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Histórias Assustadoras para Contar no Escuro
Original:Scary Stories to Tell in the Dark
Ano:2019•País:EUA, Canadá
Direção:André Øvredal
Roteiro:Dan Hageman, Kevin Hageman, Guillermo del Toro, Marcus Dunstan, Patrick Melton, Alvin Schwartz
Produção:Jason F. Brown, J. Miles Dale, Sean Daniel, Guillermo del Toro
Elenco:Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush, Dean Norris, Gil Bellows, Lorraine Toussaint, Austin Zajur, Natalie Ganzhorn, Austin Abrams, Kathleen Pollard

Com produção e roteiro de Guilherme Del Toro, o homem por trás dos ótimos A Espinha do Diabo, O Labirinto do Fauno e A Forma da Água, e direção de André Øvredal, de O Caçador de Troll e A Autópsia, o longa Histórias Assustadoras para Contar no Escuro tinha tudo para dar certo e ser uma grande obra do gênero. Infelizmente o que se vê na tela é uma história com alguns ótimos momentos, mas que se perdem dentro de uma trama banal e repleta de fórmulas já vistas um milhão de vezes no cinema de terror.

A trama acompanha um grupo de amigos adolescentes de uma pequena cidade do interior do Estados Unidos. A ação se passa em 1968, ano em que A Noite dos Mortos Vivos foi lançado e que Nixon foi eleito presidente. Na cidade, existe claro uma casa considerada assombrada por uma lenda urbana local. Em uma noite de Halloween, os amigos se metem em uma confusão com o bad boy local e todos acabam escondidos no porão da tal casa, onde encontram um quarto secreto no qual a assombração da cidade, uma garota chamada Sarah Bellows, teria se enforcado no passado.

A lenda diz que Sarah vivia presa no porão e que ninguém nunca a viu. No entanto, mesmo trancada, ela contava histórias por trás das paredes para quem se aproximasse. Eram histórias de terror e quem as escutava nunca mais era visto. No meio da confusão, os amigos encontram um livro no porão de Sarah no qual existem histórias de terror. Curiosos, eles levam o livro com eles. A partir desta premissa, cada um e de forma separada, os amigos vão ser assombrados por entidades realmente assustadoras até que a inevitável dupla de sobreviventes conduz o filme até o seu previsível final.

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro teve como fonte de inspiração o livro homônimo lançado inicialmente em 1981. Com autoria de Alvin Schwartz e ilustrações de Stephen Gammell, a publicação trouxe 29 contos ilustrados. Em 1984, foi lançado um segundo livro desta vez com 28 contos e em 1991 foi lançado um terceiro livro, com 25 contos. As histórias são simples, mas muito eficazes no quesito assustar com fantasmas e entidades capazes de habitar os piores pesadelos dos leitores.

Quando o filme foi anunciado, boa parte dos fãs imaginou que teríamos uma obra fílmica ao estilo de Creepshow ou Contos da Escuridão, dois ótimos filmes dos anos 1980 cujos roteiros traz histórias curtas e independentes. E para não existir comentário de que estes filmes funcionaram apenas 30 ou 40 anos atrás, basta lembrar de Contos do Dia das Bruxas, de 2007, que utiliza a mesma fórmula de pequenas histórias, embora para este exista uma ligação mínima entre as tramas.

A mente de del Toro e a direção eficiente Øvredal tinham tudo para funcionarem bem na criação de uma obra baseada nos livros de Schwartz. Basta acompanhar os vilões do filme e seus potenciais, alguns pouco explorados. Aqui temos um espantalho, um cadáver em busca de um dedo perdido, uma mulher gorda e pálida e, o menos interessante, um homem com o corpo todo contorcido. Explorar histórias com cada um destes teria gerado uma trama mais forte.

O que vemos infelizmente são estes bons personagens diluídos em uma trama boba com uma fantasma igual a tantas outras já vistas no cinema. No caso perde-se muito tempo em “desvendar” o mistério de Sarah Bellows para uma investigação que obviamente vai levar os sobreviventes para uma idosa local que sabe de alguma coisa e até para o hospital da cidade para descobrirem a verdade de Sarah. Aqui vamos ter mais um fantasma genérico como tantas vezes já vistos.

Basta acompanhar o filme para perceber como a trama cresce quando as entidades atuam e como tudo vira um tédio sem fim na busca dos personagens sobreviventes em dar paz ao espírito de Sarah e parar a maldição das histórias que matam. Além das histórias, o visual de Sarah também não impressiona em nada. Já as entidades são um ponto alto do filme. Destaque para os que não foram feitos de CGI ou quando a utilização deste é apenas para finalização.

Com o término do filme, a sensação que fica é justamente a de que uma boa proposta foi desperdiçada. Aqui a culpa naturalmente vai cair mais no roteiro que optou em seguir por um caminho tantas vezes já explorado. Uma pena quando um resultado deste vem assinado por del Toro.

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1 comentário

  1. Incrível, parece que eu mesmo escrevi essa crítica kkk.
    Concordo absolutamente com tudo. De fato, o fantasma Sarah é plenamente dispensável, até atrapalha o filme por sua obviedade, sua construção preguiçosa. Todos os monstros/entidades que surgem antes são mais interessantes. Eles deveriam ser reservados à tramas independentes, no estilo consagrado de filme-compilação, a la Creepshow.
    A computação gráfica também deixa a desejar. Poderiam até tê-la economizado mais, e ficaria melhor.
    De positivo, as referências à situação política do momento histórico (guerra do Vietnã) e aos filmes de terror antigos (a heroína é uma “espantomaníaca” numa época em que isso não era comum).
    Este é um caso em que uma continuação seria bem vinda, para consertar as coisas. Ainda tem como!

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