V/H/S/99 (2022)

3.7
(13)
V/H/S/99
Original:V/H/S/99
Ano:2022•País:EUA
Direção:Flying Lotus, Maggie Levin, Tyler MacIntyre, Johannes Roberts, Joseph Winter, Vanessa Winter
Roteiro:Zoe Cooper, Flying Lotus, Chris Lee Hill, Maggie Levin, Tyler MacIntyre, Johannes Roberts, Joseph Winter, Vanessa Winter
Produção:Matt Bettinelli-Olpin, David Bruckner, Jared Cook, Tyler Gillett, Josh Goldbloom, Brad Miska, John Negropontes, Chad Villella, Joseph Winter, Vanessa Winter
Elenco:Jesse LaTourette, Keanush Tafreshi, Dashiell Derrickson, Jackson Kelly, Tybee Diskin, Verona Blue, Aminah Nieves, Kelley Missal, Melissa Macedo, Ally Ioannides, Isabelle Hahn, Breana Raquel, Caitlin Serros, Brittany Gandy, Logan Riley, Maurice Webster, Steven Ogg, Sonya Eddy, Amelia Ann, Stephanie Ray, Lauren Powers, Shae Rodriguez, Zinnett Hendrix, Emily Sweet, Luke Mullen, Ethan Pogue, Cree Kawa, Tyler Lofton, Duncan Anderson, Archelaus Crisanto, Joseph Winter, Melanie StoneJanna Bossier,

Um dos incômodos que tive com V/H/S/94 é o fato dele ter pouca conexão com o ano em questão. Basicamente trazia histórias curtas em formato found footage, com a câmera em primeira pessoa, e que poderiam acontecer em qualquer ano do período, sem que o 94 tivesse alguma importância. Desta vez, por escolher 1999 para a ambientação, puderam aproveitar, mesmo que de maneira sutil, uma tendência comum na data, como as crenças sobre o fim dos tempos pela virada do milênio. Por outro lado, a narrativa central e que traz as amarrações para todos os curtas – no caso, um vídeo em stop motion com soldadinhos de brinquedo – está entre as piores ideias que poderiam ter para esta franquia. Basicamente isola os segmentos, sem colocá-los no mesmo balaio, parecendo tramas perdidas, desconectadas. Ainda assim, V/H/S/99 não é tão ruim quanto se imagina.

Com produção do Bloody Disgusting e Cinepocalypse Productions, a primeira história, “Shredding”, dirigida e roteirizada por Maggie Levin, tem um começo meio irritante. Os quatro integrantes da banda Rack, Rachel (Jesse LaTourette), Ankur (Keanush Tafreshi), Chris (Dashiell Derrickson) e Kaleb (Jackson Kelly), vivem filmando suas insanidades ao estilo “Jackass” (que curiosamente chegou à MTV exatamente no ano 2000. Será que viram os vídeos?), talvez pensando em um material de registro para fãs. Resolvem adentrar um antigo espaço de shows, Colony Underground, onde acontecera um terrível incêndio que vitimou a banda Bitch Cat, que se apresentava e foi pisoteada pelo público desesperado para sair dali. Com suas gracinhas exageradas, principalmente nas peças pregadas ao temeroso Ankur, eles levam bonecas infláveis para simular o incidente com a banda, entre outras barbaridades. É claro que os mortos, quando incomodados, não irão deixar por isso mesmo. Boa maquiagem dos zumbis músicos, explosões de sangue e pedaços de corpos trazem uma certa satisfação no espectador por ter desejado que isso acontecesse dez minutos antes.

Com direção e roteiro de Johannes Roberts (de Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City e diversos outros filmes analisados por aqui), a segunda história é “Suicide Bid“, que mais uma vez apresenta um episódio fantasmagórico, fazendo uso da tafofobia e vingança sobrenatural. A estudante Lily (Ally Ioannides) quer fazer parte da irmandade Beta Sigma Eta, aceitando passar por um trote das veteranas Annie (Isabelle Hahn), Imogene (Caitlin Serros), Lucy (Brittany Gandy) e Hannah (Logan Riley), ficando uma noite presa em um caixão em um cemitério, com base em uma história local sobre uma tal Giltine, que fora esquecida nas mesmas condições por uma semana, transformando-se numa assombração. Para intensificar a sensação de claustrofobia, as meninas ainda dão a ela uma caixa contendo aranhas e instruções de comunicação. As coisas não saem como planejado, e a ameaça sobrenatural irá realmente acontecer e ser registrada em vídeo. Essa ideia da vingança da vingança da vingança chega a incomodar, como se o curta parecesse não acabar nunca. Mas tem bons efeitos de maquiagem na construção do pesadelo da jovem Lily.

Ozzy’s Dungeon” tem direção e roteiro de Flying Lotus, com a parceria criativa de Zoe Cooper. Trata-se de um game show bizarro comandado por Steven Ogg em que as crianças devem passar por obstáculos cheios de nojeiras e que simulam órgãos do corpo humano para ter um desejo realizado por Ozzy (Stephanie Ray). Durante a disputa de Donna (Amelia Ann) e Timmy (Lukas Gilbert), a garota tem a perna quebrada pelo oponente, em algo visualmente incômodo. A família indignada – a mãe Debra (Sonya Eddy), o pai Brandon (Charles Lott Jr.) e o irmão Marcus (Jerry Boyd) – resolve sequestrar o apresentador para torturá-lo nos mesmos moldes do jogo, mas precisarão ter um encontro ainda com Ozzy. Trama divertida, lembrando antigos programas de jogos infantis que eram comuns na TV, com produção precária e sem o politicamente correto de hoje em dia. E o encerramento é bem interessante.

O quarto segmento, “The Gawkers“, tem a direção e roteiro de Tyler MacIntyre. Apresenta mais um grupo de jovens abestados como o da primeira história, mas com hormônios a mil. Dylan (Luke Mullen), Mark (Cree Kawa), Kurt (Tyler Lofton) e Boner (Duncan Anderson) gostam de filmar o corpo das garotas, sejam as que encontram nos locais com câmera escondida ou a própria vizinha, Sandra (Emily Sweet), a quem eles vivem com a expectativa de registrá-la com poucas roupas. Quem tem mais sorte é o irmão mais novo de Dylan, Brady (Ethan Pogue), que consegue entrar na casa e recebe o pedido de instalar uma webcam para a garota. Ele coloca também uma spyware a pedido dos meninos, o que ocasiona uma descoberta assustadora e que trará consequências a eles. Episódio bobinho, com personagens bobos, mas que é bem feito e resulta em algo rápido e menos indolor que o começo do “Shredding”.

V/H/S/99 se encerra com o melhor de todos, “To Hell and Back“, dirigido e roteirizado por Joseph e Vanessa Winter. Troy (Joseph Winter) e Nate (Archelaus Crisanto) estão registrando um ritual realizado por um coven no dia 31 de dezembro de 1999 com o propósito de invocar a entidade Ukoban. Ao invés do demônio despontar no ambiente, os rapazes são sugados para o Inferno com suas câmeras, usando-as para enxergar por ambientes atmosféricos criaturas perdidas, almas torturadas e seres bizarros. Amigam-se de Mabel (Melanie Stone), que tem uma ideia que pode ajudá-los a escapar, desde que façam algo em troca. Divertido e bem humorado, apesar da situação absurda ao qual se encontram, o curta promove uma verdadeira viagem infernal estilosa e surpreendente. Não é à toa que os diretores são os mesmos do também divertido Deadstream, que fez sucesso este ano como um found footage bastante movimentado.

Apesar de alguns personagens irritantes e algumas histórias desconexas, ao final V/H/S/99 se mostrou divertido, com resgate dos Creepshows, com fantasmas vingativos, demônios e assombrações, relembrando os bons momentos dos primeiros longas da franquia. Agora é aguardar a próxima coletânea, já em produção, intitulada V/H/S/85, com a expectativa de que finalmente abracem o ano em questão para que os segmentos não pareçam um amontoado de curtas found footage com um título qualquer.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “V/H/S/99 (2022)

  • 16/01/2023 em 20:44
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    Sou super fã dessa franquia. Gosto até mesmo do VHS Viral, que muitos criticam.

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  • 16/01/2023 em 15:59
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    Um monte de bosta molhada como as edições anteriores.

    Resposta

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