diversos preconceitos da sociedade que a cerca. Mora com uma pessoa apenas para suprir sua solidão, e parece encontrar paz apenas quando se conecta com a natureza, ao caminhar pela floresta, se comunicando com animais e nadando em um lago. Através de Vore, Tina descobre sua origem, onde a mesma passa a entender sua conexão com a natureza, seus dons e suas supostas deformidades. Vore mostra que ela pode ser melhor que qualquer um que a julgue e não precisa aceitar as condições que lhe são impostas, porém Tina se vê dividida entre o que é certo e errado, dentro de sua credulidade humana.

O roteiro, que é assinado a três mãos pelo também diretor, o iraniano Ali Abbassi, por Isabela Eklof e pelo próprio escritor do conto de onde foi inspirado, John Ajvide, trabalha bem as subtramas em que os personagens principais são inseridos, porém a investigação a cerca da rede de pedofilia, que parecia ser o ponto principal da narrativa, acaba suprimida pela origem e relação entra Tina e Vore. O diretor constrói bem esta relação, criando uma tensão crescente entre a convicção de Vore e a incerteza de Tina sobre a condição e o papel de ambos perante a sociedade. A dupla é muito bem interpretada por Eva Melander e Eero Milionff, que mesmo debaixo da pesada maquiagem, conseguem transmitir seus sentimentos dentre suas expressões corporais e faciais.

Border pode ser um filme bizarro, mas levanta uma discussão que talvez tenha se perdido em sua estranheza. Traduzindo para o português, Border significa Fronteira, mas talvez devamos entender como limite. Uma analogia sobre o diferente, cenas que beiram entre o sublime e o grotesco, entre o humano e o animalesco, o diretor provoca o espectador ao inserir mitologia nórdica dentro de sua narrativa, em um mundo onde ainda se divide em questões sobre xenofobia, preconceito, racismo e homofobia.

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