3.4
(8)

Espíritos Obscuros
Original:Antlers
Ano:2021•País:EUA, Canadá, México
Direção:Scott Cooper
Roteiro:Nick Antosca, Scott Cooper, Henry Chaisson
Produção:Nick Antosca, Guillermo Del Toro, David S. Goyer
Elenco:Keri Russell, Jesse Plemons, Jeremy T. Thomas, Graham Greene, Scott Haze, Rory Cochrane, Amy Madigan, Sawyer Jones, Cody Davis

Entre homenagens, remakes, reboots, continuações, cópias e subversões, é um tanto difícil encontrar um trabalho no gênero horror que possa ser considerado original nos dias atuais. Não que seja necessário reinventar a roda toda vez, mas é sempre bom ver algum tratamento novo a algum tema, ou ainda um tema antigo sob uma nova ótica. Em boa parte de sua projeção, Espíritos Obscuros traz algum frescor e mistério. Baseado no conto The Quiet Boy, de Nick Antosca (nome por trás de produções como Vingança Sabor Cereja e Chucky: A Série, além do longa Floresta Maldita), o longa é a primeira empreitada no gênero do diretor Scott Cooper e traz de volta ao protagonismo a atriz Keri Russell (Os Escolhidos) ao lado do coadjuvante de luxo de Jesse Plemons. Porém quem rouba a cena mesmo é o jovem Jeremy T. Thomas convencendo em seus momentos de absoluta fragilidade que contrastam com a coragem para executar seus atos.

Inicia com o prólogo padrão, que mostra dois personagens (ou talvez três) entrando numa mina de carvão para saquear objetos quando são vítimas de um mal que a princípio não conseguimos identificar. Alguns dias depois cortamos para Lucas (Thomas) um garoto mirradinho de 12 anos de idade que é um dos filhos de Frank, mostrado no prólogo. Tímido, alvo de bullying pelos colegas de classe e sem amigos, Lucas logo é percebido pela professora Julia (Russell) que, recém-chegada à cidade após um hiato de 20 anos longe, vê no frágil aluno um motivo para continuar, já que sua relação com o irmão, o xerife da cidade Paul (Plemons), não é das mais calorosas. O roteiro ainda inclui situações sutis no primeiro ato, como a luta de Julia contra o alcoolismo quando passa pelo caixa de um mercadinho, ou a cena na qual Lucas encara uma vitrine de uma sorveteria, como pequenos elementos para construção daquelas personagens.

A fotografia do longa, que investe numa paleta dessaturada e fria, bem como a trilha sonora melancólica, também ajudam na construção do primeiro ato, impecável. Como todo bom horror, Espíritos Obscuros não se furta do tom alegórico, utilizando a devoção familiar do pequeno Lucas com seu irmão e com seu pai como metáfora para a negligência familiar, ao mesmo tempo em que a ótima Russell imprime em sua Julia a fragilidade por conta também de um trauma relacionado ao passado com seu pai.

Nesta construção lenta, gradual e efetiva do suspense, o longa consegue criar em sua primeira metade interesse e empatia do público com aquelas pessoas e seus dramas, e curiosamente (ou não) a partir dos 50 minutos de projeção, quanto mais é mostrada a natureza gráfica do “vilão”, mais o longa acaba caindo no genérico. As cenas onscreen, ou seja, com as mortes e assassinatos sendo mostradas sem cortes, ao mesmo tempo que são bem vindas e contribuem para o “realismo” da trama, acabam pecando em alguns momentos devido ao CGI pouco convincente. A abordagem da lenda norte-americana Wendigo é fiel à mitologia original, porém como descrito, a natureza gráfica e o tradicional embate no ato final prejudicam o mistério impresso no restante do longa. Ainda assim, louvável por abolir completamente os jumpscares e construir um suspense envolvente em seu início, Espíritos Obscuros vale a pena ser citado como um dos bons exemplares de horror lançados em 2021.

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