Tem Alguém na sua Casa (2021)

3.2
(5)

Tem Alguém na Sua Casa
Original:There's Someone Inside Your House
Ano:2021•País:Canadá, EUA
Direção:Patrick Brice
Roteiro:Henry Gayden, Stephanie Perkins
Produção:Shawn Levy, James Wan
Elenco:Sydney Park, Théodore Pellerin, Asjha Cooper, Dale Whibley, Jesse LaTourette, Burkely Duffield, Diego Josef, Zane Clifford, BJ Harrison, Emilija Baranac

Com o retorno de Michael Myers a sua residência em Haddonfield e o trailer e comerciais que andam surgindo do novo Pânico, pode ser que os slashers voltem com força total nos próximos anos. Já houve uma boa dose de saudosismo com a trilogia Rua do Medo, com referências ao terror de acampamento como a franquia Sexta-Feira 13, e foi ampliada pela Netflix com o lançamento do filme Tem Alguém na sua Casa (There’s Someone Inside Your House) há algumas semanas. O longa tem a direção de Patrick Brice, responsável pelos dois interessantes filmes Creep e Creep II, e a produção de James Wan (de Maligno) numa mistura do estilo found footage com mistério e assassinato. E agora a aposta envolveu a dúvida sobre a identidade de um assassino que aterroriza suas vítimas com uma máscara que imita o rosto da própria pessoa. Seria já uma ideia de um olhar para si?

A trama começa com a morte do jovem jogador de futebol americano Jackson (Markian Tarasiuk), depois que sente uma presença em sua residência e encontra em um quarto inúmeras fotografias que denunciam seu principal pecado: ele espancou um colega de time sob o pretexto de realização de um trote. Ele não será o único a sucumbir ao misterioso assassino da escola pública Osborne de Nebraska, cuja pretensão é revelar segredos obscuros dos demais alunos antes de exterminá-los. E todos ali têm algo a esconder. Rodrigo (Diego Josef) é viciado em analgésicos; Katie (Sarah Dugdale) está por trás de um podcast sobre conspirações racistas; e a protagonista Makani Young (Sydney Park) esconde seu relacionamento com o desajustado Ollié (Théodore Pellerin), além de um episódio trágico ocorrido no passado, envolvendo trotes e uma fogueira.

Depois que Katie é assassinada na igreja, em uma sequência muito bem realizada, os estudantes são interrogados pela polícia local, e depois promovem uma festa onde todos os segredos serão revelados – remete à confraternização pela perda da virgindade no slasher teen Terror em Cherry Falls. Eles acreditam que, se todos os segredos forem revelados, não haverá motivos para o assassino continuar matando. Porém, quem garante que os mais obscuros foram revelados? E qual a verdadeira motivação da pessoa mascarada? Até a revelação final, a sensação que se tem no enredo de Henry Gayden, inspirado no romance de Stephanie Perkins, é que todos são vítimas e assassinos em potencial. Resta tentar descobrir a identidade do(a) vilã(o) quando o elenco já estiver bastante reduzido.

Na verdade, até a revelação das motivações do(a) assassino(a) – e que agia como um(a) estudante normal até ficar insano(a) depois de ser descoberto – o que se vê são aquelas relações adolescentes que não acrescentam em nada ao gênero. Todos ali usam drogas, fazem sexo, curtem música barulhenta e agem de maneira imprudente. E há detalhes também que não se mostram essenciais ao enredo, mas que estão ali como gordura de roteiro como o sonambulismo da avó de Makani, as pichações no carro de Zach (Dale Whibley) e algumas conturbadas relações familiares. Patrick Brice, que já havia se mostrado eficiente ao lidar com o sarcasmo em sua filmografia, agora parte para um humor mais ácido, atirando para todos os lados que envolvem preconceito, discriminação e outros problemas que perturbam adolescentes.

Sem que a casa do título tenha realmente uma relação direta com a trama, Tem Alguém na sua Casa é repleto de clichês do gênero (passado que incomoda, pesadelos, pessoa que é acusada precocemente), mas capricha na violência e exposição de corpos. Traz algumas boas doses de tensão moderada, e pode divertir os jovens que curtiram o clima de Rua do Medo e estão começando a se habituar com os slashers. Para os mais maduros, é melhor permanecer em Haddonfield por enquanto.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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