Assassino Invisível
Original:The town that dreaded sundown
Ano:2014•País:EUA Direção:Alfonso Gomez-Rejon Roteiro:Roberto Aguirre-Sacasa Produção:Ryan Murphy, Jason Blum Elenco:Addison Timlin, Travis Tope, Veronica Cartwright, Anthony Anderson, Joshua Leonard, Andy Abele, Gary Cole, Edward Herrmann, Ed Lauter, Arabella Field, Denis O'Hare, Spencer Treat Clark |
A despeito do que li internet afora sobre Assassino Invisível, tive uma boa surpresa ao me deparar com aquilo que eu considerei uma boa continuação. E quando falo “eu considerei” é porque foi o que eu julguei correto ao fim do filme. Para quem não sabe, The Town that Dreaded Sundown foi anunciado como remake do filme com mesmo título lançado em 1976. A versão de 2014, no entanto, pode ser encarada como remake, sequência, filme independente, e funciona em qualquer uma dessas situações.
A obra original, lançada aqui no Brasil como Pânico ao Anoitecer, é um produto típico dos anos de 1970 e um dos filmes sobre serial killer que considero mais “sinistros”. Boa parte disso, obviamente, por se tratar de uma história real – uma série de assassinatos que aconteceram na cidade de Texarkana (Arkansas, Estados Unidos) em 1946. Os crimes ficaram sem solução, o que levou o criminoso a ficar conhecido como “o assassino invisível” (the phantom killer).
Nesta sequência (vou chamar assim), o diretor Alfonso Gomez-Rejon nos apresenta Texarkana como uma cidade “marcada pelo crime e assombrada pelo passado”, 65 anos após os crimes do assassino invisível original. Este se tornou uma mistura de lenda local e celebridade garantida pela repercussão do filme The Town That Dreaded Sundown de 1976 (Wes Craven curtiu essa metalinguagem). No entanto, uma nova onda de crimes volta a acontecer, com óbvias referências aos originais cometidos pela celebridade local.
Estabelecida a trama, Assassino Invisível segue como muitos slashers. Uma das sobreviventes da nova onda de assassinatos se torna fundamental na investigação de sua identidade. Ele se comunica com o assassino. E ela, de mera mensageira, se envolve de tal forma na investigação que se torna constantemente um alvo.
Assim como no primeiro filme, um tom sério e de luto atravessa toda a sequência. Enquanto no original o diretor Charles B. Pierce caprichou no tom documental (o que talvez tenha deixado o filme meio maçante para alguns) para passar mais seriedade à narrativa, aqui, o Alfonso Gomez-Rejon nos coloca em um retorno intenso ao passado de Texarkana na busca por memórias, registros, e até pessoas que possam ajudar a juntar as peças desse quebra-cabeças. E é nesse cenário que surgem novos elementos que podem ajudar a elucidar os crimes de antes e de agora.
Assassino Invisível é uma boa sequência, e vai além ao fazer jus à obra original. Não se trata de uma continuação de terror típica, e apesar de tudo acontecer nesse gênero tão desrespeitado pela indústria, é um trabalho bem desenvolvido, e que parece se preocupar em dar um fim à história do assassino invisível. A boa produção (na conta do Ryan Murphy e do pessoal da Blumhouse) e o bom elenco (com coadjuvantes de luxo) ajudam a manter o interesse do espectador, visto que este não é um terror de grandes sustos e exageros gráficos. Quem já viu a obra original sabe que o Assassino Invisível, ainda que seja meio experimental, age rápido e sem rodeios.