Avatar: O Caminho da Água (2022)

3.2
(11)

Avatar: O Caminho da Água
Original: Avatar: The Way of Water
Ano:2022•País:EUA
Direção:James Cameron
Roteiro:James Cameron, Rick Jaffa, Amanda Silver, Josh Friedman, Shane Salerno
Produção:James Cameron, Jon Landau
Elenco:Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Kate Winslet, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, Brendan Cowell, Jemaine Clement, Jamie Flatters, Britain Dalton

A longa pausa até o retorno a Pandora fez bem à franquia de James Cameron. Rever os Na’vi, personagens incríveis de um universo fantástico criado pelo cineasta, após mais de dez anos, permitiu que o encanto por esse mundo fosse reestabelecido. E mais ainda pelo passeio por outros ambientes e espécies, enriquecendo a mitologia com mais mensagens sobre preservação ambiental sem deixar de lado a aventura, as sequências de ação e tensão. Resta saber se o público, pós-pandemia e invasão dos streamings, ainda está disposto a embarcar em mais uma viagem com seres imensos, em conexão com a Natureza, e os conflitos com a raça humana.

Antes mesmo do lançamento de Avatar, Cameron já pensava em pelo menos duas continuações. Dependeria, claro, dos lucros obtidos nas bilheterias e na demonstração de interesse dos produtores no investimento na franquia. O longa conquistou nove indicações ao Oscar (ganhou em três – Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhores Efeitos Visuais, mas perdeu as duas principais para sua ex-esposa Kathryn Bigelow com Guerra ao Terror) e quatro ao Globo de Ouro (conquistou Melhor Filme e Melhor Direção), além de valores superiores a dois bilhões de dólares. À vontade para permanecer nesse mundo, o cineasta só não imaginava que o processo entre pré-produção e filmagens fosse durar tanto tempo.

De uma trilogia, logo já existia a intenção de produzir pelo menos cinco filmes. Roteiros foram escritos e reescritos nos anos seguintes, sendo que quatro praticamente desenvolvidos ao mesmo tempo. Em 2017, as filmagens já estavam acontecendo na Nova Zelândia, com o segundo e terceiro filmes sendo rodados simultaneamente. Depois, mais um longo processo de acréscimos de cenas, dublagens e pós-produção, com o obstáculo da pandemia para atrasar o lançamento. Finalmente, Avatar: O Caminho da Água chegou aos cinemas, com mais de três horas de duração, e a grande apreensão dos envolvidos pela chance de ele se tornar um novo megassucesso ou até um fracasso homérico.

Até o momento, em sua estreia mundial, o longa tem ido bem, principalmente pelo apoio da China, mesmo com as restrições devido à pandemia. Está com uma boa média de críticas positivas no Rotten Tomatoes – acima de 70% de aprovação – e com falas como a de James Berardinelli, do ReelViews, que disse que o longa “é o mais próximo da Realidade Virtual que pode ser obtido em uma sala de cinema“. Realmente os efeitos estão em uma camada tridimensional impressionante, permitindo uma imersão quase absoluta do espectador no filme. E pode-se enaltecer outros aspectos, como o roteiro de Cameron, Rick Jaffa e Amanda Silver, que procurou explorar situações diversificadas pela ambientação aquática, em um novo espetáculo de luzes, cores e movimento.

Avatar 2 começa pouco mais de dez anos após os acontecimentos do primeiro filme. Jake Sully (Sam Worthington) está mais do que habituado às tradições de Pandora, como chefe do clã Omaticaya, e agora com uma família, depois de se unir a Neytiri (Zoe Saldana): os filhos biológicos Neteyam (Jamie Flatters) e Lo’ak (Britain Dalton), além de Tuk (Trinity Jo-Li Bliss) e a filha adotiva Kiri (Sigourney Weaver), que seria de Grace Augustine, falecida no primeiro filme. E nesse balaio de crianças e adolescentes – parece que Pandora é um lugar perfeito para fertilização -, ainda tem um outro adotado, o humano Spider (Jack Champion), filho do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), que, embora tenha nascido em Pandora, não pode ir para a Terra devido aos problemas que poderiam ocorrer com a criogenia.

O convívio em harmonia com ensinamentos, passeios pelos animais alados e exploração da Natureza e dos costumes é abalado com a volta do Povo do Céu. Naves chegam a Pandora, com destruição e ameaças, sem que Jake e Neytiri saibam que a bordo está o Coronel Miles trazido de volta à vida em um Avatar, a partir da restauração de sua consciência arquivada. Desta vez, os humanos não pretendem roubar o minério “unobtanium“, mas colonizar essa Lua do sistema Alpha Centauri, uma vez que a Terra já não se apresenta mais habitável. Mas o Coronel tem consciência de que a missão só vai se tornar possível com a eliminação de Jake, e eles pretendem caçá-lo por todos os lugares.

Temendo que a guerra possa ameaçar sua família, Jake abandona o cargo de chefe de clã e os leva para bem longe em busca de paz. Chegam até o recife, onde habita o Povo da Água, criaturas humanoides Na’vi com a pele esverdeada. Recebidos inicialmente com hostilidade, ainda mais pelo fato de alguns terem mistura humana – o chamado “sangue de demônio” por uma maior quantidade de dedos -, logo o chefe local, Tonowari (Cliff Curtis) e sua esposa Ronal (Kate Winslet), permitem que eles conheçam a cultura local, embora temam que eles possam trazer para lá a guerra deles. Os Sully enfrentam as dificuldades de uma nova adaptação, como montar em seres marinhos e os gigantescos tulkuns, espécies de baleias misturadas com graboides, da franquia O Ataque dos Vermes Malditos.

Enquanto os Sully enfrentam problemas entre os jovens e suas diferenças e aceitações e ficam sabendo sobre o tulkun pária da espécie, Payakan, amigo de Lo’ak, perto dali o Coronel se une a caçadores que matam as criaturas marinhas para obter enzimas cerebrais chamadas “amrita“, que impedem o envelhecimento. O Povo do Céu logo entrará em guerra novamente com os Na’vi, em combates com diferenças bélicas, voos, mergulhos e o apoio da divindade Eywa, com perdas significativas para ambos os lados. Os principais embates acontecerão numa imensa embarcação, onde Cameron fará referência a um de seus principais filmes, Titanic, com os personagens fugindo por corredores submersos.

A despeito dos grandiosos efeitos especiais e cenários magníficos, é preciso observar alguns pontos falhos do enredo. Um deles é o uso do inglês por todos os personagens, tendo como desculpa o costume de Jake com a língua. Vez ou outra o idioma dos Na’vi é lembrado, seja para caçoar da pronúncia de Miles ou em alguns rituais. Também é observada a motivação rasa do Coronel em percorrer toda a extensão de Pandora para enfrentar Jake, podendo já ter iniciado o processo de colonização, deixando rivalidades e a queda da liderança para outro momento. Aliás, o simples fato dele fazer parte dessa continuação, sendo revivido dez anos depois, levando em consideração sua ação falha do primeiro, não faz sentido.

O ritmo é outro ponto que merece atenção. Entre o primeiro e o último ato há um espaçamento enorme, não justificando o desaparecimento de Miles por tanto tempo. Como o filme é longo e já começa em sequências de ação, depois da passagem pelo procedimento de apresentação dos novos costumes é um pouco cansativo, algo que o primeiro filme soube trabalhar bem, alternando cenas de tensão com vislumbre. Em dado momento, você chega a se questionar onde estaria o Povo do Céu, depois do reencontro no local onde o Coronel morreu no primeiro.

Mesmo com esses percalços, Avatar 2 é um colírio de impressões sensoriais. É mais uma aventura épica com a marca de sucesso de James Cameron. Com a deixa para o terceiro filme evidente, agora é só imaginar como os realizadores conseguirão se reinventar no próximo encontro com os Na’vi nessa terra de maravilhas!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Avatar: O Caminho da Água (2022)

  • 22/01/2023 em 15:06
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    Filme lixo com mensagem subliminar para fazer as pessoas terem filhos e formar família. Muito comum hoje em dia.

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  • 12/01/2023 em 13:55
    Permalink

    O Leo, do Canal Peewee disse que se este filme superasse a marca de 1,4 Bilhões ele daria o cu para o James Cameron fuder. Bom já enviei para a casa dele um vidro de vaselina, pois o James confirmou que virá ao Brasil para satisfazer o desejo do Leo.

    Resposta

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