3.4
(8)

O Mal está Lá Fora
Original:Hunter's Moon / The Orchard
Ano:2020•País:EUA
Direção:Michael Caissie
Roteiro:Michael Caissie
Produção:Michael Caissie, Jay Mohr, Christopher Sherman, Clayton Turnage
Elenco:Katrina Bowden, Jay Mohr, Will Carlson, Spencer Daniels, India Ennenga, Amanda Wyss, Daniel R. Hill, David Labrava, Emmalee Parker, Thomas Jane, Anthony J. Sharpe

O Mal Está Lá Fora, filme de Michael Caissie, parece uma reunião de condomínio. Rostos que você já viu antes envolvidos em algo desagradável e que tem grandes chances de terminar mal. E a duração é quase igual. Parece que Jeanie Buss, proprietária do Los Angeles Lakers, resolveu bancar o projeto apenas pelo elenco proposto, sem sequer ter lido a respeito. Investiu em um filme de lobisomem em que todos os recursos foram dispostos para a contratação dos atores e atrizes, mas deixaram de lado maquiagem e efeitos especiais, assim como um trato mais aceitável do roteiro e direção. Talvez, tal qual a mencionada reunião anual, os participantes quisessem apenas assinar a presença, aceitar as condições, sem entender as justificativas ou avaliar a qualidade do material investido.

Outro ponto a ser pensado diz respeito ao título original. Ele inicialmente iria se chamar The Orchard (O Pomar), mas alguém deve ter pensado: “Como iremos chamar a atenção para um filme de lobisomem se não tem Lua, Uivo ou Besta no título?” Talvez algum agricultor pudesse se interessar, mas e os fãs dos licantropos? Houve a alteração para Hunter’s Moon (Lua do Caçador), sem que isso fizesse diferença, uma vez que a(s) criatura(s) não se transformam pelo satélite natural, tendo o “poder” de assumir a forma do monstro e voltar ao normal de um momento para outro, sem rasgar a calça do Hulk. Já o título nacional pelo menos tenta evocar a proposta principal, depois que você entende – nem é tão complicado – quais as intenções.

No prólogo, o serial killer Martin Ellsbury (Sean Patrick Flanery) seduz a estudante Stacy Phillips (Lexi Atkins) em sua casa remota, antes de sufocá-la até a morte. Quando a está enterrando no pomar, algo o ataca por trás. Na cena seguinte, a família Delaney está se mudando para uma nova morada, justamente a mostrada no início do filme. A família em questão é composta pelo pai Thomas (Jay Mohr), a esposa Bernice (Amanda Wyss) e as filhas Juliet (Katrina Bowden), Lisa (India Ennenga) e Wendy (Emmalee Parker). Ao parar numa loja de conveniência, Juliet flerta com o criminoso Billy Bloomfield (Will Carlson), mesmo com o alerta do balconista Henry (Anthony J. Sharpe). Assim que saem do local, o rapaz telefona para o xerife Koffman (Thomas Jane) para avisar sobre a chegada dos novos vizinhos.

Na mesma noite, depois de verem na TV um anúncio sobre o serial killer The Freeway Killer – no intervalo da novela das 8h -, os pais saem de casa, deixando as meninas sozinhas. Billy se une aos irmãos Lenny (Spencer Daniels) e Daryl (Daniel R. Hill) para planejar uma invasão. Nem é preciso muito esforço para tal, pois a própria Juliet já previa que isso pudesse acontecer, abrindo a porta para o acesso dos inimigos. Além de roubar a casa, precisam conter Daryl, disposto a uma ação mais agressiva. Como as meninas irão lidar com os ladrões, além daquela criatura que habita o pomar?

Atenção para spoilers (embora o filme não valha a sua aposta)

Apesar do enredo tentar surpreender o público, confundindo-o em algumas sequências como a da crise de ansiedade de uma das irmãs e a fuga da outra pelo pomar, fica evidente do que se trata. Delaney é uma família de lobisomens que caçam assassinos em série e ladrões. Até aí, tudo bem, mas se ponderar sobre o enredo você percebe os equívocos. Por exemplo, quando estão indo de carro à casa, uma das filhas comenta que a casa para onde estão indo pertencia a um assassino em série. Ao ouvir isso, o pai freia bruscamente o carro como se quisesse dizer: “não diga isso. Vai assustar suas irmãs.” Se a casa tornou-se disponível exatamente por uma ação deles no começo, qual o espanto do pai? Eles estão indo em busca exatamente disso, não é? Seria mais justificável se uma delas dissesse que é apenas uma casa como qualquer outra e que estão perdendo tempo indo pra lá. Além disso, depois que as garotas estão sozinhas com os rapazes, qual a razão do pânico? Por que simplesmente não se transformam e matam os ladrões ali mesmo, sem precisar toda uma situação de desconforto, permitir que duas delas fiquem presas no armário e quase sejam mortas pelo xerife, que se revela pai dos bandidos? Não faz sentido.

Fim dos spoilers

Mesmo já tendo passado dos trinta anos, Katrina Bowden (de Grande Tubarão Branco e Piranha 2) tenta nos convencer que é uma adolescente birrenta e encrenqueira. Assim que os pais saem de casa, ela promete para as irmãs que irão se divertir, fazendo-as beber Jack Daniels e dançar, apesar de já saberem que receberão visitas. Tudo soa bastante artificial, assim como as atitudes dos rapazes, até a chegada do xerife. O outrora galã Thomas Jane, que fez O Justiceiro e o excelente O Nevoeiro, agora é um policial franzino com linguajar caipira e falsos trejeitos. Chega a ser vergonhosa sua participação estereotipada, assim como a de Sean Patrick Flanery (atuou como Indiana Jones na série de TV) e Amanda Wyss (lembra dela em Shakma: A Fúria Assassina?), provavelmente pagando contas.

Se todos ali parecem não entender por que estão ali – como a famigerada reunião de condomínio -, é provável que pelo menos possamos nos interessar pelo lobisomem, certo? Além de escondê-lo em boa parte da produção, quando ele aparece é improvável que você consiga disfarçar a risada. É evidente que se trata de uma máscara com pouca mobilidade facial, acompanhada de uma fantasia peluda. Embora existam mais exemplares no longa, eles nunca aparecem juntos, o que permite a contenção de gastos; ora, é preciso pagar o elenco. Com erros na iluminação noturna e emulação de névoa digital, O Mal está Lá Fora tem uma grandiosa equipe por trás, vide os créditos finais, mas que apenas se reuniu para produzir algo cansativo e chato, mesmo com apenas 73 minutos de duração. Podiam ter feito algo melhor como justificativa dos esforços e valores investidos, mas qual reunião de condomínio resulta em algo realmente bom?

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Média da classificação 3.4 / 5. Número de votos: 8

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2 Comentários

  1. Patético filme!
    Como conseguem gastar dinheiro com uma produção tão mal feita assim?

    Nota zero!

  2. Nada é interessante, dinheiro jogado fora ao investir nessa produção

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