4.3
(6)

A Força do Mal
Original:Something Evil
Ano:1972•País:EUA
Direção:Steven Spielberg
Roteiro:Robert Clouse
Produção:Alan Jay Factor
Elenco:Sandy Dennis, Darren McGavin, Ralph Bellamy, Jeff Corey, Johnny Whitaker, John Rubinstein, David Knapp, Laurie Hagen, Debbie Lempert, Sandy Lempert, Herb Armstrong, Margaret Avery, Norman Bartold

A Força do Mal é um daqueles filmes cuja história você certamente já ouviu por aí: uma família se muda para uma casa de campo (enorme), e tudo parece ir bem até que coisas estranhas e “forças do mal” começam a se manifestar. Mas, apesar de uma história manjadíssima e de ser uma produção para TV, o que já conta muitos pontos para que uma obra como essa caia no esquecimento, algumas considerações chamam a atenção.

Uma delas é o fato de esse ser o segundo filme do rei do blockbuster, Steven Spielberg. O flerte do diretor com o terror no início de carreira é bem evidente, e mesmo tendo seguido o rumo dos filmes emocionantes e voltados para a família, sua produção de início de carreira é notória pela carga de suspense que trazia. Basta lembrar Tubarão (1974), um clássico, e o genial Encurralado (1971), seu primeiro filme, e também uma produção para TV que, de tão ousada e interessante, ganhou os cinemas. Com suspense bem marcado, Encurralado foi redescoberto e, hoje, após 50 anos de seu lançamento, se tornou um desses clássicos cult – merecidamente.

Destino parecido não teve o objeto desse texto. A Força do Mal veio na sequência de Encurralado e, como o primeiro filme, foi feito como uma produção para TV, em uma época em que Spielberg se dedicava à direção de episódios de séries e apenas se aventurava com os longas-metragens. Não obteve, entretanto, destaque e nem o reconhecimento de Encurralado, sendo mais lembrado como mera curiosidade dentro da filmografia do Spielberg.

É de fato um filme “menor”, mas não menos interessante que seus “irmãos” famosos, Encurralado e Tubarão, lançados ali naquele intervalo de quatro anos. Em seu segundo trabalho, Spielberg voltou a apostar no terror “sugerido”, nunca mostrado, artifício que, bem utilizado, garantiu muito do sucesso de seu primeiro longa. É de fato “something evil”, título original do filme, que reside naquele casarão, algo que nunca é visto, e que aos poucos desestabiliza a família Worden.

A direção de Spielberg conduz o pouco que se apresenta em cena de forma magistral. Longe das excentricidades (às vezes, só exageros mesmo) pelos quais viria a ser conhecido, aqui a sugestão impera sobre a ação, e muitas deixas que levariam a condução do filme para algo mais explícito tomam outros caminhos, mais satisfatórios até – deixando os efeitos especiais pesados para o Poltergeist (1984), outra história com o “dedo” de Spielberg e que guarda muitas semelhanças com A Força do Mal.

Outra curiosidade nesse filme é a presença da atriz Sandy Denny, que a essa altura estava se especializando em personagens mentalmente perturbados ou, no mínimo, emocionalmente instáveis. Ela já tinha se destacado com sua caótica “Honey” em Quem Tem Medo de Virgínia Wolf? (1967), e ousado com a sinistra e obsessiva Frances Austen de That Cold Day in The Park (1969), de Robert Altman.

Aqui, ela retoma sua especialidade interpretando Margery, esposa e mãe, principal vítima dos ataques espirituais da tal força do mal que se manifesta na nova residência. Artista e com curiosidade sobre o oculto, ela se “arma” de todas as formas para defender os filhos e o marido incrédulo enquanto tem sua sanidade destruída pelas entidades sinistras. Esse tipo de papel é a cara dela, inclusive (risos).

O ator Darren McGavin, que interpreta o marido incrédulo, também estrelaria naquele o ano seu primeiro filme como o detetive sobrenatural Carl Kolchak – um papel totalmente diferente do que faz na trama de Spielberg, mas ainda circulando no mesmo universo, então, vá lá.

De toda forma, há algo de genial em A Força do Mal, mas também algo de muito bruto. Spielberg fez sucesso com o filme anterior, mas esse trabalho seguinte não teve o mesmo respaldo. Encurralado foi produzido pela Universal e Spielberg fez o melhor que pôde com os recursos disponíveis – tanto que o filme chegou aos cinemas. Já A Força do Mal, produzido pela CBS, partiu de um roteiro mais complexo, de Robert Clouse, e com um recurso provavelmente menor. Isso afetou o resultado final? Eu diria que não. O conceito aqui é melhor desenvolvido em Poltergeist, mas A Força do Mal guarda seu valor na simplicidade e eficiência.

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