Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
Original:The Conjuring: The Devil Made Me Do It
Ano:2021•País:EUA, UK Direção:Michael Chaves Roteiro:David Leslie Johnson-McGoldrick, James Wan Produção:Peter Safran, James Wan Elenco:Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ruairi O'Connor, Sarah Catherine Hook, Julian Hilliard, John Noble, Eugenie Bondurant, Shannon Kook, Ronnie Gene Blevins, Keith Arthur Bolden, Steve Coulter, Vince Pisani, Ingrid Bisu, Andrea Andrade, Ashley LeConte Campbell |
“O Diabo me fez fazer isso“. Ou talvez a necessidade de dar continuidade a uma das franquias mais rentáveis de horror do século XXI, ao lado de Jogos Mortais, Atividade Paranormal e Sobrenatural. E pensar que todas elas têm em comum o envolvimento de James Wan, sem dúvida uma fábrica funcional de sustos, assombrações e continuações. No caso de Invocação do Mal, ele foi além e desenvolveu um universo particular, com ramificações aparentemente infindáveis por onde caminham bruxas, entidades inquietas e demônios, tendo como principal elo os investigadores de fenômenos sobrenaturais Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Patrick Wilson). Eles estão de volta na oitava produção, Invocação do Mal 3: A Ordem Do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It), que chegou aos cinemas brasileiros no dia 3 de junho, sem a mesma expectativa que envolveu os outros filmes.
A primeira das razões para essa baixa expectativa tem relação direta com a ausência muito notada de James Wan. É o primeiro Invocação do Mal que não traz seu nome na cadeira de diretor, ficando apenas com o argumento e produção. Ainda que a direção de Michael Chaves (do fraco A Maldição da Chorona, 2019) seja até adequada – e ele até utiliza uns travellings e umas tomadas mais longas para dar uma sofisticada em sua função -, está bem distante do que Wan já mostrou ser capaz de fazer, principalmente em Invocação do Mal 2, em toda a sequência da abertura na visita à residência de Amityville. Também se percebe algumas diferenças significativas no roteiro, algo a ser discutido mais a frente.
A trama se passa em 1981, durante o exorcismo do garoto de 8 anos David Glatzel (Julian Hilliard), já com a presença dos Warrens. Enquanto aguardam a chegada do Padre Gordon (Steve Coulter), em uma referência “tapa na cara” de O Exorcista na visão do eclesiástico diante da residência, eles deixam o pequeno sozinho (!) apenas para o demônio assumir as rédeas no banheiro e levá-lo a ferir o próprio pai e causar um literal pandemônio no lugar, com direito a contorcionismo, palavrões até culminar no mal súbito de Ed. Em meio ao caos, o namorado de Debbie (Sarah Catherine Hook), Arne (Ruairi O’Connor), pede que o demônio deixe o garoto e entre em seu corpo, como fizera o Padre Karras (Jason Miller) no clássico de 73.
Findada a tempestade, Ed se recupera no hospital e revela para Lorraine que percebera que o demônio agora habita o corpo de Arne. Antes que a tragédia anunciada seja evitada, Arne assassina Bruno (Ronnie Gene Blevins), o dono do canil onde sua namorada trabalha, sendo encontrado pela polícia caminhando com as mãos e roupas sujas de sangue. Com a prisão do rapaz e a possibilidade concreta de uma condenação à morte, os Warrens resolvem conduzir como defesa a possessão demoníaca, mas para isso precisam apresentar provas, em um processo de investigação que irá conduzi-los a um caso similar ocorrido em Danvers, Massachusetts, que resultou na morte de Katie Lincoln (Andrea Andrade).
Embora inspirado em eventos reais, a versão cinematográfica faz uso de algumas licenças não tão poéticas. Ao estabelecer uma relação com a franquia, a partir da verdadeira natureza do inimigo, o enredo faz a inclusão de situações que não serviram ao julgamento do rapaz acusado. É claro que o objetivo é apenas possibilitar algumas doses de sustos e permitir um confronto com o vilão, porém, mesmo sabendo da fragilidade física de Ed, não tem como o infernauta roer unhas, se importar com uma possível morte do personagem, se já sabe que o verdadeiro investigador não morreu no processo, assim como Lorraine. Não tendo outras preocupações – o primeiro e o segundo filmes traziam o receio da perda da família -, cabe ao público assistir ao longa como se fosse um episódio da série Supernatural de meio de temporada.
Além disso, Invocação do Mal 3: A Ordem Do Demônio peca em outros dois pontos que foram favoráveis à franquia, sob o comando de Wan: os sustos, que são bem menos intensos e interessantes como acontecera com o confronto com a bruxa do primeiro e a freira da parte 2; e a ausência de outros elementos de terror, como Annabelle e O Homem Torto, apresentados nos demais filmes. Assim, o longa se enfraquece como produção de gênero e pela falta de possibilidades, seguindo em uma única – e simplória – linha narrativa. E se Wan ainda soube trabalhar com o romantismo de Ed e Lorraine, a referência ao passado do casal contribui apenas como antecipação de uma sequência que será vista no último ato, sem a mesma poesia, com o soar de Elvis Presley no carro servindo como uma recordação rasa.
No entanto, deve-se enaltecer alguns aspectos técnicos que resultaram em uma produção até agradável de se ver. Há bons efeitos especiais principalmente no prólogo e pode até divertir e promover alguns sustinhos sem o mesmo impacto. Para quem se habituou a uma franquia amarrada, com tramas envolventes e altas doses de sustos, Invocação do Mal 3 demonstra ser apenas comum, uma produção que não servirá de destaque para nenhum dos envolvidos, o que nos leva a pensar se fora realmente o diabo que os fez produzir isso.
Fiquei muito decepcionado com esse filme. O primeiro é fantástico e o segundo é bem interessante.
Os atores Patrick Wilson e Vera Farmiga estão impecaveis , como sempre, o filme tem todos os elementos dos anteriores menos alguma novidade no enredo ou na produção/roteiro. O filme tem um bom desenvolvimento e uma otima produção , mas peca ao não trazer nenhum elemento assustador novo, nenhuma situação realmente inovadora e arrepiante. É somente mais do mesmo. Tirando os minutos iniciais , o assistente não se assusta e não se empolga. Na minha humilde opiniao a serie “Invocação do mal” acaba aqui. Vale a pena ser assistido, mas não tem o frescor dos anteriores. Nota 7