O Escritor Fantasma (2010)

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O Escritor Fantasma
Original:The Ghost Writer
Ano:2010•País:França, Alemanha, UK
Direção:Roman Polanski
Roteiro:Roman Polanski, Robert Harris
Produção:Robert Benmussa, Roman Polanski, Alain Sarde
Elenco:Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Olivia Williams, Jon Bernthal, Jim Belushi, Timothy Hutton, Anna Botting, Milton Welsh, Kim Cattrall, John Keogh

Não há como ficar indiferente aos filmes de Roman Polanski. O controverso diretor (não é o foco entrar aqui em sua atribulada vida pessoal e seus problemas judiciais) imprime em seus filmes uma urgência e um grau de expectativa que, mesmo seus trabalhos, digamos, mais comerciais como este O Escritor Fantasma, somos tomados de assalto pelo desassossego, seja na maneira clássica de filmar, seja nos sutis toques de excentricidade no roteiro, seja na constante tensão que acompanha seus personagens.

Percebe-se um filme de suspense sob o comando de Polanski mesmo sem ler os créditos, assim como reconhecemos um drama urbano sobre máfia de Scorsese ou uma aventura de samurai de Kurosawa.

Chinatown (1974), O Inquilino (1976), Busca Frenética (1988), Lua de Fel (1992) e Baseado em Fatos Reais (2017) trazem a marca indelével de genialidade desse diretor que todo fã do bom cinema, independente de nichos, deve obrigatoriamente conhecer.

Aqui, um ghost-writer é contratado para completar as memórias de um ex-primeiro ministro britânico que reside temporariamente numa ilha nos EUA. O escritor antecessor foi encontrado morto por afogamento e ele terá que trabalhar no material já produzido. No meio de um escândalo envolvendo o ex-primeiro ministro, ele acaba se deparando com segredos que podem colocar a sua vida em risco.

Ewan McGregor está ótimo como o escritor, e o ex-007 Pierce Brosnan consegue fazer um primeiro ministro crível e enigmático mesmo com pouco tempo de tela. É uma pena que o brilho dos dois astros ofusque a interpretação de Olívia Williams como a esposa do ex-primeiro ministro, que também está muito boa no papel mas sem o magnetismo da dupla principal.

É um thriller que vai se construindo aos poucos, sem reviravoltas mirabolantes ou arroubos de ação desenfreada. Ao contrário, temos aqui um protagonista gente como a gente, insignificante até, que sem querer se envolve numa conspiração política e não sabe como lidar com ela. A referência ao escritor fantasma é óbvia já que esse tipo de profissional nunca é colocado sob os holofotes, vive na sombra do biografado e ninguém sabe de sua existência.

E quando você pensa que o final será o típico produto hollywoodiano, o roteiro dá um tapa na cara do espectador de forma simples, direta e objetiva. Imagino Polansky sorrindo e dando uma piscadela para a plateia…

Se essa é a sua praia, procure na HBO Max e se divirta.

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Ricardo Gazolla

Formado em Direito e trabalhando no setor privado, apaixonado por cinema desde a infância quando assistiu Os Goonies (1985) na tela grande. Sua predileção pelo horror começou um pouco depois ao conhecer em VHS A Hora do Pesadelo (1984), Renascido do Inferno (1987) e A morte do demônio (1981). Desde então o cinema se tornou um hobby, um vício socialmente aceito, um objeto de estudo, um prazer público e, agora, no site Boca do Inferno, uma forma de comunicação com as pessoas.

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