4.7
(17)

Fantasma II
Original:Phantasm II
Ano:1988•País:EUA
Direção:Don Coscarelli
Roteiro:Don Coscarelli
Produção:Roberto A. Quezada
Elenco:James Le Gros, Reggie Bannister, Angus Scrimm, Paula Irvine, Samantha Phillips, Kenneth Tigar, J. Patrick McNamara, A. Michael Baldwin, Stacey Travis, Mark Major

Realizado com míseros $300 mil dólares, Fantasma (1979) é uma produção independente bem sucedida. Escura, com elenco canastrão formado por amigos e familiares dos envolvidos, equipamento alugado, cenários reais onde havia o compromisso de não estragar nada e efeitos especiais risíveis, ela mostrou que a boa vontade e, principalmente, a criatividade foram os combustíveis de sua concepção. Lançada na mesma época em que os slashers despontavam como uma possibilidade financeira interessante, a obra era literalmente o sonho de realização de seu criador, Don Coscarelli, que, como fã de terror e dos filmes de George A. Romero, precisou de duas experiências anteriores para conhecer as rotinas do processo de produção cinematográfica e se aproximar de dois dos nomes que o acompanhariam em sua jornada pelo gênero, A. Michael Baldwin e Reggie Bannister.

Fantasma se desenvolveu a partir de sonhos e ideias loucas. Basicamente, Coscarelli resolveu colocar tudo o que considera apavorante em cena, como uma entidade que rouba cadáveres para transformá-los em duendes e que habita os cemitérios e mausoléus, fazendo uso de esferas metálicas para eliminar curiosos e aumentar o seu exército macabro. Com uma atmosfera onírica e simbólica, tendo como antagonista a carranca ameaçadora de Angus Scrimm (1926–2016), o cineasta deu o pontapé para uma improvável e cult franquia, encerrada com o quinto filme, fazendo o Homem Alto entrar para a galeria dos monstros contemporâneos ao lado de Freddy Krueger, Michael Myers, Jason Voorhees, Chucky e Pinhead, sem a mesma popularidade, mas com respeito e admiração.

Era para ser um filme único. Coscarelli não o fez planejando sequências, mas se viu motivado pelo interesse da Universal Pictures em injetar US$3 milhões para dar continuidade ao clássico. A produtora queria uma série de filmes de terror, aproveitando o sucesso que Jason, Freddy e Michael já faziam, e tinha entre seus executivos alguns fãs do original. Contudo, impôs algumas condições: queria uma produção linear, sem simbolismo e imagens metafóricas, e teria que colocar algum ator mais conhecido na trama, além de envolver uma mocinha como provável interesse amoroso do protagonista. Sem muitas opções, Coscarelli substituiu o ator que fez Mike, A. Michael Baldwin, por James Le Gros, que já tinha em seu currículo produções como Quando Chega a Escuridão e O Milagre Veio do Espaço, ambos de 1987 – uma atitude que depois foi corrigida nos filmes seguintes.

E Coscarelli não via outra possibilidade de idealizar uma sequência que não começasse exatamente onde terminou o primeiro filme, quando Mike havia sido puxado para dentro do espelho pelo próprio vilão. O som do vidro se espatifando chamaria a atenção de Reggie (Bannister), que pode testemunhar os duendes carregando o corpo do garoto pela casa sob o comando do Homem Alto. Ele resolve enfrentá-los com as armas que possui em casa, conseguindo a façanha de impedir que Mike fosse levado e ainda explodindo a casa, matando vários dos asseclas da entidade. Ao mesmo tempo em que há esse confronto com os monstros, há a narração de Liz Reynolds (Paula Irvine), uma jovem que possui uma conexão psíquica com Mike, aguardando que o rapaz a encontre e impeça que os avós dela, depois de mortos, sejam capturados pelo Homem Alto.

Depois de sete anos internado em uma instituição psiquiátrica, Mike se diz pronto para sair, camuflando uma consciência de que tudo fora apenas fruto de sua imaginação. Na verdade, disse apenas para continuar sua jornada contra o inimigo imortal. Ele retorna ao Cemitério Morningside para desenterrar sepulturas, e reencontra Reggie, que está convencido de que aquilo no passado não aconteceu. Ao irem à casa dele, Mike tem uma visão premonitória e o alerta sobre uma inevitável explosão, resultando na morte de todos os familiares do ex-sorveteiro. Ele então se convence da ameaça e une-se a Mike para buscar armas e caçar o Homem Alto em outras localidades, sabendo que ele migra de um cemitério a outro, em cidades pequenas.

Em uma dessas buscas, Mike vê no necrotério o corpo nu de uma garota, além de uma criatura se passando por Liz, tendo em suas costas um monstrinho como Basket Case ou oriundo de um pesadelo com Freddy Krueger. Eles então partem para o leste para a única cidade provável, Perigord, em Oregon, dando carona no caminho para a jovem Alchemy (Samantha Phillips), que, no caso, é a mesma que Mike vira morta momentos antes. Enquanto rumam para a cidade, Liz acaba de perder o avô e, com o apoio da irmã Jeri (Stacey Travis), tentam consolar a avó, durante o velório. Depois que as duas irmãs se afastam, o padre Meyers (Kenneth Tigar), alcóolatra, esfaqueia o cadáver para impedir sua reanimação, consciente do que acontece no local. Logo, Mike irá reencontrar Liz para ajudá-la a enfrentar o Homem Alto, suas esferas metálicas, agora com mais artifícios como a poderosa dourada, os comparsas que auxiliam no processo de transformação dos mortos e os próprios duendes.

Fantasma 2 é claramente uma produção melhor. Nota-se que a direção de Coscarelli está mais acertada, assim como a montagem, sem excessos de flashbacks como acontecia no primeiro em que em menos de cinco minutos já havia a repetição da cena do Homem Alto erguendo o caixão com as mãos. Os efeitos especiais também estão melhores, já não mais precisando utilizar crianças para fingir que são os duendes, e mostrando suas faces monstruosas. O orçamento superior permitiu que o longa tivesse os moldes de um road movie, com perseguições pela estrada, busca em cidades abandonadas e cemitérios com covas abertas. Até mesmo a outra dimensão traz aspectos melhores, permitindo até um momento de suspense envolvendo Reggie e um duende em formação.

Pode-se considerá-lo inferior na mesma proporção que envolve The Evil Dead e Evil Dead 2. O primeiro, apesar de amador e bastante problemático, foi construído com criatividade e esforço pela realização de sequências ousadas; já o segundo, embora mais tecnicamente adequado, acaba repetindo momentos do original, quase como uma refilmagem com mais recursos. Analisando a continuação de Fantasma como filme único, o resultado é acima da média, ainda que apresente alguns furos evidentes, como o fato de Mike definir sua vida na busca pelo Tall Man para depois encontrá-lo e dizer para os demais que devem fugir. Ou pelo fato de ainda não deixar claro as intenções do vilão com seu exército de duendes. Durante anos, acredita-se que ele foi bem sucedido. Qual seria então sua principal realização? E por que realmente precisa de Liz e Mike ao ponto de prendê-los ao invés de simplesmente matá-los?

Com várias curiosidades como a que homenageia Sam Raimi, as cinzas (Ash) sendo colocadas em um recipiente com seu nome, Fantasma 2 é uma continuação digna. Há confrontos com motosserras, armas que matam quatro duendes de uma vez, um padre sendo sufocado pelo próprio crucifixo e sequências com sangue amarelo e nojeiras. O bom resultado motivaria a realização de um terceiro, em 1994, contando com a volta de A. Michael Baldwin e Bill Thornbury, e mais confrontos com um dos vilões mais interessantes que já aterrorizaram o gênero.

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2 Comentários

  1. Paula Irvine e Samantha Phillips estão são dois vulcões de sensualidade nesse filme

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