Athena (2022)

4.2
(6)

Athena
Original:Athena
Ano:2022•País:França
Direção:Romain Gavras
Roteiro:Romain Gavras, Elias Belkeddar, Ladj Ly
Produção:Charles-Marie Anthonioz, Mourad Belkeddar, Jean Duhamel, Romain Gavras, Nicolas Lhermitte, Ladj Ly
Elenco:Dali Benssalah, Sami Slimane, Anthony Bajon, Ouassini Embarek, Alexis Manenti, Birane Ba, Iless Hachi, Younès Benbakki

Pouco explorado pela Netflix, este suspense de ação urbano, com toques de drama e comentário social, pode entrar fácil na lista de melhores filmes do ano.

O longa é formado por vários planos-sequência milimetricamente planejados e executados para contar uma revolta popular num conjunto habitacional chamado Athena, que é localizado no subúrbio de Paris.  O estopim para o início do conflito entre os moradores e a polícia foi a morte de uma criança. O filme segue esse levante com foco nos irmãos do garoto morto, principalmente a relação e ações do mais jovem, que é o líder da rebelião, e o mais velho, que é policial.

O clima de tensão não tem descanso, a ação é incessante e ainda há tempo para criar uma dinâmica eficiente entre os personagens, que são bem aproveitados pelo ótimo e desconhecido elenco.

Se o espectador tiver curiosidade de entender o desafio de fazer um filme em planos-sequência, há um documentário na própria Netflix mostrando os bastidores da produção. É um trabalho hercúleo, já que no caso de Athena foi desenvolvido para deixar o espectador no centro da ação, ora como partícipe, ora como testemunha ocular dos acontecimentos.

Outros filmes já tiveram a ousadia de serem feitos ou ter planos-sequência onde não há cortes ou eles não são visíveis. Desde Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock, onde um jantar é realizado num local em que foi cometido um crime, até os recentes 1917 (2019) e Birdman (2014), os filmes são montados em planos-sequência para enriquecer a narrativa, acompanhando um personagem ou uma situação sob uma única perspectiva.

Alguns utilizam planos-sequência em determinado momento da história, como fez Alfonso Cuarón em Filhos da Esperança (2006), longa que narra uma distopia num futuro em que a humanidade está ameaçada pois as mulheres não conseguem mais engravidar. Uma cena especialmente tensa do filme é um plano-sequência dentro de um carro, onde os personagens interagem entre si ao mesmo tempo em que o espectador também se sente dentro no automóvel. Outra cena memorável ocorre em Oldboy (2003), na famosa luta em que o protagonista tem que enfrentar vários inimigos num corredor.

Vigoroso, vale a pena conhecer Athena e perder o fôlego. Uma curiosidade: o filme é dirigido por Romain Gavras, filho do grande Costa-Gravas. Ícone do cinema político, Costa-Gravas tem filmes excepcionais em seu currículo, como Desaparecido (1982), Muito Mais que um Crime (1989) e o Quarto Poder (1997). Nesse caso, parece que o talento já veio em parte no DNA.

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Média da classificação 4.2 / 5. Número de votos: 6

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Ricardo Gazolla

Formado em Direito e trabalhando no setor privado, apaixonado por cinema desde a infância quando assistiu Os Goonies (1985) na tela grande. Sua predileção pelo horror começou um pouco depois ao conhecer em VHS A Hora do Pesadelo (1984), Renascido do Inferno (1987) e A morte do demônio (1981). Desde então o cinema se tornou um hobby, um vício socialmente aceito, um objeto de estudo, um prazer público e, agora, no site Boca do Inferno, uma forma de comunicação com as pessoas.

One thought on “Athena (2022)

  • 30/01/2023 em 11:25
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    Ótima dica. Já separei aqui para assistir hj mesmo

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