Renfield – Dando o Sangue pelo Chefe
Original:Renfield
Ano:2023•País:EUA Direção:Chris McKay Roteiro:Robert Kirkman, Ryan Ridley Produção:Robert Kirkman, David Alpert, Bryan Furst, Sean Furst, Chris McKay Elenco:Nicholas Hoult, Nicolas Cage, Awkwafina, Ben Schwartz, Shohreh Aghdashloo, Brandon Scott Jones, Adrian Martinez, Camille Chen, Bess Rous |
O assecla Renfield, depois de noventa anos de servidão, começa a perceber que seu relacionamento com seu mestre Drácula pode ser um tanto tóxico, e ele pode estar sofrendo abuso. Essa é a premissa básica de Renfield – Dando o Sangue pelo Chefe, que, já como o título nacional indica, escolhe o humor para contar uma história com grandes toques de absurdo.
O filme considera que os fatos mostrados no clássico Drácula (de 1931, do diretor Tod Browning) aconteceram, inclusive mostrando os atores Nicholas Hoult e Nicolas Cage inseridos digitalmente em cenas do filme original. Renfield não teria morrido (como mostrado no clássico) e continua a serviço do Conde Drácula, inclusive explicando mais ou menos o que ele deve fazer.
Depois de quase ser morto por caçadores de vampiro, os dois se mudam para New Orleans, onde o lorde vampiro está se recuperando lentamente. O problema é que Renfield (ou melhor, Robert Montague Renfield) não é uma má pessoa e não quer ficar matando inocentes por aí. Ao encontrar um grupo de apoio para co-dependentes, ele resolve pegar como vítimas as pessoas que abusam dos integrantes do grupo, ao mesmo tempo que começa a ver seu relacionamento como sendo um tanto tóxico.
Ao tentar conseguir a nova refeição para seu mestre, Renfield inadvertidamente se envolve com os negócios de uma violenta família criminosa local, e acaba causando uma série de eventos que vai complicar ainda mais sua situação.
Como se não bastasse, seu mestre Drácula resolve que, quando estiver com seu poder restaurado, vai deixar as sombras e dominar o mundo. Isso é demais para o pobre Renfield, inspirado pela coragem da policial Rebecca Quincy (Awkwafina), que valorosamente enfrenta a família criminosa, e os policiais corruptos que a rodeiam.
A partir daí, a tentativa de redenção de Renfield começa a ficar muito, muito mais complicada do que qualquer um no seu grupo de apoio seria capaz de imaginar.
Renfield – Dando o Sangue pelo Chefe é uma comédia de horror com muita ação e que transborda carismas e sequências exageradas, que aposta em piadas simples (mas eficazes) sobre o absurdo da situação proposta. Até mesmo os personagens que deveriam ser “normais”, ou melhor, não sobrenaturais, são um tanto exagerados e cômicos, como Ted Lobo (Ben Schwartz), hilário em suas aparições, o criminoso paparicado que tenta mostrar o tempo todo que é perigoso e malvadão (mas que nunca fez nada de decente). Vários personagens secundários têm a profundidade de um pires, servindo apenas para piadas e momentos engraçados ou para serem mortos de forma bem sangrenta, mas isso não é um ponto ruim do filme, muito pelo contrário, ajuda a aliviar a experiência e não nos faz pensar muito naquele cara que teve a cabeça arrancada.
Os protagonistas Hoult e Awkwafina estão tremendamente bons e divertidos em seus papéis, com muitas sequências e situações cômicas que fazem ao mesmo tempo o espectador rir e se importar com os personagens, e nem mesmo os momentos de explanação direta de suas histórias incomodam. Drácula rouba todas as cenas que aparece e Nicolas Cage entrega uma performance memorável, assustadora e tremendamente engraçada. Imitando os trejeitos e a interpretação de Bela Lugosi em alguns momentos, Cage, que sempre afirmou que Drácula era um dos papéis que sempre quis fazer, ainda coloca um humor bizarro no príncipe dos vampiros, mantendo sua elegância exótica em todas as cenas, incluindo as que ele está coberto de maquiagem. Até mesmo os momentos em que Cage fala com “a língua presa” por conta dos dentes enormes e pontudos, é proposital, e dá mais um motivo para rirmos de Drácula. Mas não se engane, esse Drácula pode ser engraçado, mas não é um cara legal.
Certamente, Renfield – Dando o Sangue pelo Chefe não traz nenhuma grande novidade para a mitologia de Drácula, inclusive fazendo menção a isso, mas é uma excelente comédia sobre o tema vampirismo, fazendo piada com diversos elementos do subtema e entrelaçado de sequências de ação um tanto malucas, exageradas e muito violentas. Violência aliás que, como é mostrada de forma exagerada, não choca ou incomoda, ficando até mesmo com um tom cartunesco. Um excelente exemplo disso é a luta de Renfield com a polícia e assassinos criminosos no condomínio onde alugou um apartamento para sua nova vida. Violento, insano e sangrento, ele dá um sentido novo a “arrancar os braços e bater em alguém com eles”.