Possuída 2: Força Incontrolável
Original:Ginger Snaps 2: Unleashed
Ano:2004•País:Canadá Direção:Brett Sullivan Roteiro:Megan Martin Produção:Paula Devonshire, Grant Harvey, Steven Hoban Elenco:Emily Perkins, Brendan Fletcher, Katharine Isabelle, Tatiana Maslany, Janet Kidder, Chris Fassbender, Pascale Hutton, Eric Johnson |
A química entre as atrizes Emily Perkins e Katharine Isabelle foi tão significativa na realização de Possuída (Ginger Snaps, 2000), que promoveu a realização de mais dois filmes com suas personagens em um universo de licantropia e simbolismos. O primeiro deles é uma continuação direta dos eventos originais, com o retorno de Brigitte (Perkins) após matar a irmã transformada na cena final do anterior. Amaldiçoada pelo pacto que realiza no corte das mãos, a garota percebe que o uso do acônito somente retarda a transformação iminente e ela precisa descobrir um meio de impedi-la em definitivo. Acompanhando o processo com cortes nos braços – a mensagem sobre automutilação e vício é bem evidente -, ela ainda precisa fugir de um lobisomem que a persegue para fins de acasalamento.
Depois que o bibliotecário Jeremy (Brendan Fletcher) é morto, ela perde os sentidos e acorda internada em uma clínica para dependentes químicos, dirigida por Alice (Janet Kidder), que não entende o vício dela pela droga, uma vez que ela não causa dependência e nem permite os tradicionais “baratos“. No local, ela conhece o enfermeiro Tyler (Eric Johnson), que oferece o produto em troca de favores sexuais, e outras internas como Beth-Ann (Pascale Hutton) e a apelidada de Fantasma (Tatiana Maslany), uma adolescente que está no local acompanhando a avó internada e que conhece os ambientes e passagens da instituição. Logo a jovem descobre a condição de Brigitte e oferece ajuda para que ela fuja dali, além de fornecer exemplares de HQs com histórias de lobisomens.
Aliás, Fantasma é o grande destaque desse segundo filme. Além de realmente convencer como uma garota de várias camadas psicológicas, sua presença desenvolve um terror próprio dentro da história de lobisomens, numa excelente construção de personagem. Não é à toa que atriz que se destacaria com prêmios e alcançaria um reconhecimento ainda maior em Orphan Black, em várias produções, e depois como protagonista da série She-Hulk. Ela traz uma identificação com o espectador por sua curiosidade e inteligência, ao mesmo tempo em que não permite uma definição de seu caráter, embora o roteiro de Megan Martin deixe algumas pistas para ajudar.
Além das consequências que envolvem a transformação, Brigitte precisa lidar com seu próprio subconsciente. Como o personagem de Griffin Dunne em Um Lobisomem Americano em Londres, Ginger (Isabelle) também atormenta a irmã em aparições que gradualmente sofrem alterações físicas, discretas, alertando-a do que está por vir. Sem acesso à droga, confiscada por Tyler, Brigitte percebe que o lobisomem-macho está cada vez mais perto, matando cães e deixando rastros de sua passagem, e em breve invadirá a clínica para fazer vítimas e aterrorizar a garota.
Não fica clara a identidade do lobisomem que persegue Brigitte. Mesmo que alguns especulem que se trata de Sam (Kris Lemche) e até Jason (Jesse Moss), rapazes que apareceram no filme anterior, sendo que o segundo foi injetado com a mistura proveniente de acônito, de acordo com o diretor Brett Sullivan nos comentários do DVD, não é nenhum deles. Existem outros monstros circulando a cidade de Bailey Downs, e eles devem sentir a presença da fêmea para perpetuar a espécie. Essa sensação de insegurança traz dois pontos interessantes: o suspense em ver a personagem tendo que encontrar meios de fugir de algo ameaçador e a simbologia da maldição que literalmente a persegue.
A caracterização das feras está diferente neste segundo filme. Enquanto no primeiro, os lobisomens são mostrados como seres sem pelos, neste e no terceiro nota-se uma aproximação maior com o visual que tornou a criatura popular, quadrúpede e com grandes mandíbulas. Além disso, o orçamento permitiu que ele pudesse aparecer mais vezes em cena, camuflado por cantos escuros e ângulos inteligentes das imagens, apesar de não ser realmente a grande ameaça da produção.
Com a boa direção e uma Emily Perkins mais expressiva, menos gótica e antissocial, Possuída 2 lida agora com o amadurecimento de Brigitte, sua passagem para a vida adulta, tendo que lidar com suas próprias frustrações e vícios. Não traz a mesma originalidade do anterior ao lidar com a visão que as irmãs tinham sobre a depressão e a morte, mas é uma continuação muito bem realizada e que complementa os eventos do anterior.
Um dos melhores filmes de lobisomem de todos os tempos, apesar de não ter tantos concorrentes.
Esse 2º filme não assisti, somente o 1º. Mas por influência dessa excelente critica, pretendo conferir essa continuação.
Excelente crítica.