Fearless Dawn – Shorts #1 (2022)

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Fearless Dawn - Shorts #1
Original:Fearless Dawn - Shorts #1
Ano:2022•País:EUA
Páginas:32• Autor:Steve Mannion•Editora: Asylum Press

Asylum Press é daqueles casos que correm na contramão de muitas tendências para tornar os quadrinhos com temáticas mais adultas – não me refiro à pornografia – ainda mais sóbrios, introspectivos ou politicamente engajados. A Asylum parece fazer questão de pular na insanidade desprovida de qualquer compromisso com linha moral só por pura diversão estética e um roteiro de uma simplicidade caricata em que o suco, extrato dessa diversão acéfala, está bem impresso em Fearless Dawn “Shorts”, em que até o parônimo da língua inglesa “Shorts” se tornou o reflexo da piada “engraçaralha”.

Fearless Dawn é um tipo de “heroína”, meio ingênua, dotada de uma estética apelativamente sexy, mas armada e preparada para sair no punho com qualquer um(a). É o fruto de um exercício livre da imaginação de Steve Mannion (Capitão América, Batman, o revival do Tales From The Crypt – Contos da Cripta no Brasil), que já explicou em entrevista esse tipo de processo criativo que envolve personagens que não necessariamente se levam a sério, mas que são divertidos de serem desenvolvidos. Sendo ela uma obra autoral de Steve, que a usa em diversos experimentos por diversos selos ou auto-publicados, há uma já existente carga afetiva no personagem: caso o leitor venha se interessar, fica a indicação para procurar por Fearless Dawn Hard Times, que sobe um passo significativo, ou melhor dizendo, aprofunda-se um degrau na personagem.

Pela Asylum Press ter foco no horror/sci-fi, por que uma heroína de ação como Fearless Dawn veio parar na editora?

Basicamente esse título de histórias curtas, com número variado de páginas, traz a temática de horror ambientada em duas histórias sem aparente ligação, mas ainda assim da autoria de Steve, também carregadas no gore e humor obscuro e com recurso narrativo da figura de um morto-vivo que quebra a quarta-parede para tecer os comentários estilo EC Comics.

A primeira conta a clássica inserção nos filmes B do “carro-que-quebra-na-estrada-perto-da-casa-sinistra”. No papel da motorista incauta está a própria Fearless Dawn, que, em busca de abrigo, se dirige para a casa sinistra e se depara com uma horda inexplicável de criaturas. Não obstante, a fuga a direciona para um confronto com duas nazistas montadas em um dinossauro.

O traço de Steve é um deleite à parte e o design das criaturas bebe direto das páginas clássicas do horror da EC e do cinema da Universal Monsters. Um fanservice bem ponderado. Cores saturadas dão um tom de equalização no bizarro.

A segunda história, “Devil’s Den!”, é digna de episódio televisivo do “Além da Imaginação”, bem galgado no Contos da Cripta no saudoso Cine Trash, ilustrando a desventura de uma família a se deparar com uma lenda urbana dos soldados do campo de batalha de Gettysburg.

Nessa história e na “Fight”, última da revista, há traços mais tradicionais dos quadrinhos da Era de Ouro, sendo essa última apenas um devaneio complementar sobre as adversárias Fearless Down e sua nêmesis Helga Von Krause, com uma pequena reviravolta à la MAD.

Destaque para o traço em preto e branco da curtíssima historieta sobre uma prostituta e Jack O Estripador.

Fearless Dawn Shorts #1 (one shot) é daquelas revistas com leitura desatenta, com um abraço estético e bem divertida. O encadernamento e edição estão bem satisfatórios, entregando material ao preço pedido, só pecando na congruência entre as quebras na história ao deixar aquela sensação de que seria necessário saber algo do universo da Fearless Dawn para aproveitar em sua totalidade, mas apenas uma sensação e não um real pré-requisito para a leitura dessa obra.

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Ed "Toy" Facundo

Cearense nascido e criado na capital, apaixonado pela ideia de dar vidas aos seus brinquedos ou resolver intrigantes configurações do lamento - talvez esteja em um copo de cerveja - e vocalista da banda de death/thrash metal Human Heritage. Veio à Newcastle (Upon Tyne) em busca daquilo que traumatizou Constantine e sobrando tempo para exercer sua profissão de desenvolvedor de jogos.

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